Dificuldades Impossíveis de Serem Superadas Pela Retórica
3 de setembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: agravamento com a pandemia do coronavírus, desgastes de acadêmicos que imitam retóricas vazias, necessidade de compreensão dos políticos, problemas econômicos difíceis de serem superados
Quando o IBGE divulga uma queda histórica do PIB brasileiro de 9,7% no 2º trimestre deste ano, não parece muito feliz que o ministro da Economia Paulo Guedes afirme que isto seja o “barulho de um raio” que caiu no passado. Isto aparenta uma retórica do atual presidente da República que faz muito uso deste tipo de apalavrado, quando as questões que o Brasil enfrenta são muito sérias, necessitando do sacrifício de todos. O risco é que Guedes venha a ser considerado o principal responsável do governo por este pobre desempenho do Brasil, por não contar com condições para obter a colaboração de todos, principalmente da classe política brasileira e da pesada administração pública, incluindo muitos militares.
Paulo Guedes sobre a queda do PIB brasileiro no 2ª Trimestre deste ano afirma que se trata do barulho do raio que caiu em abril
Todos sabem que Paulo Guedes é um economista com parte de sua importante formação feita na Universidade de Chicago, tendo atuado no Brasil no setor financeiro privado, sem uma experiência profunda do setor público. Uma parte de sua equipe já deixou recentemente o governo onde existem muitos que não partilham dos seus pontos de vista. O próprio presidente da República tem feito reparos a sua atuação, de quem tem recebido advertências sobre a necessidade do controle do déficit público. Até agora, apesar de muitos desconfortos, Paulo Guedes continua no principal cargo da área econômica brasileira.
A grande maioria dos economistas brasileiros entende que a economia brasileira só tem condições de uma recuperação lenta ao longo de muito tempo de grandes sacrifícios. No entanto, sempre existem os que acreditam em fórmulas milagrosas para resolver os problemas brasileiros. Resultados econômicos chocantes como os atuais dificilmente são suportáveis politicamente sem algumas mudanças, no caso brasileiro.
Segundo os dados da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o Brasil figura no bloco intermediário da queda do PIB no segundo trimestre com relação ao do primeiro, havendo muitas grandes economias como dos Estados Unidos e da Europa que obtiveram resultados piores. O caso brasileiro é chocante porque não se esperava algo tão elevado, com uma perspectiva futura que não fosse brilhante.
A Folha de S.Paulo publicou diversos artigos tratando do assunto, que merecem a devida atenção.