Perda de Importância do Brasil no Mundo
19 de agosto de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: ainda o Brasil dispõe de condições potenciais para recuperar espaços, artigo de Elio Gasperi na Folha de S.Paulo, de BRICS relevante a papel menos relevante, deixar de cuidar das abobrinhas
Na sua coluna semanal na Folha de S.Paulo, o experiente e competente jornalista Elio Gaspari discute a importância do papel de um embaixador brasileiro em Washington, um assunto relevante em pauta. Ele, como muitos outros brasileiros, está preocupado com o futuro do Brasil, superando eventuais problemas ideológicos e comportamentais. Na realidade, o Brasil, de um membro potencial importante no grupo chamado de BRICS, formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul de dimensões geográficas expressivas, candidatos a ser tornarem desenvolvidos, com a longa estagnação está se tornando um problema. Com o tratamento banal do governo de assuntos prioritários no mundo, o Brasil corre o risco de estar falando de abobrinhas de uma pequena horta, quando teria condições para ser um fornecedor relevante de alimentos, produtos industriais e serviços no mercado internacional.
Elio Gaspari, experiente e competente jornalista brasileiro, colunista da Folha de S.Paulo.
O atual presidente Jair Bolsonaro tem um estilo pessoal de apreciar estar nas manchetes mesmo com declarações bombásticas que não ajudam o Brasil no cenário internacional. Dois antigos presidentes com estilos semelhantes, Jânio Quadros e Fernando Collor, acabaram se dando mal politicamente sem terminar seus mandatos normais. Ele expressa a sua admiração pessoal por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que vê o seu país líder enfrentando variados problemas pelo mundo, ainda que também outros governantes que deveriam ser importantes se tenham tornado populistas e nacionalistas, tendendo a provocar mundialmente uma recessão de longo prazo, que não beneficia nenhum país.
Todos os pesquisadores científicos observam a tendência de danos no meio ambiente que agravam as irregularidades climáticas, com secas e aquecimento global, que também provocam inundações em muitas partes do mundo, inclusive com a elevação do nível do mar. O Brasil, por ser detentor da maior parte da Amazônia, ainda a maior reserva florestal do mundo, vinha merecendo doações de recursos internacionais para identificar ocupações irregulares que tendem a provocar incêndios e lançamentos adicionais de CO². Mas Jair Bolsonaro prefere lançar gracejos que não ajudam nos difíceis relacionamentos com os grandes doadores, como a Alemanha e a Noruega, sem que nenhum benefício seja obtido com este comportamento.
Registra-se, lamentavelmente, a carência expressa de um melhor conhecimento dos benefícios da diplomacia, que só pode ser obtido com muitas experiências acumuladas ao longo de milênios. Com pronunciamentos que só chocam os que baseiam suas posições em dados científicos, pode provocar polêmicas, mas não ajuda na cooperação internacional indispensável. Ainda que existam relacionamentos econômicos importantes, os desgastes provocados por fatos evitáveis acabam sendo acirrados, exigindo negociações cada vez mais difíceis.
O problema se complica na medida em que isto não ocorre somente com o Brasil, mas simultaneamente em diversas partes do mundo, aumentando as incertezas e elevando os riscos. Já existem problemas demais, não sendo necessário acréscimos de outros evitáveis. Os brasileiros mais sensatos precisam aumentar as suas pressões para que a racionalidade aumente a sua importância, evitando-se somente a propagação de manchetes chamativas, mas que não contribuem no incremento dos entendimentos entre povos que possuem até posições ideológicas diversas.
Há que se atribuir maior importância aos entendimentos coletivos, evitando-se destaques individuais que em nada contribuem para o mundo, que já tem problemas demais. O aumento dos riscos acaba exigindo inversões que em nada contribuem para o bem-estar da população, ainda que beneficiem alguns poucos fornecedores, como de armamentos, diante das possibilidades de conflitos até armados.