4 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos | Tags: bases para comparações, evolução da Capital do Mundo para muitos, grandes mudanças
Diversas circunstâncias me permitiram visitar Paris com frequência nos últimos 50 anos, e acompanhar a sua evolução desde o final dos anos cinquenta do século passado, como vinha cerca de quatro vezes ao ano para Genève, na Suíça, onde ajudava voluntariamente uma organização internacional voltada para trabalhos sociais. Os voos mais fáceis do Brasil eram via Paris, quando tinha sido inaugurado Orly, e era uma oportunidade para conhecer a Cidade Luz, com tantas histórias e patrimônios mundiais. Era ainda jovem e tudo me encantava, e isto me permitia usufruí-la por décadas, ainda que modestamente do ponto de vista econômico.
Torre Eiffel, Arco do Triunfo e a Place de la Concorde
Não há nenhuma intenção de me gabar com estas notas, mas somente de informar que tenho um conhecimento mínimo para avaliar a evolução de Paris nestas décadas.
No final da década dos sessenta, quando exercia funções de direção no Banco Central do Brasil, muitos acordos financeiros internacionais efetuados na Europa proporcionavam oportunidades para o uso da agência do Banco do Brasil que tinha sido inaugurado em Paris, como uma das primeiras no exterior. O aeroporto de Charles De Gaulle foi inaugurado, e a Périphérique passou a ser utilizado de forma completa.
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28 de junho de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: aquedutos subterrâneos, cafés à beira rio, canais e rios, docas e embarcadouros, eclusa, Tokyo Sky Tree, verão supercool
Nos idos em que Tóquio se chamava Edo, ela se ligava a Quioto pela Tokaido, estrada que partia de Nihonbashi e levava pessoas a pé ou a cavalo pelo litoral, direção sudoeste da ilha de Honshu. A partir da ponte Nihonbashi, rios e canais também ligavam Edo às vilas ao redor, e alcançava-se o mar aberto para o Oceano Pacífico, além da baía. Juntamente com a Tokaido, os rios de Tóquio certamente exerceram papel importante para os negócios e a rotina diária do povo japonês. Barcos partiam de pequenos embarcadouros ao longo do rio Nihonbashi, enquanto em terra firme, na vizinhança, cavalos do correio japonês meditavam à sombra das árvores.
A histórica ponte de madeira sobre o rio Nihonbashi, do século 17, foi substituída pela atual, de pedra, há exatos 100 anos. Pois para comemorar o centenário, além de ser purificada com banho quente completo, a ponte ganhou confortável ancoradouro nas proximidades. Exclusivos passeios partem desse ponto, juntando-se a outros pelos diversos canais e rios da capital japonesa (como os rios Sumida, Kamejima, Kitajikken, Kanda). Há poucos anos era inimaginável fazer turismo navegando ao longo do rio Sumida, então bastante poluído. Natsuko Nakamura, do staff de articulistas do jornal Nikkei, nos leva a cruzeiros fantásticos pelas águas de Tóquio (Tokyo puts its rivers back to use).
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17 de junho de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos, Editoriais, webtown | Tags: campanha do Ministério do Meio Ambiente, gyaru, monpe, NHK-Kawaii, Nikkei, suteteko, The Japan Times
Quando a então ministra do Meio Ambiente do Japão, Yuriko Koike, introduziu o cool biz em 2005, como reforço para combater aquecimento global (baixar o grau do ar condicionado e usar roupas frescas nos locais de trabalho), a ideia foi vista por conservadores como mania de mulher mandona querendo aparecer na onda do Protocolo de Quioto. Mas, mesmo o Conselho Brasil Japão para o Século XXI, do qual fez parte Paulo Yokota, quando foi recebido pelo primeiro-ministro Junichiro Koizumi, todos estavam com camisa esporte, sem gravatas, no gabinete dele. A ideia veio dos norte-americanos que já adotavam o casual Friday, quando nas sextas-feiras o traje tornou-se informal. Neste verão, com o Japão enfrentando crise energética pós-desastres naturais e nucleares, autoridades decidiram levar a campanha muito seriamente. O público, que já estava se acostumando após seis verões, parece disposto a cooperar. Afinal, mulheres tiveram que queimar sutiãs para conquistar alguma liberdade no passado – agora os homens japoneses têm a chance de se livrar das gravatas sem nem precisar desfilar por Ginza queimando as mesmas.
Paulo Yokota informa da Alemanha, onde se encontra no momento, que também lá os estabelecimentos comerciais estão reduzindo o uso do ar condicionado, pois os alemães decidiram abolir o uso da energia nuclear dentro de alguns anos e algumas usinas mais antigas já estão em revisão. E lembra, também, que o presidente Janio Quadros também havia introduzido em Brasília um traje do tipo usado na Ásia, mais adequado para regiões tropicais.
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14 de junho de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: Akihito - 125º Imperador do Japão, NHK World, Nikkei Editorial, políticos em rixas estéreis, The Japan Times Opinion
Falando de Cingapura, o ministro da Defesa do Japão, Toshimi Kitazawa, alertou líderes da situação (Partido Democrático do Japão) a se unirem e esforçarem na compilação urgente de conciso plano de reconstrução para que o partido possa sobreviver à eventual saída do atual premiê, Naoto Kan (Kitazawa calls for party unity, NHK-World).
Eleitores e, principalmente, as vítimas do desastre no Leste japonês sentem-se revoltados com os parlamentares japoneses que colocam contendas políticas infindáveis à frente dos graves problemas que o país enfrenta. Entrevistados pela NHK nas ruas de Tóquio ou nos centros de desabrigados, cidadãos comuns sentem-se ultrajados com a conduta dos políticos. “Parecem crianças de jardim da infância em briguinhas insensatas”, “O comportamento deles é uma ofensa à população”: em toda parte se ouvem resmungos e queixas de gente frustrada. A desintegração e a falta de unidade e determinação dentro do partido do governo e da oposição têm levado a frequentes trocas de ministros, e aprofundam o sentimento de desconfiança no meio da população. Além das ansiedades e incertezas da vida cotidiana marcada por racionamentos, iminências de sismos, ameaça de vazamento radioativo etc., a ausência de uma forte liderança política cria conflitos insuportáveis no íntimo de cada pessoa (Japan gropes por leadership / O Japão tateia por liderança, Kazuo Ogura, presidente da Fundação Japão, no The Japan Times, 14/junho/2011).
Num momento em que 90mil vítimas do tsunami ainda enfrentam dificuldades nos abrigos, não é hora para desperdiçar tempos preciosos em rixinhas políticas, diz também editorial no Nikkei (No Time to Waste on Political Feuding): espera-se que os partidos da oposição e da situação cheguem rapidamente a uma ordem e resolvam os problemas do país com a urgência que eles merecem.
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25 de maio de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: constituição japonesa de 1946, Era Showa, Japan Today, Nikkei, Ohisama, seriado da NHK, The Japan Times
Despretensioso seriado romântico, Ohisama (“O Senhor Sol”), transmitido pela emissora NHK, relata vida de professora primária ao longo da Era Showa (1926-1989). Na verdade, por trás da história contada pela heroína Yoko Sudo, vislumbra-se libelo sobre a situação feminina das japonesas durante aqueles anos. Vivida pela veterana atriz Ayako Wakao, Yoko conta sua vida em flashbacks desde a infância até tornar-se professora, esposa e mãe nos anos pré, durante e pós-Segunda Guerra. As jovens japonesas entreviam, então, uma promessa de maior liberdade para participação ativa na vida do país. Porém, a tradição pesava muito ainda. A jovem Yoko (atriz Mao Inoue) e suas amigas frequentavam o jogakko (colegial feminino) – privilégio permitido a poucas jovens, pois estudo era visto como coisa inútil para meninas. Do trio de amigas, somente Yoko consegue prosseguir, e vai cursar o magistério. Outra é prometida a um casamento por conveniência; a terceira, não suportando o inerte destino no vilarejo, foge de casa para tentar futuro em Tóquio.
Não era fácil a vida de professora em época de guerra e militarismo exacerbado, numa escola elementar com corpo docente de maioria masculina. Além de ser alvo de críticas e humilhações por ser mulher e ter estudado mais do que muitos homens, a jovem professora precisava cuidar da faxina das classes com os alunos, da limpeza de sala e banheiro dos professores; preparar e servir chá para os colegas, proteger alunos da ira de mestres machistas e violentos. O Japão atravessava tempos difíceis de sacrifícios, então ela procurava transmitir lições de vida, calor e alegria para seus alunos; fazer prevalecer valores e sentimentos como gambaru (perseverar), tsunagaru (unir-se) e kizuna (laços/vínculos). Como nos dias de hoje.
Garotas jogando go. Cena de Ohisama e vistas de Nagano, com suas águas cristalinas e trigo
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23 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos | Tags: empresário com visão mundial, na China, na Rússia, viajando pelo mundo | 1 Comentário »
Quando muito se fala de Henry Kissinger e o seu livro sobre a China, vem à minha memória a figura do empresário brasileiro Horácio Sabino Coimbra, o primeiro a ir à China antes do restabelecimento das relações diplomáticas do Brasil com aquele país depois da Segunda Guerra Mundial, ingressando por Hong Kong, sem nenhuma cobertura oficial. Mesmo o livro que foi escrito sobre ele fala somente parte de suas brilhantes iniciativas empresariais que deveriam servir de exemplos para os nossos atuais empreendedores. Nascido em família ilustre, superou os momentos de dificuldades soerguendo um poderoso grupo do nada, mostrando toda a sua capacidade, ao mesmo tempo em que preservava toda a sua fidalguia até com os mais humildes.
Poucos sabem que ele acompanhou o seu pai no exílio determinado por Getúlio Vargas, fazendo parte do grupo do qual participava os Mesquitas, de O Estado de S.Paulo. Sua família foi atingida pelas crises cafeeiras e ele foi refazer a sua vida do nada no Norte do Paraná, recomeçando com um pequeno banco local e criando a Cacique, que viria a se tornar a mais importante indústria brasileira de café solúvel, com presença mundial. Sempre foi um dedicado e desinteressado amigo do professor Antonio Delfim Netto, tanto nos momentos de participação no governo como quando se encontrava fora das atividades oficiais.
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13 de maio de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: campanha de verão para racionamento de energia, Kyodo, NHK-News, Nikkei, senso coletivo, The Japan Times
Quando foi implantando o racionamento de energia elétrica no Brasil entre junho de 2001 e fevereiro de 2002, brasileiros do sudeste até o norte tivemos um ataque: como vamos fazer agora? Mas logo conseguimos baixar as metas de quilowatts em níveis determinados para cada moradia (drásticos, para algumas famílias). Trocaram-se lâmpadas para fluorescentes econômicas, geladeiras para modelos com certificado de consumo, desligaram-se freezers, micro-ondas; famílias patrulhavam uso de chuveiros, TV e internet. Pela primeira vez estávamos aprendendo a usar racionalmente a energia elétrica. E nem estávamos saindo de uma guerra, tampouco de terremoto ou outras catástrofes: o sistema de geração com alta dependência hidrelétrica aliado à insuficiência de novos empreendimentos tinha sido agravado por longa e crítica estiagem. Além de trazer significativa redução no consumo de energia, o racionamento serviu também para educar o povo brasileiro. Com reflexos benéficos até os dias de hoje.
Com diversos reatores nucleares sendo desligados para verificação, e racionamento programado de energia elétrica ameaçado pela alta de consumo no verão, o Japão pós 11 de março está reavivando a campanha do Cool Biz, moda norte-americana que procura usar roupas informais para o verão. Introduzida no verão de 2005, governo Junichiro Koizumi, era para ajudar na redução da emissão de gases poluentes: propunha-se manter o ar condicionado em locais de trabalho a 28º C, e permitir uso de roupas leves, abolindo-se gravatas e paletós no Japão. Houve muitas resistências por parte dos conservadores homens japoneses, mas em todos os verões vem se tentando popularizar a medida. Este ano, o Cool Biz começou um mês antes e irá até outubro, com adesão até entusiasmada devido à situação. Cartazes na entrada de prédios em Tóquio pedem para residentes e trabalhadores colaborarem com a campanha.
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6 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos, Editoriais | Tags: observações de Deborah Fallows, outros ângulos, publicado no The Atlantic
Um interessante artigo foi publicado pela linguista e autora do livro “Dreaming in Chinese” (tradução livre, Sonhando em Chinês), Deborah Fallows, na revista The Atlantic, de grande prestígio nos Estados Unidos, sobre o comportamento dos chineses. Nas viagens pelo sistema de metrô de Beijing e Xangai, ela observou como eles aprendem a se manter em fila, usando os cotovelos, algumas vezes com ocidentais sentados ao lado de imigrantes rurais.
Como seu marido mora na China, ela estima que tomou 1.000 vezes os metrôs de Xangai e Beijing, utilizando cerca de 500 horas, passando por uma instrutiva experiência social, ouvindo os anúncios feitos tediosamente em mandarim e em inglês a cada estação, o que lhe serviu como lições da língua local. Um trabalhador rural, carregando um enorme saco plástico de grãos (possivelmente levando todo o seu patrimônio) nas costas, empurrava o estômago do seu marido numa ocasião.
Estação de metrô na capital chinesa. Foto: China Daily
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30 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Depoimentos | Tags: indicação recebida de Rafael Sugano, jovem harpista Agematsu Mika
Contamos com a visita frequente de algumas personalidades que nos enviam observações sobre os constantes erros gramaticais dos textos postados neste site, que tem um estilo pouco exigente na redação, que são sempre bem-vindas. Sempre que possível tentamos fazer as correções. Ao mesmo tempo, contamos com ótimas sugestões de assuntos que possam ser postados neste site, dada a sua orientação geral de contribuir para o intercâmbio entre a América do Sul e a Ásia, onde o exemplo a seguir é expressivo, e tomo a liberdade de aproveitar com um mínimo de edição.
Sou Rafael Sugano – leitor assíduo de seu blog (o que muito nos honra). Venho conversando com o senhor Jo Takahashi (o responsável pelo Jojoscope e um grande promotor cultural) sobre uma harpista profissional japonesa radicada na Colômbia chamada Agematsu Mika.
Ela começou a tocar a harpa paraguaia aos 13 anos, influenciada por sua mãe, também harpista profissional. Seu estilo é variado. Ela toca músicas folclóricas japonesas e, além disso, músicas de praticamente todos os países da America Latina, com um estilo alegre e muito prazeroso de se ouvir. Sua técnica é impecável. Além de ser jovem, bela e sorridente – dá a impressão que o sorriso é algo que faz parte das partituras de suas músicas.
O motivo por estar lhe recomendando, é porque creio que sua proposta de intercâmbio e fortalecimento dos laços entre America do Sul e Ásia, e convergem com os interesses dela.
Abaixo alguns vídeos:
"Cielito Lindo"
http://www.youtube.com/watch?v=2HGL8L8bi7Y
"Moliendo Cafe"
http://www.youtube.com/watch?v=WP3USxztYJk
"El Cascabel"
http://www.youtube.com/watch?v=RXkHeZ2xuj8
Rafael Sugano
Evidentemente, o que se encontra entre parênteses e em itálico foram acréscimos nossos. Agradecemos profundamente estas contribuições que gostaríamos de estimular. É possível que, por problemas técnicos, não se possa acessar diretamente os vídeos.
30 de abril de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: fuji, fuji-musume, teatro Kabuki, wisteria japonica floribunda | 4 Comentários »
Passada a esperada e celebrada florada das cerejeiras, eis que vem o Golden Week (grande feriado da primavera). Turistas que viajam pelo Japão nesta época se encantam com outra florada, a das sedutoras flores de glicínia. De uma cor entre o lilás e o roxo, o fuji-iro (cor da glicínia) talvez seja a cor considerada genuinamente japonesa. Representa uma cor elegante e refinada de antigas épocas – como no período Heian (794-1183), a grande época clássica japonesa, quando reinava o poderoso clã Fujiwara.
Do ideograma fuji (glicínia) provem muitos nomes de família; a começar dos Fujiwara (campo de glicínias), e Fujimura (vila das glicínias), Fujisaka (ladeira das glicínias), Fujiki (pé de glicínia). O mesmo ideograma é lido tô, dô, em leitura chinesa, e compõe sobrenomes como Ito, Sato, Kondo, Goto: todos contendo o ideograma “glicínia”, que, diz a lenda, é muito auspicioso e afortunado ter no seu nome. Vale esclarecer que o fuji do Monte Fuji escreve-se em outro ideograma, nada tendo a ver com glicínia.
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