Problemas Que Precisam Ser Focados na Saúde
23 de abril de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: a primeira entrevista do novo ministro da Saúde Nelson Teich, comparações pouco operacionais, insuficiência dos meios, uma equipe de especialistas em saúde | 4 Comentários »
Todos nós precisamos torcer para que o enfrentamento da crise do coronavírus no Brasil seja o mais eficiente possível, pois muitas mortes estão ocorrendo, como sabido. Aguardam-se informações mais tranquilizadoras sobre a nova equipe do ministro Nelson Teich, pois, mesmo que a logística seja importante, ela só pode deslocar pelo imenso país o que se dispõe por aqui, dadas as dificuldades atuais do mercado internacional. Sente-se a carência de recursos humanos de direção que atue como equipe, além da prioritária operação nas linhas de frente que está sendo dizimada pelo coronavírus. Equipamentos adequados como respiradores, além de UTIs – Unidades de Terapia Intensivas completas, meios para conhecer rapidamente a população em risco com os testes de diversos níveis, desde o período em que a doença ainda é assintomática. Não se podendo combater esta praga simplesmente providenciando novas instalações emergenciais, pois tudo indica que ela apresenta ondas. A comparação inadequada com os países considerados de relativo sucesso como a Coreia do Sul ou Alemanha pouco tranquiliza os analistas sobre a preocupante atual situação brasileira. Ela é defasada no tempo no Brasil, o que nos proporciona a vantagem de contar com outras experiências em diferentes países, que têm algumas características próprias.
Foto do ministro Nelson Teich concedendo a primeira entrevista à imprensa, constante artigo no site Poder 360, que vale a pena ser lido na íntegra
Já estamos atrasados, pois poucos sabiam sobre o coronavírus que acabou sendo mais violento do que outras pragas passadas no mundo. Mesmo países desenvolvidos como os Estados Unidos subestimaram os seus riscos. Propagando-se da China, espalhou-se pela Ásia, chegando à Europa e depois às Américas, inclusive ao Brasil. Mas não estávamos preparados para uma calamidade desta magnitude, que continua evoluindo, apresentando genomas diferentes. Os medicamentos que se conhecem apresentam contraindicações, exigindo hospitais que estejam preparados para diversas inconveniências, não sendo recomendados pelos especialistas. Eles continuam sendo pesquisados, como já existem diversos projetos visando chegar às vacinas, que demoram até que possam ser usadas com apoio científico, como todos sabem.
Seria desejável que se contasse com especialistas que conhecem o SUS – Sistema Único de Saúde, que é um mecanismo que permite formular uma política nacional, mas até agora não há sinais de suas indicações, implicando tempos preciosos já perdidos desde a demissão do ministro anterior de saúde.
Muitos dos equipamentos indispensáveis poderão ser produzidos no Brasil, mas há um mínimo de tempo para que isto se torne uma realidade. Os importantes recursos humanos não podem ser improvisados, pois exigem, para a sua eficiência, algumas experiências. Ainda que a disposição política do governo seja importante, um mínimo de consenso se torna indispensável, pois esta praga não perdoa disputas estéreis. Há um razoável consenso no exterior que um isolamento, mesmo parcial, ajuda na redução dos riscos de sua propagação, como outras providências que já estão sendo generalizadas no Brasil, mesmo com algumas resistências e impossibilidades materiais, como o uso de máscaras, cuidados nas desinfecções.
Tudo indica que o governo federal resolveu rebaixar o nível de autonomia do Ministério da Saúde num período bastante crítico. Lamentavelmente, isto faz parte da realidade brasileira, sendo politicamente muito difícil de ser alterado. O que se pode contar com é com a criatividade dos brasileiros que já superaram vários obstáculos, usando-os como motivações para importantes inovações. Mas não se pode esperar muito, sem grandes prejuízos econômicos, mas principalmente de importantes vidas humanas.
Blog muito bem atualizado!
Cara Yasmin Santos de Almeida,
Acho que mesmo com a ajuda de militar para ajudar na logística, o foco principal precisa ser a saúde.
Paulo Yokota
Yokota, acho que o Luiz Henrique Mandetta fará muita falta!
Caro Adroaldo Cosme,
Obrigado pelo comentário. Também tenho uma impressão semelhante, pois é necessário no mínimo uma equipe.
Paulo Yokota