Etiópia e Africanos com Resultados no Controle do Covid – 19
1 de junho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: artigo no Financial Times, medidas preventivas como medição das temperaturas, medidas simples como a limpeza das mãos, países pobres com pouca circulação internacional, sem muitos recursos hospitalares, uso de máscaras e distanciamentos sociais
Ainda que seja prematuro falar-se da Etiópia, onde nasceu o atual diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhannom Ghebreyesus, país com 110 milhões de habitantes pobres (renda per capita de US$ 2.500 por pessoa), só conta ainda com 731 casos de contaminados, com seis mortes. Por ser um país autoritário, existem os que colocam em dúvida estes dados, mas outros indícios mostram que eles seriam razoáveis. Estes dados constam de um artigo de David Pilling, do Financial Times, traduzido para o português e publicado na Folha de S.Paulo. Segundo as autoridades locais, 40 milhões de habitantes foram examinados nos seus históricos de deslocamento, fazendo-se as medições de suas temperaturas. 50 mil pessoas fazem a quarentena e eles dispõem de 15 mil leitos em centros de isolamento, o que é surpreendente para um país pobre. Quando começou a pandemia, aquele país dispunha somente de 22 ventiladores.
Mapa da Etiópia, no leste do continente africano
Como pouco se conhece ainda sobre o coronavírus no mundo, além das medidas realísticas do governo local, tudo indica que o vírus que chegou à África seria uma forma mais atenuada do que em outras partes do mundo. Também os africanos tinham experiências passadas com outras pragas semelhantes, infectocontagiosas. Também os africanos possuem intercâmbios relativamente menos intensos quando comparados com o resto do mundo, e a idade média é de somente 19,4 anos.
As autoridades locais continuam cautelosas, temendo que seus efeitos econômicos possam ser importantes. Também é preciso considerar que na África, além das autoridades nacionais, as realidades tribais são importantes, com Estados etnicamente diferenciados.
De qualquer forma, o Brasil não pode continuando a alegar que não dispõe de recursos hospitalares e principalmente recursos humanos para enfrentar a atual pandemia, pois existem localidades onde estas carências são mais acentuadas, mas que vêm conseguindo resultados mais expressivos.