Ricardo Galvão é uma das personalidades do ano da Nature
13 de dezembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Ciência, Editoriais e Notícias | Tags: contraria opiniões não científicas do governo, demitido do INPE pelo governo é escolhido com uma das dez personalidades do ano pela consagrada revista Nature, evidência dos incêndios na Amazônia
Um artigo de Giovana Girardi e Paloma Cotes do Estadão antecipam informações que seriam divulgadas na próxima semana informando que o ex-diretor do INPE, o cientista brasileiro Ricardo Galvão, foi incluído pela prestigiosa revista científica Nature como uma das personalidades do ano. Não decorreu da publicação de um artigo relevante, mas de sua firmeza em contrariar o governo brasileiro que, apesar das evidências científicas, atribuía o aumento dos incêndios na Amazônia a ação de algumas Ongs.
Ricardo Galvão, ex-presidente da INPE, contrariando o governo brasileiro, mostrou que havia evidências científicas sobre o aumento dos incêndios na Amazônia
Procurado pela imprensa, Ricardo Galvão confirmou que, para a sua surpresa, foi procurado pela revista Nature somente nos últimos dias para esta expressiva homenagem que contempla somente dez personalidades mundiais neste ano de 2019. O lamentável governo de Jair Bolsonaro sofre diversos reveses e este vem de uma prestigiosa revista científica internacional.
Ainda que tenha uma carreira brilhante, inclusive com cursos importantes no exterior, ele não foi escolhido pela publicação de um artigo relevante, mas da coragem de contrariar as autoridades, pelo qual acabou sendo demitido. Quando o Brasil dispõe de poucas personalidades deste porte, o governo mal informado acaba atribuindo o aumento dos incêndios na Amazônia neste ano como decorrente da ação de algumas entidades que seriam contrárias ao atual governo.
Nos assuntos científicos, até uma jovem sueca de 16 anos mostra que as autoridades não respeitam as evidências científicas contribuindo para a forte deterioração do aquecimento global que, discutida recentemente em Madrid, não contando com uma ajuda governamental. O Brasil mantém-se relutante na tomada de medidas drásticas, mesmo contando com ofertas de recursos do exterior para o seu adequado controle.
A imagem do governo que já enfrenta diversas frentes, em vez de aproveitar os poucos atos mais efetivos, acaba se atrapalhando em palavreados que não apresentam uma lógica razoável, pois mesmo os bons produtores rurais brasileiros pretendem a intensificação da tecnologia visando eficiências mais elevadas, para se preservar a competitiva no mercado internacional.
É preciso mudar o estilo de preferência pessoal do presidente Jair Bolsonaro que procura polêmicas que em nada contribuem para o Brasil, mesmo quando dispõe de alguns fatos científicos concretos. Esta superficialidade, sem considerar o que é feito de científico no mundo, não contribui no desenvolvimento do país, que necessita colecionar fatos positivos como a premiação de Ricardo Galvão, que é um fato extremamente raro.