Economistas nos Períodos de Acentuadas Carências
27 de janeiro de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: conhecimento das realidades, os casos brasileiros e japoneses, Recomendações para as escolhas das prioridades
Todos sabem que os economistas em qualquer parte do mundo podem contribuir para opções políticas mais razoáveis que necessitam de decisões políticas. Com conhecimento da realidade, podem ajudar as autoridades a escolherem as prioridades dos usos dos recursos escassos, que são políticas e levam em consideração os valores de um governo. No caso brasileiro, parece que nada disso fica muito claro por deficiências econômicas e políticas, reduzindo a eficiência das ações que serão executadas.
Um artigo elaborado por Vinicius Sassine e publicado na Folha de S.Paulo, baseado num levantamento feito pelo CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, informa que, neste crucial período da pandemia, o governo Jair Bolsonaro reduziu recursos para importação de equipamentos para o Instituto Butantan e Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz, que se empenham nas pesquisas voltadas ao combate da Covid-19. Continuam sendo reduzidos com corte de 68,9% em 2020 para US$ 300 milhões, e US$ 93,29 neste ano de 2021.
O governo Jair Bolsonaro corta os recursos para pesquisas no Instituto Butantan e FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz
Segundo consta deste artigo, em 2010 estes recursos eram de US$ 600 milhões, passaram para US$ 700 milhões em 2017, caindo em 2019 e 2020 para US$ 300 milhões, devendo ficar em US$ 93,29 neste ano.
O que os economistas podem fazer é indicar os projetos que podem dar retornos pelas performances passadas, que não se resumem somente no combate à Covid-19. Estas duas instituições são conhecidas internacionalmente pela produção de vários tipos de vacinas para diferentes moléstias, comprovando a capacidade de seus recursos humanos. O que está sendo feito agora pode ser considerado por muitos como algo criminoso neste período crucial, não permitindo sequer que tecnologias desenvolvidas com intercâmbio com consagradas instituições internacionais possam ser usadas para atender às amplas necessidades da população brasileira e países vizinhos.
O que parece indispensável é que todos os brasileiros, autoridades ou não, deixem claro que as prioridades do governo não sejam de caráter político-eleitoral. Ainda que o orçamento governamental apresente diversas necessidades, existem prioridades que precisam ser melhor contempladas. O Brasil é um país que conta com o SUS – Sistema Único de Saúde, com experiência para atender a um grande número de brasileiros, não necessitando sofrer o número elevadíssimo de contagiados e as mortes que figuram como somente abaixo dos Estados Unidos no mundo.
Isto não se resume somente a esta área. Na mesma Folha de S.Paulo, um artigo elaborado por Larissa Garcia informa que o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, baseado no que ocorre em Israel, informa que o atendimento dos idosos ajudaria na recuperação da economia brasileira. Comparar o Brasil com sua dimensão, extensão territorial e condições políticas com aquele país chega a provocar risos de alguns observadores.
Também no Japão, com a expectativa de realização tardia das Olimpíadas, empenha-se no sentido da redução dos contágios e mortes. Os investimentos já efetuados, os compromissos com os patrocinadores condicionam suas decisões, mas os cancelamentos dos eventos figuram constantemente da imprensa local ou internacional.
Estes e outros casos indicam as limitações das considerações dos economistas, pois existem muitos fatores políticos que acabam determinando as escolhas das prioridades dos gastos dos recursos sempre limitados.