Brasil e China Entre a Cooperação e a Cautela
30 de agosto de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a agressividade chinesa, as cautelas brasileiras com os relacionamentos com o EUA, pragmatismo
Um longo artigo publicado por Patrícia Campos Mello na Folha de S.Paulo mostra o dilema brasileiro em intensificar os investimentos chineses no Brasil, com as cautelas com a intenção de aprofundamento dos relacionamentos com o atual governo dos Estados Unidos. O pragmatismo recomenda tirar o máximo proveito das oportunidades existentes, que já vinham sendo examinados há algum tempo, notadamente no Nordeste brasileiro.
Central de Operações da CBTU, em Recife, com tecnologia chinesa. Foto constante do artigo publicado no site da UOL, que vale a pena ser lido na íntegra
O intercâmbio entre os nove estados do nordeste brasileiro com os chineses nunca foi tão intenso e já veio sendo negociado há tempos. Enquanto o atual governo brasileiro procura perfilar-se com a orientação do atual governo dos Estados Unidos, evitando relacionamentos mais intensos com a China, a agressividade chinesa está levando a concretização de muitos investimentos públicos, numa atitude pragmática, mesmo sem o profundo conhecimento de sua cultura.
Mesmo sem o forte suporte do governo federal brasileiro, muitos projetos importantes de infraestrutura estão sendo implementados numa colaboração com a China, até pela falta de alternativas de outros investidores estrangeiros. Empresas chinesas como a Huawei, ZTE, Dahua e Hikvision estão sendo evitadas pelos norte-americanos, mas os estados nordestinos brasileiros intensificam os relacionamentos através do grupo Consórcio do Nordeste.
Além da instalação de milhares de quilômetros de fibra óptica, estão comprando sistemas de monitoramento da segurança pública, estudam etapas da tele-educação e telessaúde, utilizando tecnologias avançadas. Também usam estes conhecimentos nos aeroportos, metrô e rodovias, visando identificar possíveis suspeitos. Os norte-americanos alertam sobre as possibilidades de desvios dos usos destas tecnologias para a vigilância da população.
Evidentemente, os estados que necessitarem do suporte federal terão que tomar as suas cautelas. Mas também as autoridades diplomáticas chinesas tentam neutralizar as pressões norte-americanas. O fato concreto é a falta de alternativas de outros investimentos estrangeiros, enquanto o Brasil continua necessitando melhorar sensivelmente a sua infraestrutura, com a participação estrangeira. Os grupos brasileiros não dispõem de recursos suficientes para todas estas necessidades.