Seria um Erro Subestimar os que não Apreciamos
15 de junho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: considerações de Bernardo Carvalho no Ilustríssima da Folha de S.Paulo, ensinamentos de milênios dos chineses, pesquisas de junho de 2020 do XP/Ipesp
A tendência natural de qualquer analista é dar menos importância às opiniões com as quais podemos ter restrições. Mas os chineses, há milênios, ressaltavam que para avaliações adequadas seria conveniente um profundo conhecimento tanto dos fatores favoráveis como dos contrários. Uma pesquisa da XP/Ipesp indica que, para a população brasileira, o presidente Jair Bolsonaro, neste mês de junho, deixou de contar com tendência de ligeira queda na sua avaliação, contado agora com 50% dos que o consideram bons e regulares contra 48% de ruins ou péssimos. Bernardo Carvalho, no seu artigo publicado no Ilustríssima da Folha de S.Paulo deste domingo, fica com uma posição contrária aos que consideram o presidente um asno.
Gráfico de avaliação do governo, elaborado por XP/Ipesp, que vale ser examinado na íntegra da matéria com o texto publicado
Ainda que os dados dos afetados pelo coronavirus, como das mortes ocorridas que estejam assustadores, continuando com uma tendência de crescimento sem ter chegado ainda ao seu pico, ao mesmo tempo em que a situação econômica e social piora, sendo superada, por ora, somente dos Estados Unidos. A imagem para a população pelas pesquisas efetuadas se estabilizou. Muitos jornalistas chegam a considerar o presidente um asno, cercado de auxiliares e familiares de duvidosas qualificações, mas tudo indica que a população não pensa da mesma forma.
O presidente atende aos segmentos que considera estratégico para os seus objetivos, como a possibilidade de sua reeleição, evitando por ora a possibilidade de um processo de impeachment. O chamado Centrão, do ponto de vista político, é atendido e os mais modestos eleitores ficam aliviados com os benefícios emergenciais que estão recebendo, ainda que corram riscos de saúde, que não são claramente percebidos com os muitos casos considerados assintomáticos. Mesmo que os especialistas entendam que é prematuro suspender os isolamentos, o anseio de parte da população é voltar a movimentar-se, mesmo com filas em algumas regiões de lojas populares, favorecendo a posição governamental.
O Brasil já apresenta dados relacionados com o coronavírus que estão cada vez mais próximos dos Estados Unidos que está no seu topo, que já passou pelo seu pico, o que ainda não chegou entre os brasileiros. As precariedades da rede hospitalar, principalmente de recursos humanos pelo interior, só são preocupações de especialistas, não a população.
Parte dos brasileiros acredita em milagres, mesmo que os profissionais de medicina estejam sendo afetados, apesar dos heroicos cuidados que procuram adotar. As limitações brasileiras são elevadas e muitos militares estão preenchendo vagas do Ministério da Saúde, ainda que não sejam de suas especialidades.
Especialistas da Organização Mundial de Saúde se preocupam com o Brasil e a América do Sul, que estão se tornando foco principal da atual pandemia. Mas se a população e o governo brasileiro não se sensibilizam com o problema, só resta chamar a atenção sobre os riscos que estão às portas.