Rio São Francisco da Integração Nacional
3 de outubro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: deságua no Atlântico entre Sergipe e Alagoas, irrigação e energia elétrica, nasce em Minas Gerais, navegação fluvial, sofre com o desmatamento do cerrado | 2 Comentários »
Os brasileiros conhecem pouco do Brasil. Talvez saibam mais sobre a Flórida, nos Estados Unidos, onde fica o Disney World, do que o interior brasileiro, infelizmente. Mas a Bacia do São Francisco, que deveria ser o grande orgulho do país, está bastante abandonada, sofrendo com a seca, pois até as margens dos rios que o abastecem tiveram muitas de suas matas ciliares prejudicadas pela exploração indiscriminada do cerrado brasileiro.
Conheço o São Francisco desde quando só existia Paulo Afonso para aproveitamento de sua queda para a geração de energia elétrica. Ele mudou muito com a construção da barragem do Sobradinho e os projetos de irrigação que começaram em Minas Gerais e hoje se estendem até a fronteira da Bahia com Pernambuco, ajudando na produção de muitas frutas consumidas pelos brasileiros e até exportadas. As atuais secas chegam a reduzir suas águas, prejudicando até a navegação fluvial.
Situação crítica em Sobradinho com as secas que se repetem
As irrigações ocorrem na região de Pirapora e na fronteira da Bahia com Pernambuco, muitas vezes com excesso de água, segundo especialistas internacionais. Na realidade, para a produção de boas uvas, por exemplo, seriam suficientes 300 milímetros de água por ano, como usual na Borgonha francesa, pois o exagero acaba contribuindo na terrível salinização do solo predominantemente alcalino da região nordestina do Brasil.
Produção de uva irrigada na região de Pirapora que requer somente 300 mm de água por ano, para produção de um bom vinho
Na região de Petrolina/Juazeiro, na fronteira da Bahia com Pernambuco, existem produções de frutas irrigadas, como o melão e a manga, tanto para o abastecimento interno como até à exportação.
Produção de melão irrigado na região de Petrolina, mas também existem outras frutas, como a manga e a uva, que chegam a ser exportadas por via aérea
O Brasil poderia ser o celeiro do mundo com a biodiversidade com que conta, mas a sua água deveria ser cobrada ainda que simbolicamente. Na Califórnia, nos Estados Unidos, a água colhida nas geleiras das montanhas Rochosas é cobrada dos agricultores, o que evita o seu desperdício. Tudo que é fornecido gratuitamente costuma ser mal utilizado. Fala-se muito na transposição da água do São Francisco para a região árida do Nordeste, mas ela que já é rara, exigindo expressivas elevações que precisam ser utilizadas com muito cuidado, evitando-se a sua intensa vaporização nos canais construídos.
Ajudei a trabalhar ha décadas passadas no Vale do Apodi, no Rio Grande do Norte, onde a sequência de barragens permitia o melhor aproveitamento da água das chuvas que costuma escorrer rapidamente para o mar. Na região Centro Sul do Brasil, a sequência de barragens de montante a jusante permite chegar a Itaipu com o mínimo de água necessária para a geração de energia elétrica. São inúmeros os projetos de bom aproveitamento da água existentes até no Brasil. Parece conveniente pensar a partir das matas ciliares nos rios que alimentam o São Francisco.
Que artigo interessante obrigado por compartilhar tal conhecimento sobre o nosso país
Caro Mauricio,
Obrigado pelo seu comentário.
Paulo Yokota