Disputada Sucessão de Shinzo Abe no Japão
31 de agosto de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a antecipação da renúncia provoca dificuldades, opiniões diferentes dos jornais japoneses, prognóstico difícil, Sucessão de Shinzo Abe, uma composição considerando o futuro
Nos bastidores da política japonesa, as mulheres dos políticos costumam ser as mais informadas. O sistema distrital exige que o político esteja em Tóquio, que é a Capital, e sua mulher é quem cuida dos eleitores nos seus distritos. Encontrei uma que me afirmou que não interessava quem seria o sucessor imediato, mas, pensando a longo prazo, havia de se considerar muitos lances à frente, como nos jogos estratégicos como o xadrez, o shogi (xadrez japonês) ou o go (ocupação dos espaços). Mas, quando se trata de uma renúncia antecipada por motivo de doença, o quadro tende a mudar, ficando mais difícil saber o que vai acontecer, principalmente para os leigos, quando o poderoso Taro Aso, que é o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, declara que não estará na disputa.
Os candidatos potenciais à sucessão no sentido horário a partir do canto superior esquerdo: Shigeru Ishiba, Fumio Kishida, Toshimitsu Motegi, Yoshihide Suga e Taro Kono, constante do artigo no site do Japan Today, que vale a pena ser lido na sua íntegra.
É preciso considerar também que existem facções dentro dos partidos, contando com muitos parlamentares, como a necessidade de coalizão com outro partido para se contar com uma maioria estável. É algo muito difícil, principalmente para os brasileiros, que tendem a pensar somente nas próximas eleições. O secretário chefe do Gabinete, Yoshihide Suga, deve estar entre os que conhecem melhor a situação, figurando como um dos candidatos.
Além dos cargos no governo atual, os potenciais candidatos podem ocupar posições estratégicas dentro do seu partido, o PLD – Partido Liberal Democrata, que vem ocupando por décadas uma posição majoritária, fazendo uma coligação com o Komeito, que quase sempre tem sido seu aliado. Fumio Kishida é o chefe da política partidária, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, considerado de preferência de Shinzo Abe. O ex-ministro da Defesa Shigeru Ishida é considerado o mais popular entre os eleitores, mas menos apoiado pelos parlamentares. Taro Kono, atual ministro da Defesa e ex-ministro de Negócios Estrangeiros, é considerado que entende de mídia social. A situação atual no mundo é considerada fora do normal, com a pandemia atual. Os especialistas consideram que a política japonesa não deve mudar muito com o novo governo. A pesquisa de opinião feita pelo jornal Yomiuri Shimbun deu por ora 24% para Ishiba, muito à frente de Suga e Kishida, com 4% cada.
Como existem muitos problemas importantes em pauta no Japão, tudo indica que as eleições do novo governo se realizem em 15 de setembro próximo, o que é possível, por se tratar de um regime parlamentarista.