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A Sempre Discutível Concessão do Estádio do Pacaembu

18 de setembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: a necessidade de flexibilidade no longo prazo de 35 anos, atendimento da população, experiências do Morumbi e do Estádio do Palmeiras, trânsito de grandes massas

Os principais jornais brasileiros noticiaram que os concessionários do Estádio do Pacaembu nos próximos 35 anos forneceram as ideias básicas que devem orientar a sua reforma. O projeto original tem mais de 75 anos, dos quais cerca de 30 fica em frente ao nosso escritório. As experiências do Morumbi e do Estádio do Palmeiras mostram que há necessidade de flexibilidades, pois, ao longo doimage tempo, mesmo os projetos mais estudados pelos especialistas acabam se adaptando à realidade que sofre mudanças significativas em algumas décadas. A reforma básica seria a substituição do atual Tobogã por uma construção que acomodará diversas atividades, inclusive lojas, restaurantes e escritórios.

A mudança básica no Estádio do Pacaembu será a substituição do atual Tobogã por um edifício de múltiplos usos

As experiências passadas com o estádio do São Paulo, no Morumbi, e do Palmeiras, no Allianz Park, mostram que os projetos originais exigiram mudanças, notadamente para acomodar shows musicais que atraem um grande público, depois de alguns anos dos seus funcionamentos. Espera-se que os novos concessionários ligados ao Santos Futebol Clube tenham flexibilidade para ajustar-se às mudanças que ocorrem no mercado ao longo do tempo, como os relacionados com os estacionamentos.

À primeira vista, parece que as massas que hoje utilizam o Estádio do Pacaembu utilizam crescentemente os sistemas de metrô, que estão previstos para contar com estações na região da Angélica, além do que já serve a região do Hospital das Clínicas. Uma passagem prevista, segundo o atual projeto, entre a Rua Itápolis e a Rua Paulo Passalaqua, não deverá contar com um fluxo grande dos frequentadores, salvo engano. Os habitantes da região que já utilizam a piscina e o as instalações para exercícios físicos, que se informa pela imprensa, continuarão gratuitos, não representam atualmente grandes massas.

A região não conta mais com muitos restaurantes que existiam na região e que tipos de escritórios serão atraídos é uma questão em aberto, pois muitas antigas residências do Pacaembu estão sendo usadas para tanto, sem uma demanda expressiva. A feira na região não tem mais a expressão do passado e o Museu do Futebol vem atraindo visitantes mais do que o esperado.

O tempo de dois anos e meio para execução das reformas também é longo, podendo influir nas atividades da região, que vieram sendo prejudicados ao longo do tempo, ainda que esteja previsto um uso não muito intenso neste período. Tudo isto indica que os novos concessionários precisam contar com flexibilidade para adaptações, onde o setor privado costuma ser mais ágil do que a administração pública.

A experiência em outros espaços para shows indicam que os gramados acabam sendo prejudicados, havendo necessidade de substituições rápidas. Parece que a tendência mundial seria de gramados sintéticos que resistem melhor às intempéries. Um mínimo de cobertura para as chuvas seria interessante.

Observa-se que, além dos times masculinos de futebol do Santos, diversos times femininos tendem a atrair o público também no Brasil, o que já acontece em alguns países no exterior. Há que se considerar, também, que a população do Pacaembu está se alterando rapidamente, com o aumento significativo de casas de repousos dos idosos, que precisariam contar com facilidades para usar partes das dependências do estádio reformado.

Seria interessante contar-se com uma espécie de Conselho Consultivo constituídos por moradores do Pacaembu, que contam com muitas experiências e problemas de violência gerados pelas torcidas dos times que estariam disputando suas partidas no estádio, na tentativa de minimizar as dificuldades que sempre existirão. Parece recomendável que a interferência do setor público deva ser a menor possível, pois o setor privado, que visa lucros, conta com maiores flexibilidades para se adaptar às mudanças normais do mercado.