Dificuldades Para Considerações Equilibradas
5 de maio de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política, Saúde | Tags: a questão entre Jair Bolsonaro e Sergio Moro, no Brasil e no mundo, problema entre favorecidos e necessitados com o coronavírus, tendência para formar um partido razoável | 2 Comentários »
Quando o Brasil e o mundo enfrentam problemas agudos e inesperados como os provocados atualmente pelo coronavírus, mesmo as posições adotadas pelos analistas ponderados e pela imprensa em geral tendem a ficar polarizadas entre poucas posições. Quando, na realidade, os problemas são sempre em graus diferentes de cinzentos, não sendo necessariamente nem branco ou preto. No caso brasileiro, onde o governo Jair Bolsonaro apresenta muitos problemas nas suas atuações, parte da população acaba ficando radicalmente contra ou a favor, não ajudando muito nas soluções negociadas dentro dos limites do possível.
Uma das muitas manifestações públicas do presidente Jair Bolsonaro aos seus simpatizantes
Não se pode duvidar que o presidente Jair Bolsonaro e os que o cercam de perto têm posições discutíveis e radicais no quadro político brasileiro, gerando oposições de diversos tipos. Mas, sendo um dirigente eleito, ele faz uso do seu poder de uma forma muito particular, até contra o seu discurso inicial. Com força política, conseguiria adesões como do bloco chamado Centrão, onde estão muitos parlamentares que pensam nas suas carreiras e procuram extrair do governo vantagens para seus eleitores, relevando o interesse nacional. Ainda que o presidente tenha declarado no passado não fazer acordos políticos para obter o apoio necessário, agora se comporta de forma oposta para conseguir o número mínimo de parlamentares que não permitam o seu impeachment. Ele acaba negociando abertamente cargos que interessam a estes políticos considerados de comportamentos tradicionais, no quadro difícil em que se encontra o Brasil.
A confrontação principal atual do presidente é com o ex-ministro Sergio Moro, que obteve prestígio duvidoso no programa Lava Jato, que o acusa agora de procurar obter informações confidenciais de Polícia Federal que é do Estado e não do governo. Quando o ex-ministro integrava o governo, não teria apontado as possíveis irregularidades do presidente em algumas destas questões, e ele teria sido conivente. Ele está sendo investigado pela Polícia Federal sobre o assunto.
A imprensa brasileira passa também um período difícil, contando com poucos jornalistas experientes que procuram colocar os muitos ângulos possíveis para uma avaliação mais isenta. Flavia Lima, ombudsman da Folha de S.Paulo, aponta que os jornalistas não estão conseguindo colocar todos os ângulos envolvidos para uma boa matéria. Também outras limitações não estão devidamente mencionadas.
Elio Gasperi, um jornalista experiente, aponta que o Brasil está envolvido nestas questões de saúde, da economia e da política, deixando de considerar que na atual crise a disparidade entre os privilegiados e os desfavorecidos está se aprofundando no Brasil e no mundo, agravando o problema social.
Os pacientes privilegiados do coronavírus podem utilizar os hospitais privados que contam com suas UTIs – Unidades de Terapia Intensiva no Brasil com somente 50% em uso. Os desfavorecidos dependem dos hospitais públicos que não contam com vagas para atendê-los.
O aumento de mortes com o coronavírus no Brasil, mesmo segundo o atual ministro da Saúde, tende a cerca de mil pessoas por dia, superando muitos outros países que já estão ultrapassando a fase mais crítica, segundo se acredita. Ainda que não se saiba exatamente os casos de novas contaminações dos já considerados curados, numa segunda rodada ou até mesmo na terceira.
Mesmo com o agravamento das situações de saúde e da economia, continuam as discussões políticas que estão mal equacionadas, não se conseguindo um razoável consenso mesmo dentro da população, onde a resistência para “ficar isolado em casa” sofre fortes reações, principalmente quando muitos pacientes não apresentam ainda indícios evidentes de contaminação. Na realidade, as autoridades continuam falando do que está programado, não revelando todas as dificuldades para implementar os planos, com as muitas limitações que existem no Brasil, infelizmente.
Em países asiáticos ou de pequenas dimensões na Europa, seus dirigentes têm usado da força para impor o interesse nacional acima dos individuais, conseguindo o apoio popular para conseguir um razoável consenso, sem o que esta lamentável crise tende a se prolongar por mais tempo, mesmo com os avanços das pesquisas na obtenção de remédios e vacinas eficientes.
Sr. Yokota:
O que foi feito na China jamais teria o mesmo êxito no Brasil, pois não temos um povo disciplinado.
Bailes funk continuam a ocorrer! Mesmo com praias interditadas, pessoas insistem em frequenta-las! Aglomerações em todo o país são exibidas diariamente pelas emissoras de tv!
O jeito mesmo é torcer por uma vacina para a COVID-19.
Caro Gustavo Cardoso Moreira,
Muito obrigado pelo seu comentário. Muitos países asiáticos, apesar de não serem totalmente democrático no conceito Ocidental, contam muita disciplina. Realmente os brasileiros parecem abusar das suas liberdades individuais, que acabam prejudicando a coletividade.
Paulo Yokota