Brasil Paralisado no Mundo que Tenta Mudar
28 de dezembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a China estimula o seu desenvolvimento tecnológico, e o Brasil?, o Reino Unido e a Comunidade Europeia acertam um plano para acelerar o Brexit, os Estados Unidos aprovam um plano aplicando US$ 900 bilhões para mudar o quadro atual, The Economist afirma que o Japão melhor entendeu a Covid-19
Apesar de todas as dificuldades atuais do mundo, os principais países procuram tomar medidas que possam superá-las, mesmo sabendo que as tarefas não são fáceis. O Brasil aparenta estar perdido, não ficando claro para a população o que o governo planeja, alem da pretensão de continuar no poder, mesmo com o sacrifício pesado dos menos privilegiados da sociedade brasileira.
A charge de João Montanaro na Folha de S.Paulo de hoje sugere que o Brasil fica fora do mundo com a questão do vírus
Até agora o governo brasileiro fazia companhia ao do norte-americano Donald Trump, que, tendo aprovado agora um plano de US$ 900 bilhões para ativar a economia dos Estados Unidos, deixou o Brasil isolado dos esforços que estão sendo feitos no mundo. Mesmo que a dimensão econômica seja diferente, o que fica mais claro é que o governo de Jair Bolsonaro não sabe para onde caminhar, mesmo que existam ofertas externas para ajudar a resolver alguns dos seus problemas que afetam outros países, como o controle do desmatamento e investimentos indiscutíveis em infraestrutura.
Quando no crucial problema da atual pandemia outros países latino-americanos já iniciaram as aplicações das vacinas, os brasileiros ainda não se sentem seguros de quando isto vai se iniciar, por divergências políticas. Além da falta de preparo de todas as condições indispensáveis para a sua aplicação maciça, que não são poucas. O atual ministro da Saúde, considerado um especialista em logística, está verificando que lidar com militares é muito diferente do que operar com os profissionais da saúde, que já estão no limite dos seus sacrifícios pessoais.
Ainda que o Brasil conte com o SUS – Sistema Único de Saúde, com longa tradição de aplicação de diversas vacinas, além de duas instituições, o Instituto Butantã e a FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz, com profundas experiências nas produções delas. E estejam engajadas desde o começo destes trabalhos de pesquisas no mundo, em parcerias com reconhecidas instituições internacionais que conhecem as vantagens dos trabalhos brasileiros.
Não se consegue ainda saber nem quando poderá se iniciar este processo de vacinação. É evidente que isto não é um problema militar, mas de especialistas em saúde pública.
Chega-se a imaginar até a possibilidade de uma espécie de conspiração, ainda que a hipótese mais provável seja o total despreparado dos dirigentes máximos do país para lidar com problemas técnicos e científicos. Fazer prevalecer suas vontades pessoais sobre os interesses coletivos chega a beirar o crime com a população brasileira.
Alem de membros do Judiciário e Legislativo estarem participando indevidamente de questões que não deveriam ser de suas áreas, a divulgação oficial claramente incorreta para a população ajuda a aumentar os obstáculos para a adoção de medidas preventivas mínimas, como o uso adequado de máscaras e evitar aglomerações desnecessárias.
Outros países com condições menos adversas estão obtendo resultados mais razoáveis, ainda que os conhecimentos científicos continuem precários, com tantas variações que continuam ocorrendo, como as recentes mutações dos variados vírus que estão sendo agrupados como Covid-19. Fica-se com a impressão que as orientações gerais do governo brasileiro sobre o atual problema não estão entre as mais recomendáveis no momento.
As contaminações e as mortes poderiam ser limitadas nos níveis mais razoáveis, não sendo aceitável que a população brasileira continue arcando com tantos erros, que estão sendo apontados pelos especialistas. Os familiares das vítimas estão nos extremos do suportável, esperando-se que não se repitam as violências que estão ocorrendo em alguns países.