O STF Interpreta a Constituição Brasileira
17 de junho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Política | Tags: as decisões que estão sendo tomadas estão corretas mesmo para os leigos em assuntos jurídicos, as Forças Armadas não é um poder moderador como na época do Império, atentar contra esta interpretação acaba sendo um crime, mesmo que alguns não concordem está claro na Constituição Brasileira de 1966 que o organismo que a interpreta é o Supremo Tribunal Federal | 2 Comentários »
Isto de “a Constituição sou eu” é coisa do passado distante na história da humanidade, quando ainda havia o poder absoluto do rei, que acabou eliminado pelo parlamento. Hoje, qualquer país civilizado e democrático conta com poderes independentes que, no máximo, devem agir com harmonia com os demais. Ainda que o presidente da República seja eleito, ele também está sujeito ao estabelecido na Constituição e as Forças Armadas defendem o interesse do país. Se ele afirma que “chegou a hora”, só se pode entender que ele entendeu a situação em que se encontra, passando a moderar o seu comportamento. O professor Delfim Netto, que foi um dos constituintes de 1966, trata do assunto na sua coluna semanal na Folha de S.Paulo. Choca, portanto, como bem colocou o ministro Celso de Mello, um dos 11 membros do STF, quando alguém com autoritarismo formula críticas e desconsidera as decisões judiciais da mais alta corte brasileira.
Plenário do STF que vem se reunindo com o uso da internet devido ao problema do coronavírus
O Brasil, com todas as suas dificuldades atuais, é um país democrático que já tem mais de 50 anos de história com a Constituição de 1986. Os que pensam que isto pode ser mudado por uma conveniência dos correligionários do atual governo estão bastante enganados. Mesmo que o país venha perdendo a sua importância mundial, tanto as forças internas como externas nem cogitam de algo que venha a mudar a sua atual situação política.
Se existem alguns poucos que não concordam com a situação que se enfrenta atualmente, eles terão que se ajustar às regras vigentes no país. O mais provável é que esta situação desconfortável perdurará até as próximas eleições presidenciais, pois são remotas as possibilidades de mudanças com um possível processo de impeachment, sempre doloroso e demorado, que exige a aprovação prévia de parte importante do Congresso. A outra possibilidade remota é que fiquem muito claras as irregularidades ocorridas nas últimas eleições, provocando a anulação da chapa considerada vitoriosa, incluindo vice-presidente.
Ainda que existam críticas sobre a capacidade política do atual governo, não parece que haja alternativa menos traumática. Não se faz o que se deseja, mas o que é possível. E o quadro completo, lamentavelmente, continua muito adverso, com custos sociais elevados, principalmente para os menos favorecidos. Como consolo, o que se constata é que situações semelhantes estão sendo enfrentadas também por outros países, onde os que se encontram no poder têm mais problemas em preservar suas posições.
O Brasil vem revelando uma flexibilidade para superar suas crises, que podem ser mais rápidas se os governantes puderem admitir suas limitações, mesmo efetuando entendimentos custosos com o chamado Centrão, o que estava fora de cogitação do governo atual.
Lindo texto!
Cara Agnes M.D.Santos,
Obrigado pelo comentário. Apesar do isolamento continuamos tentando garimpar assuntos que atendam as expectativas dos leitores.
Paulo Yokota