Academia Brasileira de Ciências e as Pesquisas
15 de agosto de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: avaliação do presidente da ABC, Luiz Davidovich, potencialidade da biotecnologia, transferência de cientistas para o exterior
O atual governo brasileiro não conta com executivos com qualificações científicas para a correta avaliação da fuga de competentes especialistas para o exterior, como o presidente Luiz Davidovich, da Academia Brasileira de Ciências, que forneceu informações relevantes sobre a saída crescente para o exterior de cientistas brasileiros.
Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências
Numa entrevista concedida pelo presidente e físico da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, a Gabriel Vasconcelos e publicada no Valor Econômico, ele informa que está se acelerando a fuga de cérebros brasileiros para o exterior. Eles desejam contar com condições para desenvolver suas pesquisas, indo até para países como a Austrália, Chile, Holanda e Portugal, pois tinham esperanças nos recursos brasileiros que não estão sendo providenciados pelos ministérios da Educação e Ciência e Tecnologia. Também o setor privado, que em outros países ajudam com recursos, não estão suprindo as insuficiências governamentais.
Ele informa que isto está acontecendo também na biotecnologia, onde o Brasil conta com uma ampla biodiversidade, que não chega a ser pesquisada nem em 5% do indispensável. Ele mencionou a substância chamada bergemina, encontrada no caule de uma planta amazônica, que está sendo sintetizada por um laboratório privado que chega a render R$ 1 mil por miligrama. Seria relevante para a produção de soluções de saúde, onde o comprador natural seria o SUS – Sistema Único de Saúde.
Ele refere-se também ao desmatamento que nega evidências científicas e acaba restringindo o aporte de recursos do exterior para as pesquisas, como os europeus. Ele se refere à ausência de uma agenda científica para muitas possibilidades promissoras no Brasil.
Estas posições estão se tornando unânimes entre os cientistas, não se compreendendo que as autoridades brasileiras se sujeitem a expressivos desgastes com medidas que poderiam ser consideradas insanas, sem nenhum fundamento científico. Ao invés de avançar está ocorrendo um visível retrocesso, deixando o país mais defasado com relação ao resto do mundo.