Preocupantes Retrocessos Governamentais
31 de agosto de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: colocações preocupantes dos norte-americanos com relação aos avanços tecnológicos, necessidade de afirmação dos interesses brasileiros, o problema da imagem brasileira no exterior
Quando o atual governo brasileiro imaginava que a imagem do Brasil não seria afetada com o descuido na preservação de suas florestas, e uma autoridade diplomática norte-americana ousa ameaçar os brasileiros se não se restringir o uso da tecnologia avançada de sua exclusividade, há que se reafirmar os objetivos que se persegue de um país independente no seu futuro.
Robert L.Strayer, vice-secretário assistente de Estado dos EUA
Uma entrevista de Robert Strayer, concedida para a jornalista Patrícia Campos Mello e publicada na Folha de S.Paulo, informa que o governo norte-americano quer manter compartilhamento de inteligência, revendo a parceria com o Brasil se o país permitir o uso da tecnologia 5G da China. Uma simples colocação desta natureza, interferindo em questões brasileiras com relação ao futuro do desenvolvimento tecnológico, mostra-se totalmente inadequado nas relações de países independentes.
Todos sabem que os Estados Unidos estão se atrasando com relação ao desenvolvimento tecnológico de ponta, principalmente quando se compara com a China. São constantes as informações de tecnologias, como as que permitem o pleno reconhecimento de cidadãos pelas suas imagens, que já não se restringem ao controle de possíveis personagens que se voltam contra um governo. O seu uso está se difundindo entre as empresas em todo o mundo, para assegurar a sua segurança.
Parece de total conveniência brasileira, como país independente, que mantenha sua liberdade para se associar com qualquer país, sem nenhuma exclusividade, o que não ocorre somente com a China, que compete com os Estados Unidos em muitos setores de ponta. Isto vem ocorrendo como nos problemas espaciais, como até no desenvolvimento de tecnologias agropecuárias.
De forma também pouco adequada, o governo brasileiro imaginava que sua exagerada flexibilidade no desmatamento e queimadas de suas florestas não afetasse seus interesses nacionais. Hoje, são constantes as informações de importadores e consumidores de grãos brasileiros, como da soja e do milho, que se preocupam não sejam decorrentes de criminosos desmatamentos. Também existem informações que couros e outros produtos não sejam produzidos com a derrubada das florestas. Há indicações que o governo federal está se dando conta destes prejuízos nas imagens de seus produtos de exportação, adotando nova atitude com relação aos compromissos assumidos no Clube de Paris, com as metas de redução do lançamento de CO².
Independentemente do governo, que é temporário, o Brasil vai continuar existindo como um país independente por séculos e seus interesses nacionais precisam ser considerados dentro destas perspectivas.