Os Paiter-suruís de Rondônia Afetados Pelo Coronavírus
15 de agosto de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: ao lado norte da Rodovia Cuiabá-Porto Velho, indígenas afetados pelo coronavírus precisando de assistência médica, região de Cacoal, uma epidemia de sarampo em 1969 reduziu uma população de 5 mil para pouco mais de 200
Todos nós ficamos mais sensibilizados quando tribos indígenas conhecidas são afetadas pelas moléstias mortíferas para eles. Quando presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), atuamos muito em Rondônia e minha colega Bety Mindlen Lafer, filha de José Mindlen e ex-esposa do ministro Celso Lafer, que tinha se transformada em antropóloga, pedia para ajudar os indígenas que habitavam ao norte da Rodovia Cuiabá-Porto Velho, na proximidade da cidade de Cacoal que estava se formando.
Todos nós sabemos que eles são mais sensíveis às doenças transmitidas pelos chamados civilizados. Rondônia conta com uma grande mancha de terras férteis e muitas comunidades dos chamados civilizados as transformaram em cidades importantes. Mas, para o atual governo, os indígenas não são considerados prioritários e o Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI não conta com condições para atendê-los nas suas urgentes necessidades criadas pelo coronavírus. Poucos doentes críticos conseguem vaga numa UTI. O assunto mereceu um artigo de Monica Prestes, que está publicado na Folha de S.Paulo.
Os paiter-suruís, de Rondônia, precisam de ajuda médica, pois estão sendo dizimados pelo coronavírus. Foto constante do artigo no site da Folha de São Paulo, que merece ser lido na sua íntegra
Estes indígenas estão espalhados por pequenas aldeias, mas na sua maioria está sendo afetada pelo coronavírus, não dispondo de vagas nos hospitais locais para tratamentos nas UTIs. Os líderes mais idosos que eram pagés já tinham perdido o seu status com a chegada dos evangélicos e evitam ir aos hospitais, onde são discriminados. Em Rondônia, concentra-se 682 casos de contaminados com 15 mortes e os afetados não encontram vagas no hospital.
O cacique da aldeia Lapetanha, Mobiry Surui, menciona: “Digo a todos, chefes de estado, políticos com mandato: por causa de nossa existência que ainda há essa floresta que vos alimenta e ainda mantém a temperatura estável no mundo. Essa é a nossa contribuição para o planeta. Agora queremos a retribuição de vocês”.
Sem a assistência indispensável do governo, os próprios indígenas voluntariamente se organizam para fornecer o mínimo indispensável para os índios. São alimentos, remédios, sabão, álcool gel e outros produtos obtidos por doações generosas, mas tudo ainda é insuficiente.
O artigo menciona telefones para os que desejam contribuir: (69) 99264-0738, (69) 99935-1002 e (69) 99342-0757.