Prepotência dos EUA Agrava a Crise Mundial
16 de agosto de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a prioridade absoluta para voltar a tornar-se líder mundial, agravamento da situação dos Estados Unidos incapaz de se manter competitivo, as disparidades na distribuição de renda no mundo
O economista francês Thomas Piketty, com seu livro “O Capital no Século XXI”, publicado em 2013, foi dos primeiros que percebeu que a disparidade de renda que vinha ocorrendo no mundo não era algo sustentável, apesar do crescimento ainda globalizado. A China e até a Índia, países destacados pelas suas imensas populações, com o desenvolvimento econômico que estavam obtendo, com o respaldo dos norte-americanos, aumentavam substancialmente a classe média mundial, enquanto países já desenvolvidos como os Estados Unidos e muitos europeus não conseguiam manter a sua competitividade com o desenvolvimento de sua eficiência, deixando uma grande massa de trabalhadores sem melhoria nos seus padrões de vida ao longo do tempo.
Donald Trump, elegendo-se de forma discutível presidente dos Estados Unidos, com sua arrogância entendia que, concedendo prioridade ao seu país e promovendo uma guerra comercial, principalmente com a China, poderia reverter o quadro, mas está é provocando uma recessão profunda que atinge todo o mundo.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está aprofundando a recessão que está em marcha em todo o mundo
Mesmo que os Estados Unidos contem com competentes profissionais nos mais variados setores do conhecimento humano, o seu presidente expressa bombasticamente suas reações pessoais, mesmo que tenha que reformular posteriormente muitas medidas que seu governo anuncia. Lamentavelmente, o presidente Jair Bolsonaro do Brasil expressa sua admiração pela política norte-americana, imaginando beneficiar-se da dimensão atual de sua economia. A experiência passada mostra que eles são duros nas defesas dos seus interesses, não se dispondo a trabalhar em conjunto com outros parceiros no mundo, compartilhando dos seus resultados.
É evidente que a China já sente os efeitos desta guerra comercial, que tanto prejudica as exportações chinesas para o resto do mundo, como importava cifras expressivas de produtos de outros países, inclusive do Brasil. Não seriam somente matérias-primas como os minérios, produtos agropecuários como até celulose, cujos estoques já estão aumentando no mundo. A tendência é que seus preços não tenham crescimentos significantes, mesmo com as mudanças que estão ocorrendo na área cambial. Como estes dados são gigantescos, estas mudanças acabam ocorrendo com alguma defasagem, além de depender de outros fatores que afetam os diversos mercados.
Todos os países procuram adotar medidas que minimizem os efeitos desta insana guerra comercial mundial. Algumas dificuldades serão neutralizadas pelos investimentos que estão ocorrendo na infraestrutura, fazendo com que todo o sistema logístico tenha maior eficiência. Mas nem todas as limitações podem ser superadas, tendendo a multiplicar problemas como os que estão ocorrendo agora na Argentina, que como parte do Mercosul acaba afetando também o Brasil.
Muitos entendimentos que começavam a ser entabulados pelas autoridades brasileiras, envolvendo o livre comércio com os europeus, japoneses e norte-americanos, tendem a acrescentar dúvidas adicionais. O Brasil, que tenta implantar reformas internas indispensáveis, passa a contar com novas dificuldades, que exigem maior inteligência para serem superadas.