Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

As Pandemias que Ocorreram e Continuarão Ocorrendo

8 de maio de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: artigo de Delfim Netto na Folha de S.Paulo, falta de visão e adequada alocação de recursos em muitos países, menção importante que não consta da versão eletrônica, sua coluna e a versão eletrônica

Lamentavelmente, apesar dos esforços dos jornais brasileiros como a Folha de S.Paulo, as versões eletrônicas resumem o que está na versão escrita, excluindo menções algumas vezes relevantes, não permitindo uma visão total do que está se tratando. Delfim Netto, na sua coluna semanal publicada às quartas-feiras, faz menções, na última, de que os registros históricos mostram que no ano 429 a.C. já ocorreu a chamada Praga de Atenas, quando o mundo tinha cerca de 70 milhões de habitantes. Hoje, conta-se com cerca de 7,6 bilhões de habitantes e neste longo período ocorreram pandemias ao menos 62 vezes. Um trabalho de Cirilo, P. e Taleb, N.N. “Tail Risk of Contagius Diseases”, publicado em março último, mostra numa tabela que, no mínimo, no século XV ocorreram 8 vezes, no XVI 7 vezes, no XVII 7 vezes, no XVIII 5 vezes, no XIX 16 vezes, no XX 9 vezes e no XXI 10 vezes até 2020, que acabou sendo suprimido na versão eletrônica do artigo. Isto exige que se esteja preparado para enfrentar estas pandemias.

Pouco aprendemos no mundo e no Brasil sobre estes problemas. Os brasileiros contam com o chamado SUS – Sistema Único de Saúde, considerado um dos melhores do mundo, que permite estabelecer uma política nacional de saúde dotando o país todo com uma rede hospitalar adequada para a população. No entanto, os recursos para estas finalidades foram utilizados em outros setores e hoje contamos com uma das piores condições para enfrentar o atual coronavírus, que lamentavelmente provocará muitas mortes e sofrimentos. Mas não fomos os únicos, pois G.W.Bush, ex-presidente dos Estados Unidos, tinha lido um livro sobre a famosa gripe espanhola de 1918, que matou entre 20 milhões e 50 milhões em todo o mundo, inclusive muitos brasileiros. Ele impressionou-se com o fato, mas afirmava que isto só ocorreria a cada 100 anos, otimismo que não se confirmou.

Existem os que dão mais importância à economia do que vida dos seres humanos, que falecidos não existe mais o que fazer, enquanto as economias, mesmo com muitos sacrifícios e tempo, acabarão sendo recuperadas. Pelo pouco que se conhece do atual coronavírus, está se provocando um “boom” de pesquisas sobre os remédios e principalmente as vacinas para enfrentar esta praga, o que clip_image002acabará ocorrendo. Os conhecimentos científicos acumulados ajudarão também para combater outras pragas. Espera-se que a um custo menor e menos tempo, desde que haja um mínimo de racionalidade, baseando-se nos conhecimentos científicos.

Na atual pandemia há que se seguir as recomendações da OMS

Alguns países estão obtendo melhores resultados, havendo um consenso entre os especialistas que o isolamento temporário e bem controlado é o meio mais recomendável hoje conhecido. Ainda que seja desagradável para todos, parece importante no momento que todos “fiquem em casa” o mais possível, principalmente porque existem muitos infectados assintomáticos. O engajamento da população também tem se mostrado relevante nos melhores resultados, como está se verificando em diversos países.

Observa-se também no Brasil um envolvimento de organizações voluntárias até para atender aos menos favorecidos, desde a sua alimentação mínima, como os organizados pelas empresas. O que seria desejável é um razoável consenso nacional, evitando disputas políticas, concentrando as atenções do momento nos problemas de saúde, utilizando os recursos humanos disponíveis com um foco claro.