Entronização do Imperador Naruhito e Imperatriz Masako
22 de outubro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: a entronização formal do imperador Naruhito e da imperatriz Masako, mínimas contestações como de algumas igrejas protestantes cristãs, redução ao mínimo da família imperial que recebe suporte da Administração da Casa Imperial, rito Shinto tradicional
A imprensa japonesa informa que os eventos relacionados com a entronização formal do imperador Naruhito e da imperatriz Masako foram reduzidos ao mínimo para esta terça-feira, dia 22 de outubro, principalmente diante das duas inundações recentes no Japão que provocaram dezenas de mortes e alguns ainda desaparecidos. Como se trata de um evento da religião Shinto, a sua contestação só ocorreu da parte da United Church of Christ in Japan, de tradição protestante, que alega que a Constituição japonesa separa as igrejas do Estado. O evento público foi transferido pelo governo para o dia 10 de novembro e o atual se restringe a alguns convidados especiais e aos dignitários estrangeiros que já estavam com a viagem marcada para o Japão, como do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, além das recepções realizadas pelo primeiro-ministro Shinzo Abe.
As vestimentas utilizadas pelo imperador Naruhito e a imperatriz Masako para a cerimônia oficial denotam uma tradição que aparenta ser arcaica para muitos
A Casa Imperial japonesa foi reduzida ao mínimo, restringindo-se ao imperador honorário e sua esposa, aos filhos do novo imperador e os herdeiros que podem assumir no futuro o cargo máximo. Como eles moram nos palácios imperiais e ajudam nas funções de representação do Japão no exterior e no próprio país com suas viagens oficiais, os seus custos são arcados pelo governo, inclusive nas suas seguranças. Outros parentes mais distantes perderam as honrarias de pertencerem à Familia Imperial japonesa.
A administração da Casa Imperial japonesa é muito rigorosa de forma a evitar que comportamentos de seus membros venham a provocar escândalos como os que ocorrem em outros países que ainda mantêm estes sistemas e semelhantes. Esta rigidez já provocou transtornos psicológicos na atual imperatriz honorária e até na nova imperatriz, por ter restrições exageradas aos seus comportamentos, pois elas não eram nobres antes dos seus casamentos, mas simples plebeias que gozavam de liberdades mais amplas. Como o número de nobres japoneses é bastante restrito, o casamento entre eles provocavam problemas graves de consanguinidades, o que resultou na orientação de casamentos com plebeus, ainda que rigorosamente examinados nos seus comportamentos. Uma filha do atual casal imperial sofreu restrições nos relacionamentos que vinha alimentando com um plebeu, cuja família enfrentava problemas financeiros. Na comparação com as outras famílias reais europeias e asiáticas, observa-se que seus controles são mais flexíveis.
Considerando a população japonesa como um todo, não se notam tendências importantes pela mudança do atual regime japonês, mas algumas simplificações já vêm ocorrendo. Tanto com o imperador e a imperatriz que se tornam honorários com a sua renúncia, havia um protocolo rígido para se conversar com eles. Nos meus contatos diretos com eles, ao longo do tempo, passou-se a admitir conversas amplas envolvendo diversos aspectos, com a recomendação que não se tratassem de problemas políticos e administrativos que são da alçada do primeiro-ministro e seu gabinete.
No Centenário da Imigração Japonesa ao Brasil, por exemplo, o Casal Imperial permaneceu na recepção que se seguiu, conversando com os que estavam presentes, o que era bastante restrito no passado. Tudo indica que estas mudanças continuarão ocorrendo, aproximando-se do que está sendo adotado na Europa.