Insensatez Total do Governo com Relação ao Aumento das Queimadas

27 de agosto de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: os dados mais confiáveis confirmam aumentos alarmantes das queimadas, prejuízos para o Brasil e para o mundo, presidente Jair Bolsonaro sugere que as queimadas podem estar sendo estimuladas pelas ONGs

Lamenta-se que o governo federal brasileiro, pressionado pelos noticiários internacionais e totalmente desaparelhado para coibir o aumento das queimadas no Brasil neste ano, começa a adotar uma orientação que não faz nenhum sentido. Pelo contrário, aventa que estaria havendo ONGs estimulando queimadas.

Aumento de cerca de 80% das queimadas com relação ao ano passado

Os dados confiáveis, como fotos tirados pela NASA, confirmam o expressivo aumento das queimadas no Brasil, notadamente na Amazônia neste ano. Outras agências também mostram com fotos aéreas que as queimadas aumentaram sensivelmente, prejudicado a saúde, notadamente das crianças. Uma amostra de água colhida pelo pessoal especializado da Universidade de São Paulo mostrou que havia resíduos de queimadas, mesmo nas chuvas que precipitaram sobre São Paulo, quando o dia (em torno das 16h) escureceu como se fora noite. Eles informam que estes resíduos favorecem o câncer, notadamente nos pulmões.

O presidente, de forma irresponsável e sem nenhum indício concreto, chega ao absurdo de atribuir este aumento a ações das ONGs que atuariam contra o Brasil. É uma orientação tão absurda, que ocupa espaços na imprensa, mas não convence ninguém mais sensato. A imprensa internacional vem divulgando as notícias mais alarmantes, pois o governo se posiciona até contra as ajudas, como os da Noruega e a Alemanha, que suspenderam os recursos para levantamento das queimadas na Amazônia, diante da total insensibilidade do governo federal brasileiro. Ele investe até contra as autoridades estaduais que, sem estarem devidamente aparelhados, lutam com dificuldades para coibir queimadas criminosas, prevista em lei.

Ocorreu um evento internacional sobre o assunto em Salvador, Bahia, onde compareceu o ministro brasileiro de Meio Ambiente. Vaiado, como era justo, retirou-se do evento afirmando que estava indo para a Amazônia. Com o noticiário internacional adverso, muitos aventam que a imagem do Brasil estaria piorando, podendo ocorrer reações dos importadores de produtos agropecuários brasileiros, que temem terem suas imagens ligadas aos absurdos brasileiros.

O Brasil comprometeu-se no chamado Clube de Paris a tomar medidas para redução do lançamento, principalmente do CO² que, prejudicando o meio ambiente, favorece as queimadas que ocorrem pelas irregularidades das chuvas, que deixam florestas e campos secos, que favorecem a propagação do fogo. Também mineradores e extratores criminosos de árvores nobres acabam prejudicando as florestas e o ambiente que é ocupado pelos indígenas.

Os bons agricultores são contra as queimadas, preferindo a melhoria das tecnologias para as produções agropecuárias, havendo formas de exploração mais racionais que não prejudiquem as vidas de tudo que é indispensável para a sustentabilidade das produções por um prazo longo, renovando o que é necessário.

As técnicas de cultivo direto, onde os resíduos verdes de produções de grãos como a soja e o milho são reaproveitados como nutrientes, enriquecendo o solo. Sem a preservação das florestas, a água indispensável para as produtos agrícolas tornam-se escassas, notadamente nas chamadas matas ciliares, que ajudam a manter os pequenos riachos que existem por toda a parte. Os bons agricultores são a favor de atividades sustentáveis ao longo do tempo, melhorando a produtividade do solo, o que não ocorre com as queimadas.

Seria interessante que o presidente Jair Bolsonaro evitasse afirmações chocantes e absurdas, pois, fazendo um pouco mais para reduzir as queimadas, estaria dando uma demonstração de racionalidade, podendo receber ajudas adicionais do exterior, porque existem problemas que premiam as preservações das florestas que são importantes não somente para os brasileiros, mas para a população mundial.