Países que Lidam Melhor com a Atual Pandemia
30 de janeiro de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: as dificuldades norte-americanas e brasileiras, Levantamento da Lowy Institute da Austrália, o que podemos aprender com a experiência internacional, países pequenos do Sudeste Asiático
A Nova Zelândia, um pequeno país no Pacífico, próxima da Austrália, vem obtendo bons resultados em diversos setores, figurando como a mais eficiente no combate à atual pandemia. Mas outros países pobres também conseguem resultados admiráveis, enquanto os Estados Unidos e o Brasil estão entre os piores. O que poderíamos aprender com as boas experiências?
Tabela organizada pela Lowy Institute da Austrália
É bastante difícil isolar alguns fatores que estariam influindo nestas performances, mas parece que alguns dados permitem a suspeição de que haveria fatores culturais que afetaram estes resultados, e que são difíceis de serem alterados. A Nova Zelândia, um pequeno arquipélago situado próximo à Austrália, estaria consolidando nas últimas décadas algumas culturas, sem as quais a sua sobrevivência poderia sofrer riscos, não se restringindo ao problema da saúde. No momento, a população parece aceitar o forte comando de sua primeira-ministra, que chegou até ao problema sanitário, onde se mantém o regime democrático no país.
Vietnã é outro pequeno país que já enfrentou dificuldades com colonialistas franceses, ocupação militar japonesa e uma guerra desigual, onde os norte-americanos foram derrotados militarmente, não se permitindo que o domínio chinês chegue ao país. Sua economia de pequenas propriedades, entre outros fatos, hoje se tornou o segundo produtor de café no mundo, abastecendo a China como o Japão, grandes consumidores. O mesmo espírito exige uma forte disciplina da população no que se refere à saúde.
Outro país pequeno, Taiwan luta para manter a sua independência política com relação à poderosa China, exigindo uma disciplina que se transfere também para o setor de saúde. A Tailândia torna-se um mistério, pois não passou pelas experiências dos outros pequenos países da região e mantém um resultado na saúde que chega a ser surpreendente para quem conhece aquele país. Outros casos de pequenos países parecem exigir também disciplinas para se preservar independentes, o que acaba influindo nas questões de saúde.
No caso das piores performances na atual questão sanitária, além da indisciplina governamental atualmente vigente no Brasil, parecem claros que a indiferença sobre os riscos de saúde conduziu o país para a pior situação entre os 98 países estudados.
Além de um posicionamento governamental mais realista, tudo indica que sem uma disciplina da população dificilmente se conseguiria avanços substanciais nos atuais problemas de saúde, pelo que se observa no resto do mundo. Não se trata somente da cultura em determinados setores, mas algo mais abrangente, influenciando simultaneamente todo o conjunto.
O Brasil, por contar com tradições no sistema de saúde, com o SUS – Sistema Único de Saúde, além de longas experiências do Instituto Butantan e da FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz, deveria estar numa situação privilegiada, mas a atual cultura governamental e a indisciplina da população está o deixando na última posição na avaliação feita pelos australianos.
Mas, por estarem hoje numa situação precária, melhorias substanciais poderiam ocorrer com a melhoria no posicionamento do governo e da população, galgando rapidamente muitas posições.