Terras Raras na Guerra Comercial EUA e China
31 de maio de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a China tem uma posição estratégica atualmente, a complexidade do problema, o Brasil dispõe deste minério em quantidade apreciável como alguns outros países, problema do seu aproveitamento
Um artigo de Keith Bradsher, publicado no The New York Times, está reproduzido em português no Valor Econômico, não se sabendo se a China vai utilizar a sua posição estratégica no seu aproveitamento na atual guerra comercial com os Estados Unidos. O fato concreto é que o seu preço já está se elevando.
Mineração de Terras Raras em Araxá, Minas Gerais, Brasil, feita pelo grupo Moreira Salles
Sabe-se que terras raras contêm pequenas quantidades de muitos produtos estratégicos que são utilizados em variadas atividades de alta tecnologia. A China domina o controle mundial do seu refino, bem como aproveitamentos em muitas produções em estágios diferentes que utilizam este minério, não se sabendo se isto seria usado como retaliação aos Estados Unidos, que demandam muito destes produtos. As empresas norte-americanas que as utilizam estão concentradas na China, que dispõe do produto em diversos estágios, enquanto o Brasil só conta com a sua mineração, em teores e escalas variadas, que acabam sendo exportadas.
Também se informa que este minério conta com algumas minas nos Estados Unidos como na Austrália, ainda que a maior disponibilidade conhecida seja a da China. O Brasil conta com a mina em exploração como outras reservas, com teores mais modestos.
O secretário-geral do PCC, Xi Jinping, efetuou uma visita a uma indústria que trabalha com produtos que utilizam terras raras, mas o governo chinês não fez nenhuma declaração de suas intenções. Mas tudo indica que está estudando a conveniência da orientação a ser dada.
Tudo indica que as autoridades brasileiras deveriam dar máxima prioridade no estímulo de atividades que manipulam estes materiais em diversos estágios, pois seus preços estão se elevando diante da possibilidade de acesso a elas, com o prosseguimento da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. De forma lamentável, como no caso do nióbio, estes assuntos são de conhecimento restrito de alguns especialistas, não havendo notícias que autoridades brasileiras estejam examinando as alternativas das oportunidades atuais.
Quando o Brasil possui algum produto estratégico como neste caso, não se tomam medidas que beneficiem o país e a economia como um todo, ficando os lucros restritos a alguns poucos grupos privados. Tudo indica que o momento é oportuno para uma discussão mais ampla, examinando o máximo de vantagem que pode ser proporcionado pela existência deste minério como do seu aproveitamento.