Prêmio Nobel de Literatura Mo Yan
9 de agosto de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: artigo no China Daily, inspirações nos escritores latino-americanos, o chinês Prêmio Nobel de Literatura Mo Yan sobre a Amazônia
É impressionante que o escritor chinês Mo Yan tenha recebido em 2012 o Prêmio Nobel de Literatura pelos seus trabalhos relacionados com os rios. Ele conheceu pessoalmente o Amazonas em 2014 quando veio ao Brasil no final da Copa do Mundo da FIFA e ficou deslumbrado com a vista a partir de Manaus. Ele se considera influenciado pelos escritores latino-americanos como Pablo Neruda, Jorge Luis Borges e Gabriel Garcia Marquez.
Prêmio Nobel de Literatura 2012, o chinês Mo Yan escreve sobre os rios, como explicou numa conferência na Universidade Diego Portales, Santiago, Chile
Sua imaginação é tanto que ele achava que o pequeno rio que corria atrás de sua casa na sua infância era a maior do mundo, quando era insignificante até na China. Foi descobrindo outros e acabou conhecendo o fabuloso Amazonas, cobrindo nada menos que 7 milhões de quilômetros quadrados.
Ele observou do avião a vista panorâmica do Amazonas com sua grandeza, beleza e vitalidade. Era como “vasos sanguíneos da terra”, representando a vida e servindo de inspiração literária. Ele foi influenciado por escritores latino-americanos e confessa que “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel Garcia Marquez, que nasceu na Colômbia serviu-lhe de modelo. Muitas de suas histórias acontecem nos navios que são fontes de inspiração literária.
Ele sempre imagina o Amazonas como o seu rio, o mesmo de sua infância. Dá-lhe inspiração, orientação e confiança, como para muitos leitores. Ele recebeu na Universidade Diego Portales a mais alta distinção, o doutorado honorário. Os juízes que o premiaram com o Prêmio Nobel destacaram o seu “realismo alucinatório, fusão dos contos populares, a história e o contemporâneo”.
É impressionante que um escritor criado no outro lado do mundo, em condições tão diferentes, acabe se inspirando tão fortemente com o Amazonas, que não tem motivado muitos escritores brasileiros.