28 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: outras características, primeiras impressões de Barcelona, publicidade usando Neymar, viagem de Cingapura e Tóquio
Para um brasileiro que revê Barcelona, Cingapura e Tóquio depois de algum tempo, observa-se que a imagem do jogador brasileiro de futebol Neymar Junior tornou-se popular em todas estas cidades, sendo utilizado intensivamente e de forma eficiente como meio de publicidade. Tanto em Tóquio como em Cingapura, mesmo nos aeroportos internacionais, grandes cartazes traziam a sua figura para promover a imagem de uma grande empresa eletrônica de atuação internacional. Em Barcelona, nada mais natural que a imagem de seu clube atual de futebol utilize a camisa com o seu número, o que ocorre em maior número do que de Messi, que atua há mais tempo e já recebeu premiações internacionais em profusão. Como Neymar é mais comunicativo e apresenta elevado potencial, sua imagem é mais explorada do que dos seus companheiros. Por onde se ande em Barcelona nota-se a sua famosa camisa.
O que também surpreende em Barcelona é o atual número de motocicleta em uso. Como existe um problema de tráfego como das piores cidades do mundo, as motos estão estacionadas até em lugares indevidos, em cima das calçadas, com uma proteção mínima e o seu número surpreende a qualquer observador. Se esta cidade figura como as das mais inovadoras em gastronomia, a quantidade de lugares destinados à alimentação se destaca. E da mesma forma que em outras economias que liberaram a importação de carnes bovinas, ao lado de outras, a sua quantidade ofertada é muito elevada. Onde antes se restringiam aos vitelos que são abatidos prematuramente, ao lado dos suínos que são transformados em diferentes espécies de “jambon”, hoje se consome estas carnes bovinas importadas em quantidade assustadora.
Houve uma sensível inovação na culinária local e mundial, onde a contribuição de Barcelona e da Espanha é um destaque.
Ferran Adriá que liderou a inovação da cozinha espanhola e mundial
Todos sabem que Ferran Adria foi um grande líder que inovou a culinária espanhola e influenciou a mudança da mundial. Ele desestruturou os materiais que utilizava dando novas formas para os alimentos, o que já era feito em parte pelos chineses e japoneses há séculos.
Novas apresentações dos alimentos inovadas por Ferran Adria
Este irriqueto chef, além do seu restaurante, tinha uma espécie de escola de onde difundia as suas idéias criativas, primeiro para os outros chefs espanhóis, e depois para muitos em todo o mundo.
Muitos são os que receberam influências de Ferran Adria, ficando difícil de distinguir o que é de sua criação. Percorrendo um mercado na área tradicional da cidade de Barcelona, verifica-se a variedade de materiais disponíveis oriundos tanto da Espanha como de outras partes do mundo.
O segredo principal de qualquer cozinha é a qualidade do material que está sendo utilizado e nota-se que estão sendo oferecidos para todos os chefs que desejam trabalhar diariamente com o que melhor se encontra nestes mercados, tanto em legumes, verduras e frutas, como principalmente em peixes e outros frutos do mar.
Se a base da tradicional cozinha espanhola já impressionava, tanto pela sua qualidade e sabor destacado, não se pode negar que os navegantes espanhóis foram buscar, notadamente na Ásia e na Índia, muitos ingredientes e temperos que não estavam disponíveis na Europa. A contribuição árabe como africana também pode ser notada, ao mesmo tempo trouxeram muito novos ingredientes das Américas, que colonizaram em grande parte.
Além de sanar o problema da fome dos europeus, com um clima quase tropical, Barcelona sempre foi um dos lugares mais criativos, com figuras destacadas na pintura como Pablo Picasso e Juan Miró, que tirava partido de sua atmosfera muito clara, junto ao Mediterrâneo. E continua se destacando com o futebol.
Barcelona atual conta com seu porto coalhado de iates e navios de todo o mundo, que permitiu a consolidação de sua parte velha da cidade, bastante modificada. Conta com uma parte elevada que dispõe de vegetações e um clima ameno, que se estende pelas áreas habitadas por muitos privilegiados, e depois das Olimpíadas conta com uma parte praiana muito vasta com edificações modernas. Tudo isto, certamente, ajudou a desenvolver a sua culinária, que contou com uma população aberta às inovações, que se espera continuar evoluindo para alimentos mais saudáveis.
O que se espera é que países que se destacam também pela criatividade, como o Brasil, acompanhem estes desenvolvimentos que não se restringem somente a um setor do conhecimento, principalmente agora num mundo globalizado cheio de problemas.
25 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: dificuldades dos estrangeiros com o metrô de Tóquio, distâncias internas das estações e de suas ligações, linhas de diferentes companhias sem compatibilização
Os sistemas adotados pelas redes de metrô de muitas cidades do mundo são diferentes, sendo que o de Paris parece ser o mais fácil de ser utilizado até pelos estrangeiros. O de Tóquio, em que pese sua extensa rede, apresenta dificuldades acentuadas para os que não estão habituados ao seu uso, sendo mais complexo para os estrangeiros e os idosos. Estando próximo da estação de Ichigaya, em Tóquio, pouco afastado do centro da cidade, entrei e adquiri imediatamente um bilhete para chegar à estação de Shimbashi, no centro de Tóquio. Quando tinha que pegar uma linha que faria conexão para o destino pretendido, depois de percorrer a pé mais de 400 metros, fui surpreendido pelo bloqueio mecânico do bilhete usado e me socorri do funcionário que estava no local. Para minha surpresa, fui informado que a linha era de outra empresa componente da rede, e o bilhete adquirido poderia ter o custo devolvido, se voltasse os mais de 400 metros percorridos. Na realidade, existem empresas que não permitem o intercâmbio, dificultando os usuários em Tóquio.
Tendo adquirido nova passagem, ingressando na estação correta fui surpreendido novamente que teria que percorrer mais de 600 metros para chegar à entrada da linha que faria a conexão para o destino desejado. Já cansado, pois tinha feito antes diversas caminhadas para assistir a uma exposição num museu e percorrer um templo sobre um calor considerável, acabei desistindo e solicitei um funcionário para indicar-me a saída mais rápida para tomar um taxi. O caminho para tanto era bastante tortuoso, mas consegui sair na estação de Nagatacho, ao lado do gabinete do primeiro-ministro. Acabei perdendo tempo e dinheiro, por causa da falta de uma conexão adequada das linhas de metrô, e falta de uma informação para os usuários, principalmente estrangeiros.
Pequena parte do sistema de metrô de Tóquio
Como Tóquio deverá sediar as Olimpíadas de 2020 espera-se que estes tipos de informações para os estrangeiros sejam melhorados, pois as informações em inglês somente estão disponíveis nas regiões mais frequentadas por eles, não podendo se contar com elas em toda a cidade.
Compreende-se que o Japão está com limitações de recursos humanos para o atendimento de muitos serviços, mas estas informações podem ser substituídas por sistemas como o da internet. Ainda que as conexões de diversas linhas de metrô sejam sempre difíceis, quando as distâncias internas das estações são acentuadas, parece que alternativas devem ser informadas.
O Japão necessita dos turistas para ativar a sua economia, e os problemas atualmente enfrentados por Hong Kong já aumentaram a vinda de turistas chineses que invadem as lojas e os restaurantes japoneses. Com sua demanda, ajudam a compensar as vendas que não estão tão ativas diante da elevação do imposto de venda para os consumidores locais.
Como um país de tradição, que conta com tantos lugares de interesse turístico, parece importante que as autoridades locais providenciem a superação das dificuldades, hoje sentidas pelos estrangeiros.
19 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: a exposição do acervo do Museum of Fine Arts de Boston no The Ueno Royal Museum, apresentação dos trabalhos de Hokusai, percorreu o Japão e agora se encontra em Tóquio
Para ver a exposição do acervo do Museu de Belas Artes de Boston que inclui uma quantidade impressionante dos trabalhos de Hokusai, o artista japonês mais conhecido no Ocidente, que está exposto atualmente no The Ueno Royal Museum, há se sujeitar a alguns sacrifícios. Multidões de apreciadores japoneses da boa arte contam com rara oportunidade para conhecer em detalhes os trabalhos de Hokusai, o seu patrício que, tendo vivido longamente, produziu uma enormidade principalmente de xilografias, fornecendo uma perspectiva que não era conhecida no Ocidente. Seu trabalho mais conhecido no mundo é a Onda, cuja xilografia está neste acervo. Esta técnica japonesa ficou conhecida com o nome de ukiyo-e, e 140 trabalhos estão na exposição.
A onda de Hokusai, do acervo do Museu de Belas Artes de Boston, uma das xilografias mais conhecidas no mundo
Esta exposição já percorreu muitas cidades importantes do Japão, e na sua fase final encontra-se atualmente em Tóquio. Filas de japoneses e estrangeiros formam verdadeiros cordões e os que têm sorte pode apreciar todos os detalhes com as explicações em japonês, com um pequeno resumo em inglês. Apresentado de forma cronológica, pode se notar a evolução do seu trabalho, inclusive na utilização das cores.
Apresentações paralelas permitem a avaliação adequada dos trabalhos, com a reprodução de cenários onde as figura relatadas se encontravam, como nos palácios e edificações da época.
Todos sabem que as matrizes das xilografias são gravadas sobre as madeiras, e as diversas impressões vão se repetindo com as cores utilizadas, sendo importante, além do trabalho do artista, os que efetuam as cópias em número limitado. Havia na época uma evolução de todo o material utilizado, inclusive as tintas, podendo se notar as diferenças de colorações, notadamente nas figuras femininas e suas vestimentas.
O Museu de Belas Artes de Boston, que foi inaugurado no centenário da independência dos Estados Unidos, na sua coleção sobre arte japonesa conta com 90 mil trabalhos, incluindo 50 mil de ukiyo-e e trabalhos relacionados, inclusive milhares de livros que apresentam estas obras, algumas delas expostas no Japão.
Os artistas japoneses do século XIX reproduziam em detalhes figuras humanas, plantas e pássaros, incluindo paisagens e muitos destes trabalhos chegaram à Europa impressionando os ocidentais, inclusive na forma de livros que aparentam os mangás atuais. Colecionadores norte-americanos adquiriram parte destes preciosos trabalhos, muitos deles hoje doados ao Museu de Boston.
Se nós, que temos remotas ligações com a arte japonesa, ficamos emocionados frente a este impressionante acervo de trabalhos, notamos que muitos artistas japoneses, inclusive idosos, expressavam nas suas fisionomias a emoção de poder apreciá-los, sabendo que o mundo Ocidental também tem plena consciência de sua importância na história universal das artes.
O que parece relevante é que na Era Meiji houve um verdadeiro intercâmbio do Japão com o Ocidente, e os trabalhos japoneses geraram na Europa o japonismo que começou com Manet, como já expusemos neste site. Ao mesmo tempo, está havendo uma exposição da retrospectiva de Shunso Hishida, em comemoração ao seu centenário de nascimento, no The National Museum of Modern Art´s do Japão, que trouxe a contribuição Ocidental com o chamado Yoga para gerar a reação com o chamado Nihonga.
Quisera que estas disputas só ocorressem no campo cultural, deixando as lamentáveis guerras que continuam afligindo a todos.
14 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias | Tags: a divulgação da vitória brasileira sobre o Japão por 4 a 0, Imprensa japonesa, novo ídolo asiático
O futebol sempre foi uma atividade que ajudava a disseminação da imagem brasileira na Ásia. Astros como Pelé, Ronaldo e muitos outros eram mais conhecidos que artistas, políticos ou outras personalidades, identificando-se com a imagem do Brasil nesta parte do mundo, ainda que isto também seja um fenômeno mundial. Encontrando-se com asiáticos, a primeira face atual do Brasil que lembrada é do Neymar e do seu futebol, pois está destacada por todos os mecanismos de comunicação de massa. Quando informamos que somos brasileiros, no passado a primeira impressão no interior dos países do Sudeste da Ásia como nos confins da China era Pelé. Hoje já é Neymar, cujo nome é repetido centenas de vezes pela televisão, como a sua foto aparece em todos os jornais e revistas. O Brasil hoje já é reconhecido pelos simples asiáticos com o nome e a face de Neymar.
Além das empresas privadas que possuem o seu interesse comercial nesta parte do mundo, as autoridades precisar aproveitar a oportunidade para a divulgação do Brasil tanto em termos turísticos como de toda a sua imagem de um bom brasileiro. Como Pelé ajudou o Brasil a ingressar até no mercado russo de café, a boa imagem que se têm deste novo ídolo precisa ser aproveitada para todo e qualquer publicidade. Se mesmo astros futebolísticos pouco conhecidos no Brasil servem para ajudar a vender produtos nos mercados asiáticos, ainda mais de um jovem ídolo mundial como Neymar que tem uma imagem de um bom mocinho, que mostra que o país dispõe de talentos criativos.
Neymar, a nova face do Brasil na Ásia
O Brasil conta com uma imagem positiva na Ásia porque não é considerado por nenhum dos seus aspectos problemáticos. Necessita mais do que nunca da ajuda desta parte do mundo que mantém um dinamismo econômico superior ao mundial. Neymar, por jogar também pelo Barcelona, é bastante divulgado entre os asiáticos. Com quatro gols sobre o Japão na partida disputada em Cingapura, eleva a sua imagem que precisa ser ressaltada como de um bom ídolo brasileiro.
Ainda que sua imagem seja dispendiosa do ponto de vista comercial, entidades, como a EMBRATUR, que se preocupam com o aumento do turismo internacional para o Brasil precisam utilizá-lo para suas publicidades. Aviões como da EMBRAER, a desgastada imagem da PETROBRAS, como do BANCO DO BRASIL ou do BNDES necessitam aproveitar a sua imagem, tanto para as vendas, promoção de exportação como para a captação de recursos.
Os materiais esportivos de grifes internacionais já estão utilizando a sua imagem. Outros produtos industriais brasileiros como de serviços precisam aproveitá-lo e a sua imagem, antes que outras empresas multinacionais acabem contratando-o.
13 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: inauguração do novo estádio em Cingapura, partida com o Japão, vitória sobre a Argentina na China
Por uma mera coincidência, quando estou viajando por Cingapura e pelo Japão, a seleção brasileira de futebol acaba merecendo um destaque na imprensa esportiva dos dois países, com a importante vitória sobre a Argentina por 2 a 0 na China. É que o Brasil conseguiu atrair maior atenção, pois será o protagonista na inauguração do novo estádio nacional em Cingapura, quando disputará a partida com a seleção japonesa. Ainda que tenha sofrido um desgaste com a derrota perante a Alemanha na última Copa do Mundo, o Brasil continua merecendo um destaque no mundo, pois muitos dos seus jogadores atuam na Europa, sendo divulgados internacionalmente.
O novo estádio de Cingapura é uma maravilha, como muitos dos grandes empreendimentos imobiliários desta cidade/país, que também é uma espécie de capital regional do Sudeste Asiático e que tem um respeitável nível de renda. No Japão, uma parte da consolidação do futebol profissional dependeu muito de jogadores e técnicos brasileiros, que continuam tendo destaque no futebol mundial. Por exemplo, Kaká é um destaque e todos ficaram satisfeitos com sua convocação feita pelo técnico Dunga, e ainda que tenha participado somente de poucos minutos já no final da partida com a Argentina.
Aspectos do novo estádio nacional de futebol de Cingapura, que será inaugurado numa partida entre a seleção brasileira e a japonesa
É evidente que a brilhante vitória brasileira sobre a Argentina na China aumentou o interesse pela inauguração, que certamente estará totalmente ocupada com a venda antecipada dos ingressos, ainda que Cingapura não esteja esportivamente envolvida na partida. O Japão vem se destacando como campeão asiático e também tem muitos jogadores atuando em equipes internacionais que têm seus jogos televisionados.
Como um grande espetáculo de interesse internacional, a partida está sendo divulgada nos mais variados jornais com grande destaque, o que acaba ajudando na imagem brasileira no exterior.
8 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Turismo | Tags: diferenças com a realidade brasileira, nova visita a Cingapura depois de anos, problemas comuns
Oliveira Lima, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras nos ensinou que era sempre importante registrar as primeiras impressões, boas ou más, que vão se modificando depois de uma convivência mais longa. Conheci Cingapura nos fins dos anos sessenta do século passado, quando já começava a despontar como um importante centro financeiro do Sudeste Asiático e acompanhei uma parte de sua evolução. Tinha então um terço de população de origem chinesa, um terço de hindus e um terço de malaios. Hoje, cerca de 60% da população é de origem chinesa, figurando como os executivos mais importantes. Passando rapidamente os olhos sobre os três jornais mais importantes desta cidade/pais de cerca de 6 milhões de habitantes, o The Straits Times, o The Business Times e o International New York Times, no suplemento do The Business Times CEO Conversations quase se nota somente os líderes empresariais de origem chinesa.
Mas, comecemos pelos contrastes com o Brasil. Viajando pela Singapore Airlines numa linha que vem de São Paulo, passa por Barcelona na Espanha, vem para Cingapura e vai para Tóquio, observa-se hoje que nenhuma companhia aérea brasileira tem tamanha presença internacional, com a fama de prestar bons serviços. É verdade que seus equipamentos já estão bem utilizados, e os serviços não se destacam como no passado, mas mesmo no chamado business class observa-se que os espaços são bem maiores, com as poltronas podendo ser transformado em leitos. Isto é importante, pois neste trajeto São Paulo / Barcelona / Cingapura já se conta com quase 24 horas de voo.
Aeroporto de Changi
Este aeroporto de Changi é considerado um dos melhores do mundo, e conta-se com a participação dos seus operadores no novo terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, junto com grupos brasileiros. A sua dimensão é gigantesca e o seu movimento é dos maiores, mas observa-se que a orientação interna para os seus usuários exige complementações com consultas aos funcionários.
No trajeto do aeroporto para o centro da cidade, no passado se contava com muitos edifícios que se igualavam aos do BNH – Banco Nacional da Habitação no Brasil. Hoje, milhares de edifícios de apartamentos contam com as melhores condições, sendo intercalados com jardins, como se fora o aterro do Flamengo no Rio de Janeiro.
Algo que provoca estranheza para os brasileiros é que o câmbio do dólar de Cingapura é difícil de ser encontrado mesmo nos jornais, quando no Brasil está em todos. Mesmo o câmbio manual não apresenta diferença com as cotações dos comerciais e financeiros, e pode ser efetuado sem o pagamento de comissões. Mostra que existem um estabilidade que se persegue entre os brasileiros.
Mesmo com o desenvolvimento impressionante de Cingapura observa-se que algumas coisas ainda não atingiram o nível do que pode ser encontrado nos grandes centros mundiais. Mesmo com hotéis de qualidade internacional, observa-se que no passado seus serviços foram melhores, como no uso da internet, ou de detalhes de muitas assistências.
Assuntos internacionais ocupam espaços na imprensa como a preocupação com a ébola e os conflitos internacionais. Nos esportes, como a seleção brasileira deverá enfrentar a japonesa na inauguração de um novo estádio local, aparecem notícias sobre as vendas de ingressos, como a convocação de Kaká para a seleção.
Não poderia faltar a notícia da concessão do Prêmio Nobel de Física para os que contribuíram para o desenvolvimento das lâmpadas LED, os cientistas japoneses Isamu Akasaki e Hiroshi Amino, e o norte-americano de origem japonesa Shuji Nakamura, que contribuem para a economia de energia.
Outros assuntos econômicos como a expansão dos investimentos imobiliários com recursos de muitos estrangeiros também acabam ocupando espaços. Os jornais locais ainda não parecem ressentir da falta de anúncios, pois suas edições contam com o número de paginas que não se encontra mais no resto do mundo.
Cingapura firma-se como um centro financeiro de relevância, e é possível que o problema que está ocorrendo em Hong Kong acaba que proporcionando uma ajuda adicional.
29 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: artigo no Japan News do grupo Yomiuri Shimbun, estrangeiros morando nas habitações públicas de Saitama, japoneses residentes no exterior, pequenos problemas de costumes
Um interessante artigo de Yuki Sato foi publicado no site do Japan News, que é do grupo Yomiuri Shimbun. Refere-se ao aumento de estrangeiros que vivem nas habitações de administração pública da província de Saitama. Ao mesmo tempo, são frequentes as notícias sobre japoneses, principalmente aposentados, que moram em outros países asiáticos, onde os custos de vida são mais baixos que no Japão. O artigo informa sobre muitos estrangeiros da Omiya Higashi-Miyashita de Saitama de administração pública, cujos custos são inferiores aos de gestão privada. Existem pequenos problemas de hábitos destes moradores semelhantes aos que sempre existiram com os chamados dekasseguis, trabalhadores temporários de origem nikkei, que diferem da população local, efetuando-se esforços para estes ajustamentos reconhecendo que a globalização implica nesta convivência.
É preciso que seja considerado que as autoridades japonesas só concedem vistos para residência no Japão para os chamados expatriados, ou seja, que exerçam atividades profissionais naquele país, ou como empresários, ou como funcionários de empresas estrangeiras ou japonesas, que necessitam de recursos humanos diferenciados. A exceção, temporária é com os descendentes de japoneses até a terceira geração, no momento, entre os quais estão os brasileiros e outros latino-americanos. Só que esta temporariedade está se tornando permanente, dada à redução da população no Japão. Há também asiáticos que vão ao Japão para estudos ou outras atividades, e acabam ficando quase permanentes naquele país.
Casal de paquistaneses que vivem no Omiya Higashi-Miyashita
Este casal paquistanês já vive 25 anos no Japão trabalhando numa loja de móveis e o grosso de suas receitas são enviados para os parentes na sua terra natal. Vivem modestamente num apartamento administrado pelo setor público da província de Saitama, estão satisfeitos, e consideram que o seu custo é 30% abaixo dos privados. Estes casos estão aumentando no Japão.
Tudo indica que o padrão de vida destes estrangeiros são modestos quando comparados com os dos japoneses, e eles estão acostumados com isto, pois as condições que enfrentavam nos seus países de origem eram mais precários ainda. Se conseguirem enviar recursos para seus parentes, eles se consideram satisfeitos.
O que se constata é que os aposentados japoneses que estão procurando viver no exterior, contam com recursos que são inferiores aos exigidos pelos padrões do Japão, e procuram países onde os custos de vida são baixos, ao mesmo tempo em que as aplicações financeiras podem proporcionar complementos à suas aposentadorias.
Também são frequentes as situações onde muitos estrangeiros trabalham por longos anos, estando acostumados com os hábitos habitacionais, preferindo continuarem nestes países mesmo depois de aposentados, usufruindo de facilidades com que não podem contar no Japão, como auxílios nas tarefas domésticas, facilidades de condução e outras pequenas conveniências.
Tudo isto leva a consideração que a globalização, além dos fluxos de capital e financiamentos, acaba exigindo uma flexibilidade na mobilidade dos recursos humanos, e mesmo havendo restrições, até existem casos que implicam em risco de vida, como de imigrantes de países extremamente pobres para os Estados Unidos ou a Europa.
Se até o Brasil é receptor de muitos imigrantes latino-americanos e africanos, há que se considerar que existem necessidades de regulamentações que facilitem os deslocamentos legais, pois muitos tentarão mesmo na clandestinidade.
26 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: competitividade brasileira, industrialização, suplementos do Estadão e do Valor Econômico, transparência contábil
Ainda que os candidatos aos principais postos nas próximas eleições não venham travando um debate adequado dos programas que deveriam defender, nota-se nas proximidades das mesmas um aumento da discussão na sociedade brasileira de assuntos relevantes, pelos eventos que muitos meios de comunicação social do país estão promovendo. Os jornais O Estado de S.Paulo e Valor Econômico destacam-se nas edições de hoje, pelas publicações dos suplementos Fóruns Estadão Brasil Competitivo, além dos Especiais sobre a Reindustrialização e sobre a Transparência contábil, que poderiam ser aperfeiçoados, mas são boas bases para discussões que deveriam se prolongar entre os que pensam o Brasil e seus problemas. Alem dos assuntos importantes abordados pelos próprios jornalistas nos seus artigos nas suas pautas habituais.
O Estadão promoveu um debate entre personalidades que participaram da administração pública bem como outros representantes de entidades de classe ou centros acadêmicos, cujos pontos principais são publicados no suplemento. A competitividade, o custo Brasil, modelos de crescimento, agências reguladoras, os problemas do agronegócio, desperdícios dos recursos públicos e outros aspectos relacionados acabam de receber subsídios adicionais, com respeitáveis pontos de vistas de diversos ângulos. Eles todos podem ser acessados no suplemento publicado.
No Valor Econômico está o suplemento tratando da reindustrialização e da transparência contábil. Em que pese a preocupação de conseguir contribuições de representes de diversos setores que ligam destes assuntos, que são inesgotáveis, notam-se algumas ausências lamentáveis, possivelmente diante da falta de empenho da parte dos serviços relacionados com os meios de comunicação social em algumas entidades. Por exemplo, ainda que a FEAUSP – Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária, tenha quadros expressivos que estão contribuindo com o aperfeiçoamento das auditorias no Brasil e no mundo, não se nota depoimentos ou artigos destes profissionais.
O que parece importante é que estes subsídios estejam conectados com a classe política, tanto dos candidatos que estão envolvidos no pleito próximo, como dos que estarão fazendo parte do Congresso, que deve expressar a vontade popular. Mesmo que estes conhecimentos dos especialistas sejam relevantes, se não forem transmitidos adequadamente para aqueles que disputam as eleições, ou podem influir nas suas orientações, tudo ficará como estudos meramente acadêmicos.
Certamente, muitas destas discussões deverão estar subsidiando os auxiliares que estão envolvidos na campanha, mas até agora parece que o papel dos chamados marqueteiros parecem estar ressaltados, com as agressões que podem atingir alguns candidatos, mas em nada contribuem para programas construtivos para a sociedade brasileira.
26 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: 8º Paladar Cozinha do Brasil, ampliação constante., dependências do Anhembi Morumbi Vila Olímpia, evento realizado nos dias 20 e 21 de setembro, suplemento do Estadão
Um suplemento Paladar publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo informa com detalhes o que foi o amplo evento realizado nos dias 20 e 21 de setembro nas dependências do Anhembi Morumbi Vila Olímpia, em São Paulo, que pelo oitavo ano vem comprovando o elevado interesse de todos quantos estão ligados com a culinária no Brasil. Chefs já consagrados ao lado de outros menos conhecidos procuram divulgar suas habilidades utilizando matérias primas até pouco conhecidas, disponíveis na imensidão deste país, com as suas acentuadas diferenciações regionais. O local escolhido, o Anhembi Morumbi da Vila Olímpia, por ser uma escola tradicional de culinária, dispõe das condições adequadas para as diversas “aulas” e palestras que foram dadas, onde os participantes tiveram oportunidade de ver os mais conhecidos preparando desde pratos sofisticados até os mais simples. A novidade que está ganhando força também em São Paulo é o que está se divulgando como cozinha de rua, apresentado de forma simples.
Informa-se que o evento contou com a participação de chefs que já conquistam um prestígio elevado na população, principalmente nos segmentos interessados nas leituras novas que estão sendo dados até para as culinárias mais tradicionais das diversas regiões brasileiras. Mas, também os que atuam nos restaurantes mais cotados do Brasil atraindo novos profissionais que desejam conhecer parte dos segredos que os tornaram tão prestigiados. Como, além de acompanharem as preparações, contam com oportunidades raras para experimentares os resultados dos trabalhos, não há como não interessarem tanto os profissionais da culinária como os que comentam nos meios de comunicação as novidades que continuam sendo lançadas no Brasil. Muitos ingredientes pouco conhecidos também são apresentados, mas há que se considerar que nem sempre estão disponíveis de forma regular, de forma que possam ser utilizados profissionalmente. O que muitos estão tomando conhecimento é sobre a disponibilidade de muitos queijos, ainda preparados artesanalmente, que se diferenciam como já existem em centros tradicionais e oferecidos regularmente em estabelecimentos especializados.
Quando se fala em culinária, não se podem separar as bebidas que os acompanham. Tanto os vinhos como cervejas artesanais, além dos destilados com grande variedade estão mostrando que neste país existem produtos de qualidade que até estão sendo conhecidos no exterior.
Mas, é interessante que também chefs já conhecidos estão apresentando de forma mais popular as suas criações, como se fosse comidas de rua, para que um público mais amplo possa conhecer parte dos seus trabalhos, que são apreciados mais nas alimentações cotidianas, apresentando algo mais do que pode ser encontrado normalmente.
Muitas das receitas apresentadas nestes eventos também estão ficando disponíveis pelos meios eletrônicos, proporcionando a possibilidade de acesso também daqueles que não tiveram a oportunidade de comparecer pessoalmente neste tipo de evento. O que fica muito claro é que o público interessado na culinária continua numa acentuada expansão, deixando de ser somente uma moda, mas uma tendência para a melhoria da alimentação.
Mas, parece que para estes conhecimentos sejam consolidados, há que se ter a consciência que muitos trabalhos ao longo do tempo terão que ser exercidos, não sendo somente algo que possa ser experimentado como algo simplesmente criativo. Para que tenham uma verdadeira qualidade, é preciso entender que muito trabalho e esforço foram acumulados ao longo de muito tempo. Tudo exige muito trabalho acumulado.
24 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: Lafcadio Hearn que se tornou Yakumo Koizumi, para muitos o melhor interprete das coisas japonesas, professor na Universidade de Tokyo e de Waseda
Num artigo escrito por Roger Pulvers, autor de mais de 40 livros em inglês e japonês, publicado no The Japan Times, examina-se o legado do Lafcardio Hearn nascido grego, que se naturalizou japonês adotando o nome de Yakumo Koizumi, considerado por analistas como um dos melhores interpretes das coisas japonesas. É uma comemoração dos 110 anos de sua morte, ele que foi professor das Universidades de Tokyo e de Waseda, tendo morado no Japão por mais de 14 anos, na virada para o século XX. Sua contribuição teve períodos em que ficou esquecido como consequência da guerra do Japão com a Rússia, mas ele que faleceu em 1904 passou a ser reconhecido nos Estados Unidos que admitiam a importância japonesa, até a eclosão da Guerra do Pacífico, no final da Segunda Guerra Mundial. Reconheceu se que o Japão no século XIX despertava a atenção mundial de sua importância cultural, como se observou na sua influência na Europa no seu modernismo e no acervo do Museum of Fine Arts de Boston, atualmente exposto no The Ueno Royal Museum de Tóquio.
Lafcardio Hearn, que passou a chamar-se Yakumo Koizumi, depois de naturalizado japonês
Neste período muitos professores estrangeiros se encontravam na Universidade Imperial de Tokyo, com destaque para Basil Hall Chamberlain que orientou e ajudou Lafcardio Hearn, como menciona o brasileiro Oliveira Lima que também se encontrava na ocasião como diplomata no Japão, ele que mencionou também os primeiros escritos do homenageado falando das coisas boas daquele país.
O que se pode comentar sobre seus trabalhos é que tinha uma visão apaixonada do Japão, a ponto de se tornar japonês, inclusive mudando o seu nome para o usado localmente. Na minha particular avaliação, Oliveira Lima tinha uma visão mais equilibrada, capaz de ver também os aspectos negativos, tendo uma referência europeia para observar o que acontecia no país no período da Era Meiji, bem como sua verdadeira alma.