A Cautela de Joe Biden é Muito Sensata

26 de novembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: o contraste com Donald Trump, orientação sensata para o momento, os primeiros nomes indicados, tentativa de redução da polarização

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, está dando uma demonstração de uma sensatez que contrasta com Donald Trump, o que é conveniente para aquele país e para o mundo. Do ponto de vista ideológico, ninguém é totalmente preto ou branco, mas a maioria tende para variados tons de cinza, ainda que, para se diferenciarem, muitos políticos enfatizem os extremos na campanha eleitoral, que não reflete adequadamente a realidade.

O presidente eleito Joe Biden e a vice-presidente eleita Kamala Harris apresentam seus indicados para cargos importantes de segurança nacional e política externa. Foto constante do artigo no Nikkei Asian Review, que vale a pena ser lido na sua íntegra

Na disputada campanha eleitoral nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump exagerou na polarização política e ideológica naquele país, que acabou se espalhando por muitos outros no mundo, inclusive no Brasil que, infelizmente, não conta com um governo equilibrado, concentrando seus interesses prioritários nas próximas eleições presidenciais. Apesar das graves dificuldades no setor médico que acabam se estendendo por toda a economia, afetando profundamente os mais necessitados do ponto de vista social.

As outras personalidades que estão sendo indicadas para, possivelmente, compor o novo governo norte-americano constata-se que predominam os que possuem experiências passadas acumuladas em diversos cargos importantes que já ocuparam. Como a atual situação nos Estados Unidos e no mundo são graves, não existe tempo a perder e a transição que deverá durar cerca de dois meses exige um trabalho intenso de conhecimento do que está em andamento e o que necessita de mudanças possíveis.

O clima que o governo eleito norte-americano está ajudando a criar está sendo bem recebido pela imprensa mundial, mas não é o suficiente, pois volumosos recursos são indispensáveis para os que foram afetados, principalmente pela pandemia Covid-19 e suas consequências, do ponto de vista científico. Nos Estados Unidos, existe uma real federação e muitas medidas necessitam do apoio dos estados que possuem legislações diferentes, começando pelo sistema eleitoral.

Como naquele país não existe algo semelhante ao SUS – Sistema Único de Saúde brasileiro, as novas ondas de mortes e afetados que já eram recordes estão atingindo cifras difíceis de serem imaginados. Ainda que vacinas promissoras estejam em suas fases finais de pesquisas, sua produção em massa e a logística de sua distribuição e aplicação na população demandará um tempo precioso.

Como o hemisfério norte já está com a estação do ano no outono/inverno, o aumento dos problemas respiratórios é mais agudo e as incríveis variedades dos coronavirus ainda não permitem o perfeito conhecimento da Covid-19 e sua evolução no tempo, nas mais variadas partes do mundo, restringindo a possibilidade da livre circulação mundial das pessoas, o que não facilita a recuperação econômica, apesar dos primeiros indícios positivos em alguns países. Nem mesmo o turismo, que estimula as demandas, pode atuar com sua plena capacidade.

Tudo está exigindo o aumento da cooperação internacional, ainda que continuem existindo diferenças ideológicas importantes entre os diferentes países. O pragmatismo para superar muitos obstáculos torna-se indispensável, começando pelos Estados Unidos. O que se espera é que o Brasil, que conta com muitas outras limitações adicionais, mas costuma copiar parte do que ocorre no exterior, entre numa nova fase de aumento da flexibilidade do seu governo, adaptando o que já começa a ocorrer entre os norte-americanos.

Não é demasiado enfatizar que os números que envolvem os vitimados pela Covid-19 apresentam os Estados Unidos na lamentável liderança e o Brasil figura em segundo lugar, sem contar com uma economia capaz de suportar seus elevados custos. Também em rede hospitalar e recursos humanos na área da saúde, o Brasil conta com condições adversas, difíceis de serem superadas em pouco tempo, o que é preciso ser contornado pela criatividade de todos os brasileiros.