9 de setembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Turismo, webtown | Tags: artigo no Daily Yomiuri, Kevin Short, uma pausa no mundo conturbado | 2 Comentários »
No mundo conturbado pelos problemas de terrorismo e dificuldades econômicas, sempre é conveniente apreciar as belezas proporcionadas pela natureza combinada com a história e o folclore. Num magistral artigo do naturalista e antropologista cultural Kevin Short, da Tokyo University of Information Sciences, publicado no jornal japonês Yomiuri, o autor faz um emocionante relato do que observou em Inzai, na província de Chiba, no local conhecido como Kioroshi. Ficou com o título Nature in Short: explore Japanese folklore in living color on autumn nature treks. O local é rico em tradição folclórica que se mistura a uma natureza simples, mas privilegiada. Como é sabido, o outono é considerada a estação mais linda do Japão, com o tom avermelhado das folhas, rivalizando com a primavera marcada pela florada das cerejeiras.
O particular local visitado pelo autor é famoso como tendo pertencido a Kikyo no Mae, amante do grande herói folclórico Taíra no Masakado, tido como o primeiro samurai, ainda no século X. Conta a história que ele foi um carismático líder nascido em família rica, que venceu os demais chefes locais nos campos de batalha. Acabou desafiando o Imperador, que na ocasião estava na antiga capital Quioto, por questões de impostos. Para combater o rebelde, foram enviadas tropas e a história oficial dá conta que ele morreu em combate. Mas o folclore fala que ele foi morto pela sua amante e esposa.
Cidade de Inzai Chiba. Flor Kikyo, que infla para depois se abrir
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7 de setembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: provas incontestáveis da cultura milenar, relíquias de 6.000 a.C. encontradas nas escavações | 1 Comentário »
Nas visitas que efetuei na China, os meus anfitriões chineses fizeram questão que eu conhecesse uma escavação arqueológica com os resquícios de uma povoação estimada como sendo de 6.000 a.C. (anos antes de Cristo), datação que hoje é possível ter uma boa segurança usando técnicas de radiação. Isto comprovava uma civilização de no mínimo 8.000 anos. Um artigo do China Daily informa hoje que em 1987 foram encontradas 16 flautas de osso, em tumbas do início do período Neolítico em Jiahu, na região central da China, também estimada como sendo de 6.000 a.C., que se encontra atualmente no Museu de Henan, província daquele país. Este jornal se compromete a divulgar sobre estas relíquias culturais semanalmente.
Uma das flautas de osso encontra-se em ótimo estado de conservação, com cerca de 22 centímetros de comprimento com 7 perfurações, sendo que os demais contam com 5 a 8 perfurações. Comprovam que a música sempre esteve presente com os seres humanos desde os seus primórdios. Estas relíquias estão entre as mais antigas encontradas na China, e são mais antigas que as da Mesopotâmia e do Egito.
Uma das16 flautas da coleção do Museu de Henan. Foto publicada no China Daily
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1 de setembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: influência dos seus ensinamentos, Instituto Confúcio, o filósofo Confúcio, Templo Confúcio
O governo chinês utiliza hoje o Instituto Confúcio para a divulgação de sua cultura, à semelhança do que fazem países europeus, como a França com sua Aliança Francesa, a Alemanha com seu Instituto Goethe, entre outros. Existe em Beijing um templo Confúcio que é muito visitado pelos turistas chineses e estrangeiros, sendo que alguns consideram até como uma religião, mas é mais conhecido como uma filosofia. Seus ensinamentos influenciaram não somente a China como os principais países asiáticos como o Japão, a Coreia e o Vietnã.
Este filósofo nasceu no ano 551 a.C. e faleceu no ano 479 a.C. na antiga China e muitos dos seus muitos ensinamentos deixados em vários documentos, entre eles os reunidos no Analectos de Confúcio que são adotados até hoje, não se restringindo somente à China, mas espalhados pela Ásia, principalmente. Seus princípios podem ser resumidos como a lealdade à família, consideração aos antepassados e respeito aos idosos, que acabam determinando uma sociedade organizada hierarquicamente pela idade e pelo conhecimento. Os professores acabam sendo considerados socialmente, como todos os transmissores do conhecimento. Seu princípio até hoje muito utilizado é: “não faça aos outros o que não deseja que seja feito para si mesmo”.
Confúcio ensinando, retratado por Wu Daozi / Estátua em frente ao Templo de Confúcio, em Beijing
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30 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: exposição em Berlim, retrospectiva de Katsushika Hokusai, seus mangás
Se existe uma semelhança da forma de ser dos japoneses com os ocidentais, seguramente a proximidade é maior com os alemães. Ainda que a ligação do Japão durante o longo período do seu isolamento efetuava-se com os holandeses, que mantinham um entreposto em Nagasaki, quando na Era Meiji o Japão voltou a se relacionar com o resto do mundo, procurou na sua modernização utilizar o Código Civil de inspiração napoleônica. No entanto, com o tempo, verificou-se que o direito alemão ajustava-se melhor à forma de ser dos japoneses, acabando por influenciá-la fortemente. Quando a Europa passou a admirar as coisas do Oriente, a Alemanha acumulou uma impressionante coleção de “ukiyoe”, inclusive de Katsushika Hokusai. Quando se comemora os 150 anos das relações de amizade entre os dois países, nada mais justo que uma retrospectiva deste artista que está sendo realizada em Berlim.
No Berlin’s Martin-Groupius-Bau realiza-se a exposição retrospectiva de Katsushika Hokusai, que é o artista japonês mais conhecido no Ocidente, com o patrocínio da Fundação Japão e suporte de diversas organizações culturais e privadas japonesas, que deve se estender até fins de outubro próximo. Entre as obras mais inusitadas serão apresentadas as “Hokusai Mangá”, pouco conhecidas que mostram gravuras com matrizes em madeira já naquela época.
Gravura do Monte Fuji, os mangás e o Berlin’s Martin-Gropius-Bau
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30 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Política, webtown | Tags: a eleição de Yoshihiko Noda, acomodações necessárias, estratégias utilizadas
Na cultura japonesa, desenvolvem-se exercícios estratégicos utilizando-se inclusive alguns jogos. O gô, por exemplo, é um jogo para aperfeiçoar os conhecimentos das estratégicas de ocupação de espaços ou territórios. O shogi é uma espécie de xadrez, um pouco mais complicado, pois as peças conquistadas dos adversários que correspondem aos peões, torres, cavalos e bispos podem ser repostas no jogo a seu favor. Há jogadores que conseguem antecipar as alternativas estratégicas para mais de sete jogadas. No caso da atual eleição do novo primeiro-ministro japonês Yoshihiko Noda, muitos jornais japoneses informam sobre os lances que levaram à sua vitória, que ainda precisa ser consolidada com a conquista das facções derrotadas.
O jornal japonês de grande circulação, Yomiuri, relata a sua versão sobre os dois turnos da votação dentro do majoritário DPJ – Partido Democrático Japonês que consagrou Yoshihiko Noda como seu novo presidente. De conformidade com a tradição japonesa, ele foi confirmado na eleição da Dieta. É preciso entender que nas últimas pesquisas efetuadas pelo Nikkei com os parlamentares com direito ao voto era Seiji Maehara, ministro dos Negócios Estrangeiros, que aparecia como o favorito disparado. Ele acabou sendo prejudicado no final pelo escândalo da contribuição de estrangeiros para suas campanhas no passado.
Isto levou o poderoso, mas controvertido por doações políticas, Ichiro Ozawa, que tem a facção com mais seguidores dentro do partido, junto com os ex-premiês Yukio Hatoyama e Naoto Kan, a apoiar o ministro de Economia, Indústria e Comércio Banri Kaieda. Mas, como reação, os demais parlamentares do partido votaram contra esta composição que está considerada ultrapassada na atual conjuntura japonesa.
No primeiro turno da votação, ninguém conseguiu a maioria necessária. Dos 398 membros do DPJ votantes, 292 eram da Câmara Baixa e 106 dos senadores, sendo que deles três estavam ausentes. Kaieda conseguiu 143 votos, Noda 102 e Maehara 74, quando cinco candidatos disputavam a votação.
Noda e Maehara haviam se comprometido antes que se apoiariam reciprocamente no segundo turno, se necessário. Juntando outros que desejavam derrotar Ozawa, no final Noda acabou ficando com 215 votos, enquanto Kaieda com 177.
Existem muitas questões a serem ainda acertadas, pois o novo primeiro-ministro Yoshihiko Noda pretender uma elevação de tributos para fazer face aos custos da reconstrução e redução da dívida pública. Os problemas de relacionamento com os norte-americanos continuam delicados. Ele pretende um entendimento com os oposicionistas, encontrando resistências dentro do próprio partido. A composição do gabinete, com os diversos ministros e cargos importantes dentro do partido, precisa ser considerada.
Mas tudo indica que existe um clima de rejuvenescimento na política, com a tendência que novos líderes sejam capazes de levar o Japão para uma forte recuperação, que acaba sendo relevante para o resto do mundo.
29 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: avaliações de Kazuhiro Yoshida, educação no Japão, entrevista no O Estado de S.Paulo, na China, no Brasil
O pesquisador e professor do Centro de Estudos para Cooperação Internacional em Educação da Universidade de Hiroshima, Kazuhiro Yoshida, concedeu uma entrevista para Carlos Lordelo, de O Estado de S.Paulo, publicada hoje. Este professor japonês participou em Curitiba do Encontro Internacional de Educação Sala Mundo. Ele reportou as diferenças do Brasil com o Japão, onde na Era Meiji tornou universal o acesso à educação básica, no início do século XX, inspirado pelo confucionismo e como forma de melhorar a qualidade de vida de todos.
Ele informa que existe a opção da formação dos recursos humanos para o exercício de um trabalho eficiente. A universalização do ensino em si não é suficiente, mas é preciso avaliar o que as crianças aprendem, e em sua opinião é importante encorajá-las a estudar em vez de forçá-las pela matrícula.
Pequisador e professor Kazuhiro Yoshida, da Universidade de Hiroshima
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28 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: a caligrafia hoje, iniciativas chinesas, problema universal
Tudo indica que com a intensificação do uso dos computadores, principalmente entre os jovens, os problemas da escrita manual começam a apresentar problemas adicionais. Como nas escolas já não se ensina caligrafia como no passado, e as facilidades eletrônicas se disseminam rapidamente, observa-se que a escrita manual apresenta problemas adicionais, afetando inclusive os problemas de redação. O site do BBC Brasil noticia o assunto com um artigo com o título “Pela tradição, China terá mais aulas de caligrafia”, mostrando que o problema tende a se observar em variados países.
A caligrafia sempre foi considerada como uma das formas de revelar parte da personalidade das pessoas, e desde os tempos remotos, na Ásia se cultiva a caligrafia, que teria sido cultivada pelos monges que escreviam os ideogramas de forma personalizada. Eram poemas como os que ficaram conhecidos no Japão como haikais, que podiam ser acompanhados por desenhos do tipo zen.
Foto publicada no BBC Brasil
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19 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: artigo no O Estado de S.Paulo, CCBB, expectativa, Mariko Mori
Poucos são os artistas plásticos japoneses que estão sendo reconhecidos recentemente em todo o mundo como Mariko Mori, que estará expondo seus trabalhos no CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. Ela mereceu um artigo publicado no O Estado de S.Paulo escrito pela jornalista Camila Molina. O Jojoscope, de Jo Takahashi, vem promovendo este acontecimento, pois suas peças estão expostas em importantes museus internacionais, como o Guggenheim, Moma, George Pompidou, mostrando sua importância no mundo.
Esta artista de 44 anos, segundo o artigo no jornal, leva o conceito budista de união universal, tendo peças que ganharam amplo reconhecimento como a Wave Ufo que será exposta em São Paulo, que tem uma capacidade interativa, podendo receber três pessoas por vez, sendo de grande dimensão.
Obra Wave Ufo, que proporciona interatividade com os visitantes
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19 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a arte de Sadaharu Ishiwari em amezaiku, bicicleta de madeira de Sueshiro Sano, yukata de Rumi Shibasaki | 2 Comentários »
Quando se denomina artesanato no Japão, trata-se de produtos extremamente valorizados, verdadeiras artes que são produzidas pelos artesãs do qual se pode dispor de poucos exemplares. Tem um sentido diferente do artesanato no Brasil, que não é considerado uma arte de elevado padrão, por ser repetitivo e de produção popular, lamentavelmente pouco valorizado. Na revista eletrônica Highlighting Japan, de agosto de 2011, encontram-se artigos que dão uma noção da importância da produção destes artesãos, com seus trabalhos maravilhosos.
Sadaharu Ishiwari produz amezaiku, confeitos que vêm desde o período Heian (794-1192) e estão no Tempozan Market Place em Osaka, que encantam as crianças e adultos com as criações coloridas. Em cerca de um minuto, ele atende ao pedido de uma criança que pede um na forma do tricerotops, um dinossauro. Sua arte reconhecida internacionalmente já foi apresentada na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia e no Oriente Médio. E mesmo no Fórum de Davos, como parte da Noite do Japão.
No intenso verão japonês, muitos usam os informais yukata, que são kimonos simplificados, de algodão, que também foi criado no período Heian (794-1192) para uso da aristocracia, e se tornou popular no período Edo (1603-1867). Rumi Shibasaki cria padronagens de tecidos inspirados no passado, com desenhos que reportam ao ukiyo-e, como os de Utagawa Kuniyoshi. São usados tanto pelos homens como pelas mulheres, principalmente quando se encontram descontraídos em suas residências. Mas podem ser também utilizados nas muitas termas apreciadas pelos japoneses.
Sueshiro Sano produz de madeiras nobres, como o mogno, quase tudo que é necessário para uma bicicleta, lá em Kiba em Tóquio. Ele usa as técnicas da produção secular de navios. Seu trabalho já foi apresentado na Eurobike, a maior feita europeia de bicicletas. O seu modelo mais leve pesa somente 7,2 quilos. Também foi apresentado no Vitoria & Albert Museum em Londres.
18 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: Kikuchi Hojudo, multiplicação destas instituições, o Museu de Arte de Aomori, produções de chaleiras japonesas | 2 Comentários »
Nos artigos publicados no Highlighting Japan de agosto deste ano existem alguns preciosos que destacam aspectos importantes de sua longa tradição cultural. Um, de autoria de Gavin Blair, se refere às produções de tradicionais chaleiras de ferro que são centenárias em Kikuchi Hojudo, na província de Yamagata. Noriyasu Kikuchi, o atual presidente é da 15ª geração da família que conduz estes negócios. Isto é comum também em muitas produções de cerâmicas de diversos estilos.
Velhos documentos escritos informam que Kiheiji Kikuchi iniciou a companhia em 1604. O grupo Kikuchi tornou-se famoso produzindo castiçais e outros itens de ferro para os templos. Ele passou a produzir chaleiras e recipientes para saquê. Estes objetos não revelam quanto ainda restam dos líquidos, tornando-os mais deliciosos.
Hoje, no mundo globalizado, seus produtos são colocados em diversos mercados externos. Ele se inspira na filosofia dos samurais e do Zen na produção destes utensílios, de forma semelhante ao do katana, as espadas destes guerreiros. Peças destes produtores encontram-se também no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.
Num outro artigo, Julian Ryall refere-se ao Museu de Arte de Aomori. Nele, destaca-se um colossal painel de Marc Chagall criado em 1942, que conta com assentos adequados para a sua contemplação. Existem outras dependências onde são apresentadas instalações de Yoshitomo Nara. Existe também um criativo espaço para um jardim onde estão expostas grandes obras, esculturas destinadas para o exterior.
Trabalhos de consagrados artistas estrangeiros, como os de Paul Klee, Henri Matisse e Pablo Picasso, também estão expostos. A riqueza cultural do Japão fez com que muitas das suas importantes cidades, e mesmo as mais longínquas, possuam museus desta qualidade, para surpresa dos visitantes. Acabam sendo marcos para orgulho dos seus habitantes, e locais obrigatórios para os turistas que não esperam tanta modernidade até nas áreas mais tradicionais do Japão.