Uso da Pimenta no Japão
28 de novembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: mudanças sensíveis em algumas décadas, produções recentes nas regiões atingidas pelos problemas nucleares nas proximidades de Fukushima, produtos coreanos e do Sudeste Asiático, uso da pimenta no Japão
Na década de 60 do século passado eram poucos os japoneses que apreciavam o uso elevado da pimenta muito forte. Começou no Japão com consumo dos chamados “yakiniku”, carnes grelhadas de inspiração coreana, que aumentaram o consumo para acompanhar as cervejas, muitas vezes com o kimchi, os picles coreanos. Hoje, tanto pelo hábito do uso de culinárias do Sudeste Asiático, inclusive o curry indiano, chegou-se até ao consumo do habanero mexicano, considerado 300 vezes mais poderoso que os de usos habituais. A produção da região de Fukushima, atingida pelos problemas nucleares, chegou até ao seu uso nos sorvetes em graus diferentes. O assunto consta do artigo de Motoyuki Tanaka, publicado no Asahi Shimbun.
Produção da pimenta habanero em Fukushima. Foto constante do artigo no site de Asahi Shimbun, que vale a pela ser lido na íntegra
No primeiro ano de sua venda, houve um fracasso, pois a promessa de que seria 10 vezes mais violenta do que a pimenta habitual não se confirmou. Mas com aperfeiçoamento, ela ficou até 300 vezes mais poderosa, sendo vendida por preço modesto. Já se chegou a venda de mais de duas mil refeições com o seu uso. Passou a ser usada a expressão “hell grade” (grau do inferno), ficando o “curry” conhecido, sendo usado em níveis diferentes até nos sorvetes.
Aproveitou-se os feriados chamados de Golden Week do Japão para se divulgar o seu uso e o crescimento parece promissor, até porque não se conta com alternativas interessantes em Fukushima, que sofre problemas de discriminação, com o receio da contaminação nuclear. A produção do habanero chegou a seis vezes ao anterior ao acidente.
Os produtores rurais da região de Fukushima continuam lutando como podem para superar os preconceitos sobre suas produções, ainda que as autoridades já considerem que seus produtos rurais não tenham inconvenientes da poluição nuclear. É preciso apoiar a sua luta pela sobrevivência, inclusive de seus pescados.