O Brasil que Mal Conhecemos
9 de setembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: famoso entre os descendentes de negros africanos, o protesto poético da situação de uma grande parcela da população brasileira, poeta brasileiro pouco conhecido de 92 anos, uma importante divulgação do professor de teoria literária da UFRJ Alberto Pucheu no suplemento Ilustríssima da Folha de S.Paulo.
A Folha de S.Paulo publicou um artigo de Alberto Pucheu no seu suplemento Ilustríssima registrando que este professor de teoria literária da UFRJ considera o poeta Carlos de Assunção, de 92 anos, morador de, Franca no Estado de São Paulo, tem no seu pouco conhecido trabalho algo que se iguala aos melhores de Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto. Exageros à parte, é incrível que ele seja somente reconhecido pelos que se preocupam com a importância dos afro-brasileiros e seus descendentes no Brasil, que divulgam sobre as suas dramáticas lutas, maiores do que as dos demais que vieram ajudar a formar esta nação.
Carlos Assumpção, 92 anos, poeta brasileiro pouco conhecido, apresenta um importante acervo de livros que ressaltam os dramas dos afro-brasileiros na sua luta pelo reconhecimento de sua importância
Segundo o professor Alberto Pucheu, o primeiro livro de Carlos Assumpção, “Protesto”, foi escrito em 1956 e foi apresentado em 1958 na Associação Cultural do Negro (ACN) em São Paulo. O seu trabalho de elevada qualidade continuou na mesma linha, mas nunca foi devidamente reconhecido no Brasil. Pucheu ficou alguns dias com ele em Franca, conhecendo toda a sua história, selecionando alguns trechos dos seus poemas que estão na matéria agora publicada. É incrível que seu excepcional trabalho só seja bem conhecido num círculo restrito dos descentes brasileiros dos escravos africanos que vieram para o Brasil, para executar pesados trabalhos físicos, mal reconhecidos.
“Mesmo que voltem as costas
Às minhas palavras de fogo
Não pararei de gritar
Não pararei
Não pararei de gritar”
Faz parte do “Protesto”, que deverá estar no You Tube.
Pelos trechos constantes da matéria no jornal, nota-se a elevada qualidade do seu trabalho, que merecia ser conhecido por mais brasileiros. Infelizmente, deficiências desta natureza são frequentes e os menos favorecidos não ganham o espaço que merecem pelas suas importantes contribuições, notadamente no setor literário.
Espera-se que parte desta deficiência acabe sendo corrigida no futuro, com a divulgação que está sendo proporcionada pelo artigo e que se espera seja aproveitado também pelos outros meios de comunicação social, como a televisão. Parece que os meios eletrônicos disponíveis já estão começando a ser utilizados.