28 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: aperfeiçoamentos possíveis, legislação disponível, medidas preventivas disponíveis, o lamentável desastre de Santa Maria
O lamentável desastre que ocorreu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, com a perda de tantas vidas preciosas de jovens, nos obriga a refletir profundamente nas medidas adicionais preventivas que devem ser aperfeiçoadas no Brasil, além das já existentes. Todos os desastres decorrem da acumulação de muitos erros cometidos, que certamente foram múltiplos no lamentável caso, mas existem algumas providências que devem ser tomadas para evitar a repetição dos mesmos, acima de ficar repetindo as irregularidades ocorridas, que já não podem ser revertidas, infelizmente. É evidente que as punições dos responsáveis pelas falhas necessitam ser exemplares, para coibir o descumprimento futuro das normais já existentes, como as validades dos alvarás necessários, saídas suficientes de emergência e brigadas eficientes para as emergências como as já repetidas até nas salas de cinema, e que podem ser aperfeiçoadas, com exigências adicionais.
Quando o Brasil tentou exportar, no passado já distante, alguns materiais de construção para o Japão, a primeira exigência que se fazia era a comprovação de que eles não fossem inflamáveis. Como naquele país ocorrem muitos terremotos, eles acabam aumentando a possibilidade de incêndios, e as exigências já existentes eram rigorosas há muitas décadas. E algumas podem ser adaptadas para uso neste país, pois não é o primeiro incêndio que provoca tantas perdas de preciosas vidas, lamentavelmente.
Incêndio em boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Foto: Germano Roratto/Agência RBS
Os constantes terremotos exigem normas de construção mais seguras do que as que são adotadas atualmente no Brasil. Aprender um pouco com estas experiências de outros países parece uma coisa sensata.
Fica difícil compreender que plásticos inflamáveis sejam utilizados em locais de grandes aglomerações de pessoas, que incêndios possam ser provocados por faíscas utilizadas em alguns espetáculos com pirotecnia. Estes materiais e estes efeitos precisam ser terminantemente proibidos, pois até em locais abertos são extremamente controlados.
Qualquer incidente numa multidão pode provocar um pânico de difícil controle. Se até nos estádios esportivos existem delimitações em blocos dos espectadores, não se compreende porque estes tipos de medidas também não sejam adotados em qualquer aglomeração de qualquer tipo.
Ainda que as lotações de diversas salas de espetáculos sejam regulamentadas no Brasil, parece conveniente estabelecer uma margem maior de segurança, diante do elevado número de “convidados” que costumam ser admitidos pelos seus administradores.
Os especialistas poderiam fazer uma revisão das atuais exigências para a concessão dos alvarás, até com punições multiplicadas pelo número de eventuais vítimas, nos casos de seus descumprimentos, abrangendo até as suas faltas de atualizações.
Sempre as medidas preventivas parecem mais inteligentes do que as punições posteriores que costumam ser flexibilizadas, atingindo os proprietários das salas de espetáculos e não somente os funcionários responsáveis pelas suas operações.
27 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a First Lady das Artes Plásticas Brasileiras, dificuldades para compreendê-la totalmente, exposições, muitas reportagens
Como neste ano de 2013 comemora-se os cem anos de vida da Tomie Ohtake, muito se escreverá sobre ela, inúmeros eventos serão realizados, variadas versões serão dadas sobre a sua personalidade e a sua contribuição, tanto para as artes plásticas brasileiras como para o exterior. Só no Instituto que leva o nome dela informa-se que estão programadas três exposições sobre seus trabalhos. Além do muito que já foi publicado, inclusive livros sobre ela e sua obra, dos críticos mais abalizados.
Mas, como uma boa japonesa que ela é, ainda que tenha vivido a maior parte de sua vida no Brasil, onde se consagrou como artista plástica, todos nós só teremos possibilidade de entendê-la em partes de suas muitas facetas, tão rica é a sua personalidade. Na Serafina, suplemento dominical da Folha de S.Paulo, está sendo apresentada uma entrevista, com visita à sua residência e ateliê, tentando dar uma visão panorâmica de Tomie Ohtake e sua obra, numa matéria elaborada por Cadão Volpato e fotos de Ludovic Carème, como que inaugurando esta maratona.
Tomie Ohtake: escultura na Avenida 23 de Maio e Vermelha, acrílica de 1985
Conheci Tomie Ohtake ainda na época do saudoso grupo Seibi, convivendo com nomes já mais conhecidos na época como Yoshiya Takaoka, Yuji Tamaki, Tomoo Handa, Manabu Mabe e Tikashi Fukushima, entre muitos outros, pois ela começou a pintar tardiamente, diferindo do usual entre os grandes artistas. Acompanhei a sua evolução para um abstrato diferenciado dos outros que tinham traços gesticulares mais claros, de origem na caligrafia oriental, chinesa e japonesa.
Sua obra sempre me deu a impressão de algo zen, decorrente de uma introspecção profunda, para se chegar a uma síntese de formas e cores, que sempre me pareceu mais universal. Onde está sua forte marca brasileira? Como nos impressionistas, os artistas de origem japonesa ficavam maravilhados com o Brasil pela força de suas cores que estava no ar, que não os inspiravam tanto como nas regiões de clima temperado. A luz é diferente, é o que afirmam muitos deles…
Sua popularidade decorre, na minha modesta opinião, não somente pela qualidade do seu trabalho, mas da simpatia no relacionamento com as pessoas, ainda que o seu forte seja o que consegue transmitir com sua arte. Evidentemente, falando em japonês ela é mais fluente.
Apesar de ser uma grande intelectual, Tomie Ohtake é simples, principalmente nos contatos com os que lhe são mais íntimos, que sabem que estão com ela pela simples amizade, sem os interesses e as badalações que sempre existem nas atividades artísticas, em qualquer lugar do mundo. Era comum, mesmo nas altas horas depois de um vernissage, ela perguntar aos amigos: “onde vamos agora?…”
Ela gosta de um simples e bom missogiru, se possível preparado por um missô caseiro, como continua sendo do seu cotidiano. Mas também lembro-me de uma viagem que fizemos para o Japão, onde ela apresentava seus trabalhos numa famosa, mas pequena instituição. Jantamos juntos com os seus filhos Ruy e Ricardo, num restaurante que ficava no alto de um edifício junto ao Parque Hibiya, em Tóquio. Ela se encantou com um tempura que vinha com uma escultura feita com algumas massas, como costuma ser apresentado no Japão.
Muitos artistas brasileiros ficaram conhecidos no exterior pelas divulgações com que contaram, com os patrocínios e as estratégias que escolheram. É o caso como do Manabu Mabe, que, além do Japão, contou com o reconhecimento a partir de Washington, com muitas de suas obras nos acervos de grandes museus internacionais, que parte substancial se perdeu num desastre aéreo.
Tomie Ohtake parece ser uma unanimidade no Brasil, ainda que não conte com esquemas semelhantes no nível internacional. Mas o título de First Lady das Artes Plásticas Brasileira é legitimamente dela, não se restringindo à pintura, como muitos monumentos espalhados pelo país. Vamos continuar a ter grandes alegrias durante o ano.
26 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no China Daily sobre o assunto, movimento dos restaurantes de Beijing, problema no Brasil
Um interessante artigo foi publicado por Cheng Yingqi no China Daily, um jornal oficial do governo chinês, sobre o movimento que está ocorrendo na China para evitar o desperdício de alimentos. Os funcionários dos restaurantes estão convidando os fregueses a levarem as sobras em recipientes ecológicos, para reduzir o desperdício. Cerca de 750 restaurantes de Beijing participam do movimento, recomendando que os fregueses só façam o pedido necessário para atender as necessidades de uma mesa. O tamanho das porções também está sendo reduzido à metade.
A estimativa feita pela Universidade Agrícola da China é que em 2007 e 2008 foram desperdiçadas 8 milhões de toneladas de proteínas e 3 milhões de toneladas de gorduras, o suficiente para alimentar cada ano 200 milhões de habitantes. Os chineses costumam tomar as refeições em grupos, não fazendo o pedido de um prato para cada pessoa, como costuma ocorrer em muitos países ocidentais.
Funcionários de um restaurante chinês incentivam os fregueses a cooperarem com a campanha. Foto: Xinhua
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26 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: abordagem biográfica, contradições da época, publicado no The Japan Times, resenha do livro Ásia para os Asiáticos | 2 Comentários »
Florian Coulmas, reconhecido como um profundo conhecedor do Japão e da Ásia, publicou no The Japan Times uma resenha do interessante livro “Asia for the Asians: China in the Lives of Five Meiji Japanese”, de Paula S.Harrell, publicado pela Mervin Asia em 2012. Como é do conhecimento geral, a Era Meiji caracteriza-se pela abertura do Japão para o Ocidente. Mas, segundo o articulista, esta absorção da tecnologia e cultura ocidental era para os japoneses uma defesa contra o potencial imperialismo dos Estados Unidos e países europeus. Os chineses confiavam na sua longa história e cultura como defesa, ainda que a dinastia Qing estivesse em evidente decadência. A surpreendente vitória militar japonesa sobre a China em 1895 teria aumentado o desdém dos japoneses pelos chineses da época. O livro se baseia na biografia de cinco japoneses da época, muito diferentes entre eles, que tinham interesses no desenvolvimento da China da época. Reflete também as contradições existentes neste período no Japão como na Ásia sobre a política de fortalecer suas relações, diante da ameaça Ocidental, problema que parece perdurar até hoje.
Segundo a resenha, a autora baseou-se na vida do príncipe Atsumaro Konoe, político influente na atual Gakushin University, na época Peers School, um forte defensor da política Ásia para os Asiáticos. Do pedagogo Unokichi Hattori, que criou uma instituição de ensino superior em Pequim e que testemunhou a revolta dos Boxers. Da professora Misako Kawahara que aceitou ensinar em Xangai, e passou depois para a Mongólia para incutir o tipo de ensino japonês naquele país ocupado. De Naniwa Kawashima, um aventureiro antiocidental que ascendeu a uma posição influente junto à burocracia Qing. E Nagao Ariga, professor da atual Universidade de Waseda, na época Senmon Gakko de Tóquio, que assessorou os chineses sobre a reforma constitucional.
Todos eram indivíduos talentosos que viveram uma época turbulenta, e a autora Paula S.Harrell consegue descrever o drama em evolução, com o Japão procurando consolidar-se como uma nação civilizada, travando guerras que achavam justas, contra a China e a Rússia.
O Japão, que tentava conter a influência ocidental, numa das contradições, acabou se juntando a elas para subjugar um levante antiocidental na China. Proclamando a solidariedade à China, fazia apologia ao separatismo da Manchúria. Abraçando as instituições de governança dos Ocidentais, procurava as orientações de Confúcio, ao mesmo tempo em que se envolvia em atrocidades.
Ao mesmo tempo em que os personagens escolhidos admiravam a cultura chinesa, levavam para lá seus conhecimentos técnicos, de educadores e diplomatas. Alegando o desejo da expansão do Estado de Direito, encarnavam a ambição japonesa de se tornar um global player, utilizando a força militar. O sucesso nos campos de batalha conduziu-os ao mesmo cinismo da natureza oportunista dos ocidentais.
Em 1911, segundo o autor da resenha, a cortina caiu sobre o período Meiji e a dinastia Qing. Enquanto o Japão tinha conseguido modernizar-se, a China ficou hesitante. O papel exercido pelos cinco personagens, apesar de suas boas intenções com a China, acabaram por ajudar no novo papel que o Japão exerceu na Ásia e no mundo.
Pelo visto, o mundo continua o mesmo, e a leitura deste livro pode ajudar na compreensão de muitos problemas atuais.
23 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a situação brasileira, intercâmbio de ingleses com os japoneses, redução dos riscos, técnicas para poda de arvores
Ainda que o Brasil seja um país com um número muito elevado de árvores de todas as espécies, não se ouve falar muito das suas podas. As poucas árvores plantadas em alguns bairros como os Jardins em São Paulo estão literalmente abandonadas até que acabem tombando num temporal ou provoquem curto-circuitos e outros desastres. Muitas delas estão atacadas por pragas, como os cupins, sem merecerem qualquer atenção. No passado distante, havia podas sistemáticas que foram descartadas, possivelmente diante dos seus custos, só se efetuando em casos de emergência.
Uma notícia publicada no The Japan Times, elaborado por Winfred Bird, dá conta de um intercâmbio entre japoneses e ingleses, pois cerca de 2.000 trabalhadores florestais do Japão acabam mortos ou sofreram acidentes nos seus trabalhos em 2011. Tudo indica que os japoneses são bons podadores, técnicas desenvolvidas nos bonsais, porém suas experiências de escalada das árvores precisam ser aprimoradas com a ajuda dos ingleses, como foi feito numa jornada que contou com a participação do especialista inglês de nome Robert Knott. O artigo dá notícia que está se desenvolvendo no Japão uma especialidade chamada de “médico das árvores”, profissão regulamentada há 22 anos, no qual se destaca Jiro Yoshimi, de 47 anos, que vem adotando também uma técnica de alpinista para a poda.
Jiro Yoshimi é médico de árvores e o especialista inglês Robert Knott. Fotos: The Japan Times
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22 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo de Marli Olmos para o Valor Econômico, observações para inspirar projetos futuros, produtos orgânicos, tendências futuras dos hábitos humanos
Marli Olmos é uma jornalista com rara sensibilidade e elevada competência para captar sutilezas que vão marcando a mudança de comportamento de algumas empresas, como no caso da Ford. Ela publica um expressivo artigo no Valor Econômico, mostrando os esforços que estão sendo feitos para captar as tendências que devem orientar os projetos futuros daquela empresa. A Ford criou um grupo baseado na sua matriz em Dearborn, em Michigan, mas que parece ter ramificações em muitos países onde atua.
Ela informa que os engenheiros da Ford utilizam informações sobre os hábitos das pessoas que devem servir para definir os modelos futuros. Cita, por exemplo, a preferência do tomate sem agrotóxico, ainda que ele não seja de melhor aparência, ou o comportamento dos filhos nas escolas. Não é um problema simples, mas algumas tendências acabam sendo definidas para o futuro, que se procura atender. No fundo, procura-se produzir até automóveis que procuram estar em sintonia com o comportamento das pessoas, ainda que elas sejam emocionais.
Marli Olmos
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22 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: os vídeos de Salman Khan, técnicas como da Kumon, técnicas que facilitam o aprendizado, versão em português da Fundação Lemann
Todos nós ouvimos constantemente sobre as dificuldades de algumas crianças absorverem ensinamentos proporcionados pelas escolas tradicionais. Com o uso de várias técnicas, notadamente de vídeos, Salmon Khan impressionou o mundo com sua facilidade didática permitindo que mais adolescentes absorvessem com mais interesses aulas como de matemática, física, química e biologia. O jornal O Estado de S.Paulo traz uma interessante matéria elaborada por Sergio Pompeu sobre o estabelecimento de uma parceria da Fundação Lemann, sustentada pelo empresário Jorge Paulo Lemann, representada por Denis Mizne com a Khan Academy, para elaboração da versão em português de muitas de suas magníficas aulas em vídeo.
No site da Fundação Lemann já se encontram mais de 350 vídeos em português sobre temas de matemática, biologia, física e química, considerados básicos para um conhecimento de qualidade, dentro da forma de expor de Salman Khan que devem auxiliar muitos estudantes. Examinando alguns deles, nota-se que são apresentados de forma a atrair os jovens que estão acostumados com as técnicas eletrônicas atuais, com vídeos extremamente didáticos. Devem ajudar muitos que contam com algumas dificuldades sobre estes assuntos. Mesmo não se contando com outros assuntos envolvidos com o humanismo, pode ajudar na educação.
Salman Khan
A Fundação Lemann vem se dedicando para contribuir na educação dos brasileiros, de forma meritória. Estes vídeos devem alcançar muitos estudantes que normalmente têm dificuldades de frequentarem escolas de prestígio, onde muitas técnicas eletrônicas já estão sendo utilizadas.
O artigo publicado no O Estado de S.Paulo explica que a conquista desta autorização ainda contava com algumas desconfianças, e foram superadas por uma visita rápida de Salman Khan, que notou a seriedade da instituição.
Em algumas outras áreas, técnicas diferentes estão sendo aplicadas em muitos franqueados da Kumon, envolvendo matemática, português, inglês e japonês. Eles se baseiam na repetição e tratamento individualizado, só se recomendando o avanço para as fases seguintes na medida em que os alunos dominam os diversos capítulos deste aprendizado.
Com no mínimo estes dois instrumentos, os alunos não contam com mais desculpas sobre sua falta de habilidade para o aprendizado de algumas matérias, onde sempre se destaca a matemática básica, possivelmente diante das limitações dos próprios professores que não conseguiam ministrar as aulas de forma interessante para os alunos.
É evidente que muitas escolas já saíram do sistema de aulas tradicionais, utilizando muitos dos instrumentos eletrônicos disponíveis, com as devidas adaptações para os alunos brasileiros. Ainda existem muitas orientações diferentes, bem como variadas técnicas que estão sendo desenvolvidas em muitas partes do mundo. A concorrência entre elas vai aumentando a disponibilidade das mesmas no Brasil, de forma os alunos tenham a possibilidade de obter o mesmo padrão de aprendizado com que muitos já contam em países do exterior.
Isto tudo ainda não significa que a educação venha melhorando, pois esta envolve mais que estas técnicas e as escolas, exigindo o engajamento dos próprios pais desde os primeiros dias da gestação, e principalmente da primeira infância, havendo variadas preferências sobre as orientações a serem abraçadas. De qualquer forma, a disponibilidade destes instrumentos, no mínimo, não nos deixam atrasados em alguns aspectos, principalmente quando as discussões sobre estes assuntos se intensificam.
20 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a resenha de um livro de 1919, algumas incorreções sobre as temas, peregrinações aos templos de Nara, referências aos filósofos europeus
David Burleigh que vive no Japão há mais de 30 anos, escrevendo regularmente para o The Japan Times, elabora resenhas sobre livros, alguns republicados recentemente. Ele faz referência a um de Tetsuro Watsuji (1889-1960) que tem no título original em japonês “Koji Junrei”, de 1919, mas voltou a ser publicado com tradução de Hiroshi Nara, editado pela Merwin Asia em 2012, e que recebeu o título em inglês “Pilgrimages to the Ancient Temples in Nara”, algo como ‘Peregrinações aos antigos templos de Nara’.
Segundo David Burleigh, o livro é apresentado como uma espécie de diário do autor, com as datas das visitas a Nara, quando ele estava hospedado na casa de um tio em Quioto. Também o mesmo autor publicou livros sobre a filosofia ocidental na mesma época, especificamente sobre Friedrich Nietzeche. O livro começa, de forma estranha, com uma reflexão sobre algumas pinturas, que o autor tinha visto pouco antes da viagem a Nara, que não fica distante de Quioto, fazendo divagações sobre a sensualidade das mulheres e o naturalismo na Índia, especulando se também se era possível fazer uma ponte entre a arte grega e as estátuas budistas.
Templo budista em Nara
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19 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: Kitaro tocando com nativos norte-americanos, o uso dos instrumentos de percussão, os taikos japoneses, os tambores de origem africana
Quem já ouviu os autênticos tambores do tipo taiko tocados altos nas matas japonesas, sabem que os seus ritmos são capazes de ferver o sangue dos seres humanos. Algo parecido acontece com muitos povos, até os considerados primitivos de todas as partes do mundo. Um artigo publicado por Sachiko Tamashige no The Japan Times descreve o artista japonês Kitaro, premiado com o Grammy de Ouro, cujo nome real é Masanori Takahashi, tocando em Omotesando, um dos bairros mais elegantes de Tóquio, junto com Dennis Banks, um nativo da cultura norte americana, o “Let Mother Earth Speak”, algo como Deixe a Mãe Terra Falar, numa tradução livre. Eles apresentavam o seu álbum conjunto.
Eles batem os seus tambores manuais. Banks, de 75 anos, é um ativo de seu povo Anishinaabe do norte de Minnesota. Ele e outros 26 nativos cruzaram os Estados Unidos para chamar a atenção sobre os direitos dos nativos americanos. Ambos gravaram juntos, utilizando centenas de instrumentos de Kitaro, e fazendo uso da forte voz de Banks, evento que ambos consideram incrível.
Kitaro e Dennis Banks. Foto: Sachiko Tamashigue, publicada no The Japan Times
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18 de janeiro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: fama crescente, marceneiro reconhecido internacionalmente, reportagem na revista Personnalité, um exemplo de artesão
Se existe um modelo ideal de um artesão, este é Morito Ebine, modesto, empenhado, paciente, criativo, mestre na sua verdadeira acepção da palavra, que dá um grande valor aos instrumentos que utiliza. O jornalista Thiago Lotufo foi muito feliz na sua matéria publicada na revista do Itaú Personalité, com ótimas fotografias de Marcos Vilas Boas. Sintético, a edição só teve pequena falha de edição, com uma foto invertida dos seus livros, além de não esclarecer que as madeiras utilizadas devem ser certificadas ou obtidas nas demolições, para atender as atuais legislações conservacionistas.
O espírito de um grande artesão está na personalidade retratada de Morito Ebine, um japonês que optou por trabalhar finalmente em Santo Antônio do Pinhal, próximo a Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira. Modesto, com desdobrado cuidado sobre a coleção dos instrumentos que ele manipula, trato carinhoso e demorado das suas matérias-primas, as madeiras, um design simples e elegante. Ainda que seus produtos estejam à venda até em galerias de Nova Iorque, não tem a arrogância de muitos artistas mais modestos.
Morito Ebine, se ateliê e algumas de suas peças
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