70 Anos da People´s Republic of China
3 de outubro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: avanços tecnológicos, Comemorações dos 70 anos da República Chinesa, descentralização do poder com seu modelo próprio, os problemas com Hong Kong e Taiwan, redução da pobreza absoluta
Os jornais importantes no mundo estão noticiando com destaque as comemorações dos 70 anos da República Popular da China, tendo no seu comando o presidente Xi Jinping, que mantém um controle rígido do poder naquele país. As demais facções não possuem um poder expressivo, o que permite uma política firme por décadas, adaptando-se ao que vai ocorrendo atualmente no mundo, com a desaceleração do crescimento e as tendências de um nacionalismo populista, provocando a redução do comércio internacional.
Cenas do desfile militar em Beijing pelos 70 anos da república chinesa
O fato concreto é que a China, que era um país extremante pobre, conseguiu promover cerca de 700 milhões de pessoas em classe média em algumas décadas, constituindo um importante mercado interno que também lhe permite exportar de forma competitiva para o resto do mundo. Contou com a ajuda da OMC – Organização Mundial do Comércio que a reconheceu como economia de mercado, quando não atendia ainda a todos os requisitos para tanto, facilitando suas exportações.
Hoje, conta com um expressivo avanço nos conhecimentos da tecnologia de ponta, tendo treinado muitos dos seus estudantes no exterior, inclusive nas universidades norte-americanas. Muitos deles já retornaram para a China contando com todas as condições para desenvolver seus trabalhos, como os das pesquisas para as tecnologias de ponta, inclusive com remunerações competitivas. Em muitos setores superaram os Estados Unidos, possuindo conhecimentos avançados nos seus principais centros de pesquisa, inclusive universidades consideradas entre as melhores no mundo.
Sua agricultura de alta eficiência reduziu a necessidade de importação para poucos produtos, a sua medicina consegue atender os idosos da sua população e muitos serviços se estendem para o exterior, como nas infraestruturas voltadas para o novo Silk Road. Hoje, seus principais centros de tecnologia, como de comunicação eletrônica, superam o que vinha acontecendo no Vale do Silício, nos Estados Unidos.
Também nos setores, como os culturais, incluindo os esportes, os chineses aumentam a sua presença mundial, com alguns destaques. Suas escolas se dedicam no aperfeiçoamento de seus cidadãos nos mais variados segmentos, indicando que entendem que se trata do desenvolvimento mais completo possível.
Como parte do mundo, usando as indicações da economia de mercado também sofrem as desacelerações que estão ocorrendo no comércio internacional, mas ainda mantém um crescimento expressivo, acima da média mundial. Seus programas espaciais conseguem chegar ao outro lado da Lua, o que não é possível em outros países.
Mas enfrentam também problemas como em Hong Kong, onde o regime de dois sistemas não consegue funcionar depois da devolução daquela colônia do Reino Unido. Há problemas em Taiwan, que considera parte do seu território, além de enfrentar dissidências nas regiões muçulmanas na própria China. O sucesso econômico não consegue superar estes e outros problemas. Há que se entender também que os critérios considerados democráticos no Ocidente sofrem adaptações na Ásia, onde as influências das orientações de Confúcio resultam numa sociedade hierarquizada, onde nem todos são iguais.
Existem analistas que entendem que o aumento do poder militar da China pode provocar problemas, como no Mar da China. Também suas atividades econômicas em outras partes do mundo, como na América do Sul e na África, acabam provocando alguns atritos que se esperam sejam superados pela diplomacia.
Os relacionamentos do Brasil com a China são variados. Como regra geral, do ponto de vista político, existem diferenças, mas de forma pragmática isto vem sendo superado pelos interesses econômicos. A China é um grande consumidor de produtos brasileiros, que vão dos minérios até os produtos agropecuários, e no desenvolvimento da infraestrutura brasileira pretende-se contar com a participação chinesa. Até agora, conseguiu-se conciliar estes interesses, esperando que eventuais problemas possam ser superados pragmaticamente por iniciativas diplomáticas.