O Brasil Real e o Oficial
17 de abril de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: as dificuldades para fazer chegar aos marginalizados a assistência oficial, dificuldades na execução, o novo ministro da Saúde, prioridades | 10 Comentários »
O Brasil que conheço com os seus muitos marginalizados nos seus confins e os mencionados oficialmente apresentam diferenças substanciais. Diante da atual crise que afeta o mundo com o coronavírus, o governo providenciou um mínimo de assistência para a sobrevivência dos menos privilegiados, mas eles não conseguem preencher o mínimo de dados para se habilitar a receber estas importantes assistências. Tanto os analfabetos, residentes nas favelas como no meio rural brasileiro. Imaginar que eles estão capacitados para se registrar usando programas constantes dos celulares, quando estes instrumentos eletrônicos parecem atender somente parte destas populações modestas, que só os usam para se comunicar uns com os outros. Nem um idoso como nós conseguimos usar plenamente estes celulares, atrasando o acesso efetivo a estes recursos assistenciais bem-vindos.
De outro lado, o novo ministro da Saúde, doutor Nelson Teich, bem qualificado academicamente e com atividades no setor privado, não parece ter conhecimento de como funciona efetivamente o SUS – Sistema Único de Saúde com todas as suas limitações, sem nenhuma experiência expressiva da burocracia pública. Sem uma vivência parlamentar pessoal, não possui relacionamentos profundos com os políticos, que possuem uma parcela expressiva do poder no Brasil. Afirmando que economia e saúde podem atuar em conjunto, mostra que ele não está acostumado com crises profundas, que exigem uma prioridade ainda que temporária para um deles. Até o presidente Jair Bolsonaro já admite que se faz o que é possível, não o que se quer. Outros afirmam que com os mortos não se pode fazer mais nada, mas a economia pode ser recuperada, ainda que exigindo muito trabalho e tempo.
Todos sabem que o Brasil não dispõe de meios para atender todos os suspeitos de estarem contaminados, sem meios para a rápida avaliação da sua situação, como equipamentos e recursos humanos para atendê-los mesmo precariamente. Não é por não se preocupar com os aspectos econômicos que se socorre do isolamento dos mais sujeitos às contaminações, principalmente dos que não apresentam ainda os sinais mais claros de estarem afetados.
Médico oncologista Nelson Teich, novo ministro da Saúde
Muitas pesquisas estão sendo feitas em todo o mundo, havendo indícios que alguns medicamentos podem ajudar na superação dos problemas, mas todos admitem que somente vacinas podem ter um efeito mais amplo, com os vírus que continuam evoluindo, tendo características genéticas diferentes.
Há que se preocupar com a capacidade de melhor conhecimento dos que estão afetados, ou as causas de muitas mortes. Começam a aparecer dados que estimam as diferenças com os dados apresentados pelo governo. Sem um melhor conhecimento da situação que o Brasil se encontra, acaba ficando mais difícil até a insuficiência da capacidade governamental neste setor.
Não parece conveniente que se imagine que somente os brasileiros estão capacitados mais que outros povos no que é realmente pragmático nesta calamidade. Tudo indica que vontades políticas não podem superar o que se conhece cientificamente, com todos os seus problemas e insuficiências.
Yokota, acho que o Brasil até que está se saindo bem no combate ao coronavírus. Nós agimos com muita antecedência e o número de infectados, hoje, não é tão grande assim. Abraços. Extremamente útil o seu blog para a sociedade brasileira.
Caro Lauro Barbosa Ferreira,
Obrigado pelo comentário. O que me parece duvidoso é que tenhamos nos preparados para atender os muitos infectados que ainda nem foram identificados. Não temos UTIs, respiradores e nem material para diagnósticos rápidos e muitos estão sendo enterrados sem que conheçamos o que os levou à morte. Até simples proteções para os profissionais de medicina são precárias. Outros países parecem estar melhor preparados, mas alguns subestimaram as dificuldades desta crise.
Paulo Yokota
Professor Yokota:
Sou admiradora do Japão, mas acho que, infelizmente, o Shinzo Abe deu uma de Jair Bolsonaro. O político japonês está agindo com muita lentidão e um certo despreparo.
Beijos e um grande abraço!
Laura Bianchi Bernard
Cara Laura Bianchi Bernard,
Compartilho de sua opinião. Os japoneses tendem a ser demasiadamente conservadores e Shinzo Abe já está por um tempo exagerado como Primeiro Ministro. Deveria ceder o posto para um político mais jovem. Um forte candidato é o atual Ministro Shinriro Koizume, que está com quase 40 anos, sendo de uma tradicional família de políticos importantes, sendo que o seu pai também já foi Primeiro Ministro.
Paulo Yokota
Excelente conteúdo! Artigos muito bem redigidos e didáticos.
Caro Isaque Barreto de Oliveira,
Muito obrigado pelo comentário. Vamos continuar tentando atender a sua expectativa.
Paulo Yokota
Querido Paulo:
A governadora de Tóquio Yuriko Koike é uma ótima opção para substituir o Shinzo Abe.
Cara Jussara Ivashcenko,
Acho também que a Yuriko Koike é uma opção. Ela vem tentando se firmar, mas sua origem como locutora de televisão não lhe dá suporte das principais facções políticas japonesas, havendo poucas mulheres que podem chegar ao topo da carreira política, infelizmente.
Paulo Yokota
Sempre acompanharei o seu blog!
Cara Carla Mota da Silva,
Muito obrigado. Espero poder corresponder a sua expectativa, mantenho a esperança de poder postar noticias mais otimistas.
Paulo Yokota