CDPP Homenageia Affonso Celso Pastore Pelos Seus 80 Anos
11 de junho de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: o CDPP – Conselho de Debates de Política Pública realizou homenagem ao economista Affonso Celso Pastore, presidente do Banco Central do Brasil, sua produção acadêmica
O CDPP – Conselho de Debates de Política Pública realizou um seminário para comemorar os 80 anos de Affonso Celso Pastore. Importantes personalidades, entre eles muitos ex-presidente e diretores do Banco Central do Brasil e dois ex-ministros referiram-se à sua excepcional produção acadêmica, ótimo desempenho como professor e administrador universitário, importantes atuações como secretário da Fazenda do Estado de São Paulo e presidente do Banco Central. Ele continua trabalhando como consultor econômico, dando palestras e concedendo muitas entrevistas à imprensa. Ele foi considerado como um dos mais destacados economistas que se formaram na FEA-USP – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, reconhecido no Brasil e no exterior.
Economista brasileiro formado na FEA-USP, onde se doutorou e foi professor visitante na Universidade de Chicago
A FEA-USP começou a ganhar a sua personalidade própria com os estudos efetuados sobre dados concretos coletados com incrível paciência, estimulados pelos trabalhos da professora Alice P. Canabrava que veio da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, onde ela não encontrou condições de prosseguir atuando com a sua especialidade que era História Econômica. Os trabalhos de Pastore começaram a ser publicados com o uso de instrumentos estatísticos avançados, como a da chamada covariança, e ganhou espaço na FEA-USP com o professor Luis de Freitas Bueno, do qual ele foi um dos seus assistentes. Ajudou a compreender como a agricultura brasileira reagia aos estímulos econômicos. Aproveitou os muitos seminários realizados sobre os novos conhecimentos de economia que estavam sendo coordenado pelo professor Antonio Delfim Neto.
Entre muitas contribuições vindas do exterior, a FEA-USP contou com as lições do professor inglês Wilfred Leslie Stevens, que fora assistente do famoso Ronald Fisher. Ele também disseminou estes conhecimentos atualizados da época pela Escola Politécnica e a Faculdade de Filosofia. Estes novos instrumentos estatísticos eram muito usado nas pesquisas com novos produtos agrícolas para avaliarem a sua produtividade. Certamente, acabaram afetando Pastore e seus trabalhos, mesmo indiretamente com a participação de Delfim Netto.
O conjunto de trabalhos de Pastore se concentrou na política monetária e fiscal, com ampla visão macroeconômica, mas também se relacionava com o desenvolvimento econômico e seus impactos sobre os recursos humanos. Todas as suas contribuições teóricas relevantes relacionam-se aos efeitos de longo prazo e uma de suas frustrações refere-se às elevadas taxas de inflação do período quando foi presidente do Banco Central, com uma atuação pragmática. O Brasil foi afetado pelo cartel da OPEP e posteriormente pela brutal elevação da taxa de juros provocada pelo FED norte-americano que aprofundou a recessão por todo o mundo. Ele se empenhou nas exaustivas negociações com os credores estrangeiros do Brasil, usando parte das dependências do Banco do Brasil em Nova York.
Muito antes da CDPP, Pastore teve uma atuação destacada na ANPES – Associação Nacional de Pesquisa Econômica e Social que foi organizada principalmente pelas entidades do setor financeiro, onde auxiliou de forma fundamental a explicar a inflação brasileira, onde, além de aspectos monetários, também se envolviam considerações estruturais, captados por estudos econométricos.
Todos os participantes do seminário ressaltaram a coerência e a honestidade intelectual de Pastore ao longo de quase seis décadas dos seus trabalhos acadêmicos com sua atuação como autoridade pública, mesmo com aqueles com que manteve discussões acirradas por longos períodos, hoje totalmente superadas.