Problemas Atuais e Pretensões de Reeleições
30 de setembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Saúde | Tags: distorções evidentes nas comunicações sociais, incêndios descontrolados, no topo da pandemia, pretensões de reeleição
Os dados estatísticos demonstram que os Estados Unidos e o Brasil apresentam os números mais alarmantes de contaminação e mortes com a atual pandemia do coronavírus. Os dados mais agudos de incêndios dos norte-americanos e brasileiros também indicam que os dois países estão em situações desconfortáveis, com a ineficiência dos governos no seu combate. Parecem evidências que justificariam as mudanças de governo numa democracia. No entanto, em ambos os países, os que estão atualmente no poder são candidatos à reeleição.
Gráfico sobre as mortes com o coronavírus, constante do artigo publicado na Folha de S.Paulo, que vale a pena ser lido na sua íntegra
Ainda que os governos federais de ambos os países não sejam os responsáveis exclusivos destes resultados adversos, não há como negar que tenham um papel importante na política nacional que adotaram, tanto no combate ao coronavírus como também nos incêndios que estão provocando grandes estragos, estes últimos agravados pelas condições climáticas em muitos países. As consequências destes problemas se estendem pela economia, afetando de forma mais profunda a parcela da população menos privilegiada, ampliando os problemas sociais.
Os sistemas eleitorais nos dois países são diferentes e nos Estados Unidos a Federação é mais importante, com cada Estado tendo a sua particular forma de participar da União, onde os votos não são obrigatórios. No Brasil, os eleitores de qualquer Estado tem a mesma importância em termos nacionais e são obrigatórios.
De qualquer forma, numa democracia, a tendência deveria ser de refletir a vontade dos eleitores que está parcialmente distorcida, pelo aumento do uso das redes sociais e dos volumosos recursos financeiros utilizados pelos partidos políticos. O normal seria que as eleições democráticas refletissem a vontade dos eleitores, com o mínimo de viés.
Em ambos os países, as polarizações que estão sendo estimuladas não facilitam os entendimentos entre os diferentes grupos, fazendo com que os governos não atendam a todos ou, no mínimo, a maioria. Em todos os países, sempre existem mais de duas cores, havendo também os intermediários e os governos devem atender o máximo da população. Isto não está sendo estimulado no momento, pelo contrário.
O que pode acabar forçando a cooperação de todos é a natureza, mesmo demandando muito tempo para isto. No Japão, por exemplo, as inundações obrigaram muitas comunidades a trabalharem em conjunto, dando início ao cooperativismo. Estas calamidades públicas estão se multiplicando em todo o mundo, forçando trabalhos coletivos, sem deixar espaços para divisões políticas. Quanto mais rapidamente os dirigentes das comunidades entenderem suas limitações, os danos a todos poderão ser menores.