Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Novas Informações Sobre a Madeira-Mamoré

8 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: informações documentadas, pouco conhecidas, Trilhos na Selva livro de Rose Neeleman e Gary Neeleman | 4 Comentários »

Mesmo para aqueles que conhecem razoavelmente o Brasil e a Amazônia, o livro “Trilhos na Selva”, de Rose Neeleman e Gary Neeleman, publicado neste ano pela Editora Be (com ~ no i), em São Paulo, surpreende pelas informações documentadas que não eram de amplo conhecimento. Ele foi correspondente da United Press International no Brasil entre 1958 a 1966. Ainda que eu conheça a região, como o que resta da Ferrovia Madeira-Mamoré, bem como tenha participado de empreendimentos de vulto na Amazônia, muitas das informações que constam deste importante trabalho adicionam aspectos novos sobre a epopeia de sua construção, com rica documentação em fotografias, recortes de jornais e diários dos participantes do empreendimento.

Rose Neeleman e Gary Neeleman moraram e trabalharam no Brasil, tendo outras publicações sobre o país. Eles estavam atrás de histórias dos confederados norte-americanos que imigraram para o Brasil, estabelecendo a cidade de Americana, no Estado de São Paulo. Eles encontram com uma moradora local, Judith Mac Knight Jones, um arquivo com 101 fotos de Dana Merrill, fotógrafo consagrado e oficial da ferrovia, bem como 10 edições do jornal em inglês The Porto Velho Marconigram de 1910/1911 muito bem conservadas. Pertenceram a Oscar Lee Pyles, que morava em Americana e foi participar do projeto da ferrovia. Outros materiais que não se perderam estão no Museu Paulista da Universidade de São Paulo e um álbum montado por Dana Merril encontra-se na Biblioteca de Nova Iorque. Utilizaram, também, alguns depoimentos para escrever este precioso livro, que deve ser lido por todos que se interessam pelos assuntos brasileiros.

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Fotógrafo Dana Merry à direita / Capa do  do jornal em inglês, que circulou entre 1910 e 1911

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Transporte de bolas de borracha / Complexo Hospitalar de Candelária

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Algumas Informações Diferenciadas da China

8 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Gastronomia, Turismo, webtown | Tags: a Cidade Proibida, A Grande Muralha, gastronomia cantonesa

O jornal China Daily fornece uma ampla gama de notícias que vai muito além do aumento da importância econômica e política do País do Meio. Um artigo de Yu Wentao informa sobre um novo livro com fotos e informações sobre a Cidade Proibida. Com magistrais fotos de Li Shaobi, tiradas ao longo de duas décadas nas quatro estações do ano, e pinturas de Jiang Guofang que começaram a ser elaboradas em 1987. Ele está em inglês, editada pela Foreign Languages Press, na China.

O Palácio ficou mais conhecido no mundo pelo filme de Bernardo Bertolucci, “O Último Imperador”. Os que o visitaram sabem da grandiosidade deste lugar que é dos mais procurados pelos turistas chineses e estrangeiros. Muitos outros filmes e livros divulgaram esse maravilhoso conjunto, o principal da capital Beijing.

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Fotos de Li Shaobi e pinturas de Jian Guofang (abaixo) publicadas no China Daily

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Importância dos Diretores das Escolas Primárias Públicas

1 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: artigo de Jiang Xueqin, escolas de Xangai, resultados do PISA, The Diplomat

A prestigiosa revista The Diplomat publica hoje novo artigo do educador chinês Jiang Xueqin, que vem ganhando prestígio pelo seu trabalho, desta vez comentando sobre o sucesso alcançado por Xangai na avaliação chamada PISA (Programme for International Student Assessment) da OECD. Xangai superou países tradicionais em boa educação primária, como a Coreia, Finlândia e Cingapura.

Jiang Xueqin, que vem se destacando na China por seus estudos de educação, refere-se à entrevista que teve com Andreas Schleicher, o arquiteto do PISA, tanto sobre o programa como os resultados obtidos por Xangai. Segundo Schleicher, o sistema de Xangai é diferenciado e superior não só mundialmente como dentro da China, quando comparado com Hong Kong, Beijing e outras 10 províncias chinesas que participaram da pesquisa.

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Jiang Xueqin, especialista em educação chinesa

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Difícil Administração do Tempo Escasso

27 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: algumas leituras em pauta, comentários incompletos, escassez de tempo

 ImagemLivroPY1Para a maioria das pessoas, dentro das prioridades individuais, o tempo disponível acaba sendo difícil de ser administrado. Existem informações sobre alguns livros interessantes para postar neste site, mas a escassez de tempo não permite uma leitura mais cuidadosa. Entre eles, destaco “Trilhos na Selva”, de Rose Neeleman e Gary Neeleman, da Editora BEl (com til no I), São Paulo, 2011, que traz uma documentação preciosa sobre a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, do qual só tive a oportunidade de ver seus destroços em Porto Velho, Rondônia. Traz novidades nem sempre conhecidas dos brasileiros, com ricas fotos da época de Dana Merrill, bem como documentações com algumas reproduções de jornais em inglês “The Porto Velho Marconigram”, publicados em torno de 1910.

Tive a oportunidade de trabalhar intensamente em Rondônia onde existem monumentos que deveriam ser conhecidos pelos brasileiros, como o Forte Príncipe da Beira, que foi construído pelos portugueses entre 1766 e 1776, às margens do atual rio Guarajá-Mirim na fronteira da Bolívia, e que se encontra preservado adequadamente. Foram marcos que justificaram que o Acre fosse incorporado ao Brasil, nas negociações diplomáticas conduzidas por Rio Branco, que obrigaram que fosse construída a ferrovia Madeira-Mamoré para transpor as cachoeiras existentes naquele trecho do rio. O livro relata a epopeia dos norte-americanos que comandaram a construção desta ferrovia, com a participação dos confederados que vieram para a hoje cidade de Americana, no Estado de São Paulo. Lá foram encontradas preciosas documentações, inclusive fotográficas, que foram milagrosamente preservadas até a publicação deste livro.

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ImagemLivroPY2Outro livro é o muito recomendado internacionalmente, “Monsoon – The Indian Ocean and the Future of American Power”, de Robert D. Kapan, The Random House Publishing, New York, 2010, que mostra a importância que a região do sudeste asiático já assumiu, e continuará ampliando nas próximas décadas. Com a relevância que a China e a Índia adquiriram nas últimas décadas, o controle desta parte do mundo, por onde passam as rotas importantes para o comércio internacional, tende a se tornar crucial, com o declínio do poder naval dos Estados Unidos, e aumento da presença chinesa para assegurar o seu adequado suprimento.

Outro pequeno livro é “L’économie de l’Inde”, de Jean-Joseph Boillot, que o escreveu originalmente em 2006, mas conta com uma versão atualizada em 2009, da editora La Découverte, Paris. O autor é um sociólogo que trabalhou na CEPII – Centre d’Etudes Prospectives et d’Informations Internacionales da França e foi conselheiro financeiro do Tesouro em Nova Deli por alguns anos. Ele faz um resumo interessante da evolução recente da economia da Índia. Outra pequena publicação é “Retour em Inde”, de Patric Boman, um grande viajante, Arléa, Paris, 2011, que reporta as observações sobre a evolução da Índia captada em suas diversas viagens por aquele país.

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Todas estas publicações são importantes para o melhor conhecimento recíproco da Ásia e da América do Sul, que continuam ainda pouco exploradas, mas que exigem o escasso tempo para leituras mais cuidadosas.


Artista Brasileiro Avalia Evolução do Ukiyo-e

25 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: avaliação interessante, comércio recente em Quioto, evolução do ukiyo-e, influências europeias

Marco Giannotti, artista plástico brasileiro que certamente visitou Quioto recentemente, publicou uma interessante avaliação que está no site do Estadão.com.br/cultura no domingo, 24 de julho. Ele se refere ao ukiyo-e, xilogravura japonesa que se tornou famosa no mundo, principalmente pelos trabalhos de sua última fase, como os de Hokusai e Hiroshige que ficaram famosos em todo o mundo, como as “Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji”. Eles retratam paisagens e faces como de famosos artistas do Kabuki, uma das formas tradicionais do teatro japonês.

No seu artigo, que tem como título “Tesouros ocultos”, faz um relato histórico do ukiyo-e desde o período conhecido como Edo, antigo nome de Tóquio, quando o Imperador ficava em Quioto, mas o poder de fato era exercido pelo Xogun, que desenvolveu a atual capital, com a ajuda da nascente classe comercial. Desde quando o Japão se fechou para os países ocidentais, mantendo somente a abertura em Deshima em Nagasaki aos holandeses, quando Hokusai estudou as técnicas utilizadas na Europa nas gravuras feitas com matrizes em madeira, nos séculos XVII e XVIII, usando técnicas como os que incorporaram o claro-escuro.

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Obras de Hokusai (acima) e Hiroshigue (abaixo)

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Danças de Rua Com Favelados São Apresentadas no Japão

21 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: competição de danças de rua no Kanagawa Arts Theatre de Yokohama, favelados brasileiros fazem sucesso | 2 Comentários »

Num artigo publicado pelo The Japan Times, escrito pela Eriko Arita, informa-se que na competição destas apresentações no Kanagawa Arts Theatre em Yokohama, a partir de 30 de julho próximo, um grupo francês chamado Compagnie Käfig, fundado pelo coreógrafo de hip-hop Mourad Merzouki apresentará dois trabalhos, com um grupo de dançarinos brasileiros. Um com o título Agwa, que vem das palavras água e water, e outro com o título Correria.

Diferente dos demais grupos, todos os dançarinos são moços jovens, em torno dos 20 anos, autodidatas, que cresceram nas favelas. Segundo o diretor da companhia numa entrevista, a razão para eles dançarem é que eles cresceram num ambiente difícil, e se tornaram formas de fugir desta situação, e suas apresentações são fortes e chamam a atenção.

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Dançarinos brasileiros de hip-hop da Companhia Käfig no espetáculo Agwa. Foto: Michel Cavalca

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China Comentada por Henry Kissinger

7 de julho de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Cultura, Livros e Filmes | Tags: Conselheiro Político, On China, Secretário de Estado, The Penguin Press-Maio 2011. | 4 Comentários »

Ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1973 e laureado recentemente pela Ásia Society, em Washington, Henry Kissinger esteve em Beijing em fins de junho. Como convidado do Instituto de Assuntos Estrangeiros da China, participou de vários encontros públicos e privados comemorativos por seus trabalhos pela aproximação entre o Ocidente e a Ásia ao longo de 40 anos. Kissinger falou também sobre o lançamento do seu mais recente livro, On China.

O livro nos dá criteriosos e detalhados pareceres sobre as relações sino-americanos durante os anos em que Kissinger serviu como conselheiro político, formal ou informal, para todos os presidentes americanos, desde Kennedy e Johnson, e se encontrando com quatro gerações de líderes chineses: Mao Zedong, Zhou Enlai, Deng Xiaoping e Jiang Zemin. Kissinger, que era conselheiro para Assuntos de Segurança Nacional do presidente Richard Nixon, e mais tarde seu secretário de Estado, reconta os momentos memoráveis das 48 horas que ele passou em Beijing em julho de 1971, durante a sua secreta missão para quebrar o gelo nas relações China-EUA, e que culminaria com a histórica visita de Nixon à China em fevereiro de 1972.

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Cultura Humanitária Globalizada da França

1 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: américas, Ásia, cultura humanitária, mundo globalizado, outras culturas

Apesar das culturas asiáticas serem de muitos milênios em diversos países, como na China e na Índia, o mundo ocidental conheceu mais profundamente somente o que vai até o Oriente Médio, como a Mesopotâmia (hoje Iraque), a Pérsia (hoje Irã) e o Egito. Isto apesar de que os chineses tenham negociado com os fenícios usando a Rota da Seda. Só perto do século XIII, Marco Polo e os comerciantes venezianos organizaram informações sobre a China e a Ásia Central e seus povos, interessados na comercialização de seus produtos ainda considerados exóticos na Europa.

No Ocidente, a França tem historicamente a fama de alimentar maior preocupações humanística, com conhecimentos de culturas que não sejam de origem europeia. Com a inauguração do Museu do Braniy (Musée du Quai Braniy) há cinco anos, consolidou-se a preocupação com o diálogo com outras culturas, de forma inteligente e institucional, contando com o suporte do setor privado.

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Promoção Cultural do Japão no Mediterrâneo

24 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais | Tags: atividades intensas, em Aix en Provence, exposição cultural do Japão

Todos sabem que houve um período em que havia um grande interesse dos artistas franceses pelo que chamavam de japonismo (japónisme), envolvendo figuras como Paul Cézanne, que pintaram motivos inspirados em aspectos da cultura japonesa. Existe uma instituição chamada Casa do Japão no Mediterrâneo (Maison Du Japon em Méditerranée), que tem como presidente Olivier Personnic, como deveria ser algumas das similares da América do Sul.

Ela promove neste ano o oitavo evento anual que hoje tem o nome de “Le Printemps Du Japon” (A Primavera do Japão), homenageando a reconstrução depois dos desastres naturais ocorridos naquele país. É uma programação de 15 dias cobrindo os principais aspectos da cultura japonesa, voltada para o público internacional que visita Aix en Provence, que além da população local atrai muitos turistas.

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Discriminação dos Japoneses

20 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: ainu, coletivismo, coreanos e chineses, discriminação dos japoneses, retornados aos Japão | 37 Comentários »

Um interessantíssimo e fundamentado artigo foi publicado na importante revista The Diplomat, de autoria da Hiroko Ogawa, sobre a discriminação feita pelos japoneses. Como se trata de uma coletividade homogênea, mesmo com o aumento da presença dos estrangeiros no Japão, continua mantendo uma discriminação, chamando-os de gaijin, que deriva da palavra gaikokujin (que significa uma pessoa do exterior). Mas a autora admite que isto ocorra também com minorias como os ainus (nativos de Hokkaido) e japoneses retornados que residiram por muito tempo no exterior.

Hiroko Ogawa faz um detalhamento desta situação e espera que haja avanços sobre o assunto no Japão, mas parece que sua análise se refere mais sobre os aspectos das minorias étnicas. No entanto, ela nota que os japoneses discriminam tudo que é diferente do padrão adotado pela maioria, inclusive no que se refere ao comportamento das pessoas. E expressa à esperança que isto venha a mudar, ainda que leve muito tempo.

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