Pecuária de Corte e de Leite no Brasil

1 de fevereiro de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: ajuda do Banco Mundial, Aprendendo com experiências em outros países, pecuária de corte da Austrália, pecuária de leite na Nova Zelândia

Desde os anos 1960, quando, como diretor do Banco Central do Brasil de crédito rural, eu procurava aprender com o melhor que se praticava em outros países com o gado bovino. No gado de corte, a experiência da Austrália era importante, pois, além das gramíneas, havia pastos em consorciações com leguminosas, que forneciam alimentações avançadas para os gados de corte. No gado leiteiro, a Nova Zelândia contava com um sistema eficiente que acabou sendo transferido para o Brasil. Em Minas Gerais, a melhor fazenda para a produção de leite veio do outro lado do mundo e está ajudando a melhorar a exploração deste país, que tradicionalmente era usada para a produção do queijo, que continua também melhorando na sua produtividade.

Raça Droughmaster australiano de gado de corte de zona temperada

Enquanto no Brasil um cruzamento do antigo chamado “pé duro”, trazido pelos portugueses com os zebuínos acabaram criando o nerole, resistente no cerrado e condições adversas, mas de produtividade relativamente modesta. Tinham como base Uberlândia e Uberaba, no Triângulo Mineiro, mas a sua exploração chegou até a Amazônia. Os dados de origem europeia predominavam no Sul do país. Um grande produtor brasileiro chamado Tião Maia experimentou começar a exploração na Austrália e, tendo encontrado condições favoráveis, tornou-se um grande produtor local. No que se refere ao gado leiteiro, a partir de Minas Gerais, onde o leite era destinado as pequenas produções de queijo ou consumo em natura, os aperfeiçoamentos continuaram ocorrendo. Os mais apreciados se concentraram na Serra da Canastra, mas também existem outras variedades que chegam a impressionar os tradicionais europeus. O grande impulso ocorreu quando produtores da Nova Zelândia trouxeram suas tecnologias para produções mais avançadas de leite, em Minas Gerais, e muitos produtores brasileiros acabaram aprendendo parte com eles.

Tradicionalmente, os produtores de produtos de leite, como em pó ou condensados, eram europeus que tinha excesso de produções e os consumidores locais eram limitados. Nos grandes centros urbanos, como São Paulo, cabras forneciam leite in natura que tinha a fama de ser conveniente para crianças, notadamente com algumas moléstias.

Hoje, existem muitos outros grandes criadores de gado bovino, notadamente para produção de carnes, que chegam a ser exportados para várias partes do mundo, atendendo até preceitos religiosos, como dos judeus ou árabes. Até no Japão, trabalhadores muçulmanos se abastecem nos armazéns brasileiros, dado os atendimentos das exigências religiosas.