Mudança da Maratona para Sapporo nas Olimpíadas
30 de outubro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a surpreendente decisão do Comitê Olímpico Internacional, desconsideração com a população japonesa, falta de qualquer consulta aos japoneses, resistência liderada pela governadora de Tóquio Yuriko Koike | 2 Comentários »
Um artigo distribuído pela Reuters acabou ganhando destaque na imprensa japonesa, como o publicado no Japan Today.
A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, resiste à mudança da maratona das próximas Olimpíadas para Sapporo, no norte do Japão
A inabilidade política do presidente do Comitê Olímpico Internacional Thomas Bach, que anunciou a mudança da maratona das próximas Olimpíadas para Sapporo, sem qualquer consulta aos japoneses. O evento já estava marcado para Tóquio e, devido ao forte calor que vem se registrando no mundo, começaria às 6h, evitando problemas mais graves de clima para os atletas. Sapporo costuma apresentar uma temperatura de alguns graus a menos comparada com a capital japonesa, mas a mudança exige o transporte dos atletas e muitos auxiliares. Como o assunto não foi discutido com as autoridades japonesas nem representantes da população, a mudança continua provocando contrariedades locais, pois nem alternativas foram discutidas. Os japoneses consideram a decisão sem nenhuma negociação algo muito difícil de ser aceito.
Ainda que a decisão seja da alçada do Comitê Internacional, uma mudança significativa com muitas de suas implicações deveria ser discutida com representantes locais. Como alternativa, haveria a possibilidade de antecipação maior do horário de início da maratona, que também tem seus inconvenientes. A decisão abrupta surpreendeu os japoneses, mas o presidente Thomas Bach afirma que ela é definitiva, dando prioridade às condições para os atletas.
Lamentavelmente, muitas das decisões tomadas em nível internacional relacionada às Olimpíadas vêm gerando críticas e até punições. Sempre se alega que os orçamentos dos investimentos foram exagerados e as decisões do país escolhido tenham sido viciadas com algumas corrupções, como se volta a apontar no caso do Rio de Janeiro.
Os interesses econômicos têm sido exagerados também em outros eventos esportivos internacionais, escolhendo-se países que não apresentam as melhores condições para muitos eventos de grande magnitude. Outros acontecimentos em outras áreas vêm mostrando que a opinião pública deve ser respeitada, não se concentrando em poucas autoridades, pois no final os custos acabam sendo arcadas pelas populações, mesmo com os volumosos patrocínios com interesses comerciais.
O Japão não é tão diferente de outros países, e são motivos semelhantes (e discutíveis) que levam as Olimpíadas para Tóquio. Na época do anúncio, eu disse que seria um absurdo marcar um evento desse porte, durante o verão japonês. A comunidade internacional não deve conhecer o inferno úmido e insuportável que mata todo ano centenas de japoneses e lota hospitais, ou não se importa. Diante do fracasso retumbante que foi o Mundial de atletismo do Catar (mesmo sendo em parte realizado em um estádio climatizado), parece que agora as autoridades abriram os olhos (sem duplo sentido). O desejo do governo atual, de reviver o momento de esperança e de crescimento econômico de 1964, pode custar caro (mais do que o superfaturado novo estádio olímpico).
Caro Carlos,
Obrigado pelo seu comentário. Parece que muitos interesses comerciais têm influenciado as escolas dos locais destes eventos esportivos internacionais. Vamos aguardar para ver como os japoneses vão superar as dificuldades que enfrentam, que estimulam criatividades.
Paulo Yokota