Desgastes Desnecessários e Incompreensíveis
17 de janeiro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: espera-se que separe suas características pessoais do cargo que ocupa, necessidade de um mínimo de compostura de um presidente da República, numa situação já difícil agrava o relacionamento com a imprensa | 2 Comentários »
Para qualquer analista razoável, a continuidade do comportamento pessoal do presidente Jair Bolsonaro acaba ficando, no mínimo, chocante. A preservação do secretário de comunicação social da Presidência da República não depende se o seu comportamento é legal ou não, pois certamente não é moral. Ficar se referindo toda hora sobre as mães dos jornalistas que estão trabalhando aparenta até uma possibilidade de doença psicológica. E o incompreensível ataque à jornalista Thais Oyama, que está para lançar o seu livro, até aparenta ser uma campanha para aumentar a sua venda.
Presidente da República falando com os jornalistas. Foto da Agência Nacional
A atual situação brasileira, mesmo que mostre algumas ligeiras melhoras ou deixe de continuar piorando, ainda apresenta um quadro que preocupa muitos da população. Nesta situação, as autoridades precisam considerar a conveniência do Brasil, sendo irrelevante se o presidente tem comportamentos pessoais que o leva a se manifestar de forma chocante para muitos, principalmente no trato com a imprensa. Ainda que muitos já tenham desistido de acompanhar as notícias divulgadas, o fato concreto é que a imprensa no mundo todo continua tendo o seu papel na formação da opinião pública. Se existe um forte apoio popular ao governo, a ação governamental costuma ficar facilitada. Isto faz parte da democracia que a humanidade veio conquistando às duras penas ao longo de séculos.
Os analistas mais sensatos acabam achando amoral que o secretário de comunicação social, ainda que licenciado de suas atividades privadas, continue mantendo intensos relacionamentos empresariais com órgãos da imprensa que recebem substanciais apoios do governo. O presidente Jair Bolsonaro expressa a sua opinião que isto não foi ilegal, mesmo sendo imoral, e ele vai continuar no cargo por ser considerado eficiente no seu trabalho em sua opinião.
Sempre que algum jornalista questiona o presidente sobre algum tema em que ele não está totalmente confortável, ele abusa da expressão que “é a sua mãe”, como se ela fosse uma prostituta. Isto não parece nada elegante e compatível com o cargo que ocupa. Informado que a tradicional jornalista Thais Oyama, com rico currículo, vai lançar um livro com possíveis posições críticas ao seu comportamento pessoal, insinua sobre a sua parcialidade, chamando a de “japonesa” quando ela é uma brasileira cujos longínquos ascendentes são imigrantes, falando que ela deveria voltar para o Japão. Assim, poucos brasileiros restarão no Brasil, pois sua maioria tem ascendentes em outros países, inclusive os que para cá vieram na qualidade de escravos. Certamente os editores do seu livro terão que providenciar aumentos de suas ofertas, pois até eu já tenho intenção de adquirir esta obra, como muitos outros leitores.
Muitos dos auxiliares do atual governo não concordam com este comportamento pessoal do presidente, mas ele, alguns dos seus familiares e os que o apoiam incondicionalmente acham que isto até aumenta o seu prestígio junto a um determinado segmento da população brasileira. Isto é duvidoso, pois a maioria parece mais educada nos seus comportamentos, ainda mesmo discordando dos que lhes fazem oposição.
Para alguns brasileiros, há uma consciência que já deixamos de morar nas cavernas há muito tempo e um comportamento mais diplomático parece mais recomendável, para ajudar um país que continua necessitando aglutinar o máximo de apoio para algumas decisões que precisam ser duras, tanto internamente como em nível internacional. Já temos problemas demais e precisamos continuar insistindo que não vale a pena aumentar ainda mais as confusões.
Yokota, com certeza, um dos raros artigos lúcidos de sua autoria. Mas preciso completar o seu raciocínio ao assegurar que só há uma única solução ao Brasil: o retorno do Lula como presidente da República.
Cara Simone Aparecida,
Cada um tem a sua opinião.
Paulo Yokota