Pau-Brasil de 600 Anos no Sul da Bahia
7 de dezembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: comprovado por especialistas, necessidade de criação de uma reserva florestal especial, poucas raridades existentes
Um importante achado foi relatado pela jornalista Sonia Racy, na sua coluna no jornal Estadão deste domingo, 6 de dezembro de 2020, e merece um tratamento especial dos brasileiros. Num país civilizado, uma árvore de pau-brasil com cerca de 600 anos seria decretada Tesouro Nacional Vivo, e uma reserva florestal seria criada especialmente para ela, pois não se conhecem outros exemplares desta variedade mesmo próximos desta idade. Consta o nome de Paula Bonelli como autora do artigo sobre o assunto.
Ricardo Cardim, Alex Vicentin e o guia Uanderson Matos com a árvore rara. Foto: Cassio Vasconcelos, constante do artigo publicado no site do Estadão, que merece ser lido na sua íntegra
Uma expedição foi organizada com a participação do botânico Ricardo Cardim, segundo o artigo, comprovando a existência desta árvore no último dia 22. O mateiro e empreendedor ambiental Alex Vicintin foi junto até o local que fica no município de Itamaraju, no Estado da Bahia.
Ricardo Cardim já tinha esquadrinhado a região algumas vezes desde 2016, pesquisando as árvores gigantes que restaram na Mata Atlântica. O trabalho resultou em livro e exposição intitulados Remanescentes da Mata Atlântica, cuja mostra está em cartaz no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. O fotógrafo Cássio Vasconcellos e o botânico Luciano Zandoná também participaram da elaboração do livro. Desde então, desenvolveram um elo de confiança com os moradores do assentamento Pau-Brasil.
No mês passado, a equipe estava na região e soube, por intermédio de um guia, da existência de um remanescente da espécie de árvore maior do que outros que eles tinham registrado. O guia informou que somente um homem da comunidade conhecia como e em qual trecho da floresta ela se encontrava. Eles conseguiram convencer o guia da importância deste conhecimento para todos.
Ricardo Cardim confessa que levou um susto com o pau-brasil com 7,13 metros de diâmetro, quase três vezes maior dos que já tinham tabulado. A árvore está cheio de “rugas”, e se estima que tenha a idade de 600 anos, medindo cerca de 40 metros de altura.
O experimentado botânico acredita que se esta árvore fosse encontrado num país como a Alemanha, o governo criaria um parque exclusivo para ela, visando a sua preservação. Segundo ele, a árvore tem um simbolismo enorme para o país, tendo sobrevivido a cinco séculos dn Mata Atlântica, com todos os problemas como o fogo e falta dos cuidados da preservação.
Para fazer um paralelo, o que ainda existe são as árvores que rebrotaram no século 20, sendo muito difícil um remanescente do século 18, pois prevalecia o vale tudo da época, segundo o botânico, destruindo tudo. Lamentavelmente, este tipo de descuido continua até hoje.
O Brasil dispõe de poucos Tesouros Nacionais Vivos e os que se preocupam com o que ainda resta no país, raridades desta natureza merecem a maior consideração da população, apesar da falta de prioridade das autoridades. Parece que se trata de um assunto que extravasa o âmbito do país, não sendo somente importante para as Américas como para o mundo. O passo mínimo seria submeter o assunto, com a máxima urgência, à UNESCO, como entidade das Nações Unidas que cuida deste tipo de assunto.