O Péssimo Hábito de Aprovar Para Depois Estudar
25 de junho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a prioridade para o saneamento público, custo estimado em R$ 700 bilhões em 12 anos, projeto aprovado na Câmara Federal e no Senado, visando estimular a economia e o saneamento público
Ninguém pode duvidar que o saneamento público seja um assunto prioritário para o Brasil atual. Mas sem um estudo de por que os projetos existentes não avançam, parece pouco operacional que um projeto gigantesco seja aprovado no Congresso Nacional e seja submetido à sanção presidencial. Estima-se que seja um programa que vá investir R$ 7OO bilhões em 12 anos,
Habitações populares à beira de verdadeiros esgotos no Brasil
Quando construí minha casa no City Butantã, quando trabalhava na Universidade de São Paulo, fiquei surpreso que naquele loteamento considerado de qualidade, de uma companhia inglesa que fez muitos deles na Capital paulista, lançava o esgoto diretamente no Rio Pinheiros. Ao seu lado, construía-se um canal subterrâneo que mesmo depois de mais de 50 anos ainda não foi concluído.
A privatização que se pretende promover tanto no tratamento da água potável como do esgoto necessitará de um projeto público privado, pois dificilmente haverá um retorno positivo que interesse aos investidores privados. A estrutura básica de um sistema desta natureza costuma ser arcada pelo governo e somente o que for rentável poderá ser passado para o setor privado, que se espera tenha uma eficiência mais elevada, que não está assegurada. Tudo isto, e muito mais, precisa ser estudado com bastante detalhe, envolvendo os naturais riscos da evolução da economia por um prazo bastante longo. Lamentavelmente, não há milagres nestes setores de infraestrutura.
Aprovar tudo isto sem maiores estudos, “a toque de caixa”, não parece algo recomendável, mesmo nas áreas nobres de São Paulo. Imaginem nas regiões mais pobres, onde muitas áreas foram invadidas, como nas beiras das represas, sem que o mínimo de urbanização tenha sido providenciado.
Para quem conhece um pouco do Brasil, fica claro que nas palafitas do Nordeste ou da Amazônia estas condições sanitárias são mais graves, onde as famílias e as crianças, principalmente, estão sujeitas a todos os tipos de contaminações. Quem costuma viver em Brasília nem sempre está sujeito a estas condições, salvo nas cidades satélites que também apresentam muitos problemas.
Para se efetuar algo sério seriam indispensáveis estudos técnicos que nem sempre as empresas interessadas nas privatizações e nas construções públicas estão voltadas, mesmo contando com recursos humanos habilitados.