24 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: as dificuldades que vão além do abastecimento de água, cuidados adicionais, desperdícios, problemas energéticos
Um artigo publicado por Mac Margolis que coopera com diversos jornais internacionais no site da Bloomberg nos leva a algumas reflexões diante da forte seca em São Paulo, que prejudica sobretudo o abastecimento de água nesta grande metrópole. Mas, também coloca em risco o fornecimento de energia elétrica, que passa a depender de outras fontes que a hidroelétrica, com custos mais elevados, alem de outras consequências que exigem alterações no comportamento da população. Sabe-se que o problema não se resume a seca, pois há mais de 50 anos vem se apontando esta possibilidade, exigindo medidas para o suprimento de localidades distantes, o que nunca foi providenciado. Os especialistas em problemas hidráulicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo já recomendavam que se providenciassem abastecimentos como do Vale do Ribeira, que além de uma distância apreciável, exigiria a elevação da água por mais de 500 metros de diferenças de altitudes.
Na realidade, os brasileiros adquiriram uma cultura como se todos os suas necessidades fossem atendidas pela Providência, e que não haveria carência de investimentos para prover as suas demandas, num país abençoado pela natureza. Os custos destes abastecimentos nunca foram considerados e desperdícios foram praticados ao longo do tempo, sequer providenciando para que possíveis vazamentos na rede de abastecimento fossem coibidos. Nunca que providenciou o reaproveitamento da água utilizada, deixando que a poluição se tornasse um problema hoje difícil de ser contornado. Agora, premido pela necessidade, muitas alterações terão que ser providenciadas, talvez com custos mais elevados.
Situação crítica na Reserva de Cantareira
O autor do artigo estranha que a imagem do Governador Geraldo Alckmin ainda não esteja sendo afetado segundo as pesquisas de opinião para a próxima eleição. Com esta seca, além do abastecimento de água, também a produção agrícola brasileira já começa a ser afetada, tornando-se também um problema nacional, como também é o problema da energia elétrica.
O que se espera com esta dura lição é que o Brasil reformule sua cultura com relação ao abastecimento do que hoje é providenciado pela natureza. Há que se antecipar, como já era feito no passado, algumas medidas de longo prazo que assegurem as necessidades mínimas para a população, com a clara consciência que existem custos, e os pesados investimentos necessitam ser providenciados.
Não se trata somente de água e energia elétrica, mas outras limitações existentes no Brasil precisam ser encaradas, não se imaginando que os problemas podem ser resolvidos sem sacrifícios, como a atual campanha eleitoral, infelizmente, vem enfatizando pelos mais variados candidatos.
18 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: aproveitamentos possíveis, atividades internacionais, da produção para os consumidores, dimensão brasileira
Mesmo que a logística seja importante em qualquer econômica, quando se trata de uma economia como a brasileira que ocupa uma grande extensão territorial ela ganha uma relevância maior. As zonas de produção se espalham por todo o território e mesmo com a concentração dos consumidores pelos grandes centros, o que vem se verificando é o aumento da importância das regiões que antes eram considerados menos desenvolvidos. As distâncias que necessitam serem cobertas são grandes e com a deficiência histórica das ferrovias no Brasil, as rodovias ganharam importância, ainda que não sejam as mais recomendáveis para grandes distâncias. Mesmo que haja alguns aproveitamentos dos transportes fluviais, a grande maioria dos rios brasileiros não corre na direção que seria mais conveniente, salvo na bacia Amazônica. Em que pese o grande litoral brasileiro, a navegação de cabotagem sempre enfrentou obstáculos que não permitem o seu pleno aproveitamento.
Nos relacionamentos com o exterior, sempre se contou com o transporte marítimo para as importações, e foram efetuados esforços para viabilizarem as exportações. Mas, todos acabam exigindo transportes multimodais, pois os grandes centros consumidores como produtores brasileiros continuam localizados longe dos portos, havendo necessidades variadas para os deslocamentos necessários, bem como localização dos pontos de estocagem das mercadorias.
Um suplemento setorial de importância acaba sendo publicado já com regularidade pelo jornal Valor Econômico, fazendo um balanço bastante completo sobre o que existe em matéria de logística no país, bem como os graves problemas ainda enfrentados, pela falta de investimentos em todos estes sistemas de transportes que permitam o seu funcionamento eficiente.
Os grandes desafios sempre foram às cargas de retorno, pois muitos transportes de grandes massas continuam sendo feitos a granel, e o desejável seria contar com outros correspondentes em sentido contrário. Quando são de cargas de produtos industrializados, muitos hoje em conteiners, sempre existem formas de aproveitamento das capacidades de transportes para outras mercadorias, ainda que de características diferentes.
O grande problema está na logística que dá apoio ao comércio internacional, que ainda conta com minérios e commodities agrícolas que são transportados a granel. Como os produtos importados são normalmente manufaturados, transportados em conteiners, acaba havendo um desequilíbrio dos seus fluxos. Há que se imaginarem formas criativas que permitam que os mesmos sejam utilizados para outras cargas de retorno, aproveitando as capacidades existentes.
Tanto as empresas brasileiras como estrangeiras que operam com a logística no Brasil estão plenamente capacitadas para trabalhos eficientes. Algumas ineficiências que se encontravam no setor público passam a ser supridas com as privatizações, que ainda não são completas. E existem regulamentações que necessitam ser removidas dos obstáculos que apresentam para os fluxos eficientes.
16 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: dificuldades dos envolvimentos, falta de mecanismos internacionais adequados, os problemas do Estado Islâmico, quadro complexo
O problema agravado pelas divulgações internacionais dramáticas das decapitações de jornalistas pelo Estado Islâmico está em todos os meios de comunicação do mundo, mas as medidas até agora tomadas não parecem contar com a operacionalidade adequada para enfrentar esta lamentável situação. A revista The Economist costuma apresentar uma avaliação ponderada, mas até ela parece confusa com a complexidade do quadro, avaliando que sua solução demandará muito tempo, exigindo paciência de todos. Comenta o pronunciamento de Barack Obama sobre o assunto aproveitando o aniversário do ataque às Torres Gêmeas, considerando o Estado Islâmico um câncer, com o qual todos concordam. Mas, sua intenção de só proporcionar ataques aéreos, além de oferecer limitada assistência técnica ao Iraque indica a lamentável perda do poder dos Estados Unidos para interferir em questões internacionais desta natureza e até de organizar uma coalizão de países para tanto.
A medida da complexidade do atual problema pode ser dado pela lamentável participação de norte-americanos e ingleses radicais nas ações do Estado Islâmico, alem da adesão de muitos países árabes para o seu combate, inclusive a disposição do Irã. São notórias as dificuldades da maioria dos grandes países ocidentais no envolvimento de suas tropas nas operações territoriais, que sofre uma forte rejeição de suas populações. Ao mesmo tempo, organismos internacionais como as ONU – Nações Unidas, ou a NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte não contam com condições operacionais para interferir num quadro tão dramático.
Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama
O The Economist que a proposição genérica de Barack Obama só funcionará se o Oriente Médio começar a superar o caos em que se encontra, com a lamentável política externa dos Estados Unidos nos últimos anos. Todos sabem, infelizmente, que borbardeios aéreos, por mais intensos que sejam, não conseguem desorganizar o Estado Islâmico que nem se sabe com quantos membros contam, e na medida em que inocentes civis são atingidos as resistências mundiais acabam se agravando.
Considerando um inimigo maior o Estado Islâmico até se aceita as participações da Síria, quando os Estados Unidos não conseguiram equacionar adequadamente a situação do Iraque, depois de muitos recursos humanos e materiais lá sacrificados. Outras participações de países árabes sempre são complicadas, pois existem problemas etnicos alem de diversas facções que possuem orientações diversas, inclusive do ponto de vista religioso.
Mesmo entre os demais aliados ocidentais com que os Estados Unidos possam contar, existem muitos problemas políticos que estão sendo enfrentando, tanto com as eleições como o estado ainda precário de suas economias. Se existem problemas como da atual NATO que é regional, as dificuldades de se chegar a um mínimo de consenso na ONU aparenta ser mais difícil.
Um detalhe a ser observado é que os jornalistas decaptados pelo Estado Islâmico usavam uniformes idênticos com os utilizados pelos prisioneiros de Guantanamo, que Barack Obama prometeu fechar, mas não teve condições para tanto.
Tudo indica que é preciso haver uma clara consciência que estas guerras atuais não são as convencionais, aparentando ser mais de guerrilhas, como as que foram enfrentadas no Vietnã e em muitas outras intervenções mais recentes, quando não fica muito claro quem é inimigo e quem é amigo.
15 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Tecnologia | Tags: a moda e seus perigos, mercado brasileiro de e-commerce, quantidade de notícias ligadas à Alibaba
Neste período em que o grupo chinês Alibaba procura concluir sua gigantesca operação de captação de recursos utilizando o mecanismo da IPO no valor recorde que deve chegar a US$ 24 bilhões, há que se admitir a competência de seus dirigentes para inundar os veículos de comunicação social do mundo com as mais variadas notícias sobre as operações do grupo, ainda que sempre caibam dúvidas respeitáveis sobre alguns dos produtos vendidos. Os brasileiros são suscetíveis às modas, sem avaliar todos os seus riscos. Com a ascensão de muitos consumidores brasileiros para a classe média, ampliaram-se os consumidores desejosos de pechinchas, navegando pela internet procurando oportunidades, segundo analistas destes tipos de atividades, que coloca no Brasil entre os cinco maiores consumidores utilizando estes mecanismos, segundo um artigo publicado no The Wall Street Journal de autoria de Loretta Chao, com a contribuição de Paulo Travisini de Brasília.
O artigo cita casos de compradores que considerados os preços oferecidos vantajosos comparados com os praticados no Brasil, mesmo com as tributações a que estão sujeitos na alfândega e as demoras nas suas liberações. Quando o Presidente chinês Xi Jinping esteve em Brasília visitando a Presidente Dilma Rousseff conseguiu acordos com os Correios do Brasil para acelerar a redução dos procedimentos burocráticos. Mas, o que vem se constatando é que muitos produtos comercializados pela Alibaba estão sendo questionados como falsificações, notadamente nas de algumas griffes. Mesmo assim, a Alibaba considera que o Brasil é onde suas atividades devem se expandir nos próximos anos, mesmo que este nome seja associado no país com os 40 ladrões.
Um dos sites utilizados pelo grupo apresenta suas ofertas em português, e os isentos de tributações de importações devem estar abaixo de US$ 50, havendo ainda uma taxa que eles cobram por encomenda.
Outros grupos que atuam nesta faixa de mercado também estão promovendo importações, como os provenientes da China. A pouca importância que o Brasil veio adotando para a expansão de suas atividades no exterior não vem permitindo um razoável equilíbrio nestas operações de comércio internacional, que deveria contar com um volume também de exportações nesta faixa.
Muitos afirmam que o câmbio seria um fator fundamental, mas é preciso considerar que também existem muitas outras iniciativas que devem tornar os produtos brasileiros competitivos, incluindo a logística, todos os procedimentos burocráticos, alem das tributações que devem incidir tanto sobre os produtos acabados como matérias primas e componentes envolvidos, alem dos encargos sobre os custos de mão de obra.
12 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: pesquisas de opinião, sentimentos dos chineses, sentimentos dos japoneses
Foram efetuadas pesquisas de opinião pela organização não governamental Genron de Hong Kong por solicitação da China Daily procurando avaliar a opinião de chineses e japoneses sobre as relações entre o Japão e a China. Eles vêm fazendo estes levantamentos, pois se preocupam com a melhoria das relações entre estes dois países relevantes no Extremo Oriente. Ainda que estejam sendo publicadas pelos jornais japoneses como chineses, para procurar maior isenção, aproveitou-se um artigo de Demetri Sevastopulo publicado no Financial Times. Indicam pequenas melhoras, mas os resultados continuam preocupantes.
De acordo com a pesquisa, 38% dos japoneses pensam que a guerra poderá ser evitada, um percentual de 9 por cento percentuais abaixo do levantamento feito em 2013. Mas, 93% dos nipônicos possuem pontos de vista negativos com os seus vizinhos, e 87% dos chineses sobre os japoneses, ainda que com uma redução de 6 pontos com relação à pesquisa anterior. São dados alarmantes, mostrando que entendimentos importantes entre eles apresentam grandes dificuldades. O Primeiro Ministro Shinzo Abe solicitou ao Presidente Xi Jinping uma reunião de cúpula entre as autoridades dos dois países, mas não recebeu uma resposta favorável.
Primeiro Ministro Shinzo Abe do Japão
Presidente Xi Jinping da China
Todos sabem que o clima entre a China e o Japão pioraram depois das disputas sobre as ilhas deshabitadas Senkaku/Diaoyu no mar entre os dois paises. O governo japonês comprou as mesmas para evitar que radicais japoneses os adquirissem. Os chineses ficam contrariados com as visitas das autoridades japonesas ao Templo Yasukuni onde estão enterrados herois japoneses, alguns considerados criminisos de guerra pelos chineses.
Ainda que as relações comerciais entre os dois países sejam os mais intensos no mundo, estas dificuldades políticas alimentam estes sentimentos antagonicos entre os japoneses e chineses. As pesquisas indicam que 53% dos chineses e 29% dos japoneses que seus países irão à guerra.
Existem minorias nacionalistas tanto entre os japoneses como entre os chineses que fomentam atitudes belicistas, e as autoridades procuram reduzir as ansiedades, mas não estão se conseguindo avanços expressivos.
São constantes os sobrevoos de aviões, inclusive militares dos dois países sobre as ilhas em disputa, e os Estados Unidos procuram dar um respaldo para seus aliados japoneses, mas evitam confrontos diretos com os chineses que poderiam agravar os conflitos que se extendem por outros países da região. Também são frequentes as presenças de navios de guerra, principalmente da China na região que ampliam os sentimentos contrários de muitos países que possuem outras disputas com aquele país.
Os entendimentos diplomáticos teriam que ser intensificados, mas muitas questões passadas não facilitam que se cheguem a resultados. O que continua predominando é a possibilidade de que estas tensões emocionais sejam adomercidas, fazendo com que interesses econômicos e comerciais continuem aumentando de importância.
11 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: artigo com muitas pesquisas sobre o Delfim Netto, publicado na revista Piauí, visões variadas
Sempre é difícil fazer um apanhado geral sobre uma personalidade como o professor ADN – Antonio Delfim Netto que já exerceu variadas funções importantes ao longo de seus 86 anos e que continua mais ativo que muitos jovens nos seus estudos. O jornalista Rafael Cariello efetuou muitas pesquisas, inúmeras e demoradas entrevistas tanto com o próprio professor, como muitos dos seus auxiliares, bem como outras personalidades que o conhecem diretamente ou pelos seus trabalhos para chegar a este artigo publicado no número 96 da revista Piauí, deste mês de setembro.
Tendo desempenhado um papel de destaque tanto no período autoritário do Brasil, antes como depois da volta à democracia, não poderia deixar de haver variadas interpretações sobre o seu papel que foi resumido num artigo bastante longo, onde não se observa nenhuma lacuna marcante, mas talvez pequenos exageros sobre as influências de seus colaboradores, entre os quais estou incluso. O trabalho resultante merece elogios pelo seu equilíbrio e qualidade.
O artigo, de forma criativa, começa por mencionar o seu papel nos dois períodos em que esteve no comando da economia brasileira, o primeiro entre 1967 a 1974, quando o crescimento foi acentuado depois de uma recuperação da recessão anterior, chegando a ser chamado de “milagre” indevidamente, pois era o resultado de muito trabalho. No segundo, já sobre os efeitos das duas crises petrolíferas mundiais, a que se seguiu uma crise financeira internacional, entre os anos 1979 a 1994, quando todo o mundo estava sendo atingido e se procurava somente estabilizar a inflação ao nível de 200% ao ano, procurando manter o setor externo como alavanca de um crescimento.
Ainda que o posterior Plano Real tenha estancado o processo inflacionário de forma imaginativa, não se conseguiu preservar a importância do setor externo, que hoje provoca problemas das pressões inflacionárias e um baixo crescimento da economia brasileira. Nem sempre houve uma compreensão adequada sobre o assunto, inclusive da equipe do ex-Presidente FHC – Fernando Henrique Cardoso, ele que também foi professor na FEA-USP, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, antes de passar para a Sociologia. Quando FHC era representante no Conselho Universitário da USP, ADN era o seu substituto.
Professor e economista Antonio Delfim Netto
O artigo procura destacar a capacidade de ADN manter o diálogo com as mais variadas correntes de pensamento econômico e político, como no início dos contatos com o ex-Presidente Lula da Silva, quando ele era conhecido como czar da economia e Lula começava a se destacar como líder metalúrgico. Também as lealdades dos seus colaboradores, muitos de origem na FEA-USP que ajudaram a compor seus Delfim’s boys, como Eduardo Pereira de Carvalho, Carlos Viacava, Carlos Antonio Rocca, Akihiro Ikeda, Affonso Celso Pastore e muitos outros. Também foram sendo agregados outros ao longo de sua carreira, provenientes das variadas regiões deste imenso Brasil.
A origem humilde de ADN é mencionada com o início da carreira profissional na função de office-boy na Gessy, onde teve a sorte de ser orientado para leituras que propiciaram a formação de uma fabulosa biblioteca, já doada para a FEA-USP. Muitos que conviveram com o seu trabalho no governo, como Ernani Galveas, Antonio Dias Leite, Shigeaki Ueki, Carlos Alberto Andrade Pinto, Mailson da Nóbrega, Luiz Paulo Rosenberg prestaram seus depoimentos. O gosto comum pela leitura incluiu depoimentos como de Eduardo Gianetti da Fonseca, hoje um dos principais assessores da candidata Marina Silva.
Muitos episódios relacionados com os governos autoritários estão mencionados, como do período do governo Costa e Silva, com o posterior Presidente Ernesto Geisel, mesmo alguns que não estavam devidamente divulgados, onde se incluíam Octávio Gouveia de Bulhões, Roberto Campos e Mário Andreazza. Também foram incorporados trabalhos importantes como do jornalista Elio Gaspari sobre o período que mantinha contatos frequentes com ADN.
Episódios críticos como os desligamentos dos ministros Fábio Yassuda e Cirne Lima também são abordados. Sobre os desligamentos dos ministros Karlos Rischbieter e Mário Henrique Simonsen no governo João Figueiredo atribuindo a empurrões de ADN não parece corresponder à realidade, pois foram eles que tomaram a iniciativa de desligar-se diante do difícil quadro em que se encontrava a economia brasileira.
São mencionados contatos mais recentes com Lula da Silva e Dilma Rousseff, inclusive com a participação de Luiz Carlos Belluzzo, fatos que não devem ser atribuídos à importância dada por muitos. Alguns economistas como Samuel Pessoa se impressionam com a capacidade de leitura de ADN, como também Carlos Langoni observa o recebimento de muitos artigos acadêmicos com observações registradas.
São mencionados casos como os ocorridos com Luis Paulo Rosenberg e Eduardo Gianetti da Fonseca com a preocupação de ADN sobre assuntos pessoais, que nem tinham relações com a economia ou a política, mostrando sua disposição de ajudar até na solução de pequenos problemas.
O artigo exagera no auxílio de alguns colaboradores, como é o meu caso, no entanto, observa-se que ADN se comporta muitas vezes como um verdadeiro capo, com destaque para os membros de sua família, mas também aos que foram incorporados para sua equipe ao longo de muito tempo.
10 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: 61 volumes dos anais do Imperador Hirohito, posição contra a aliança com a Alemanha nazista, posição contra a guerra com os Estados Unidos
A Agência da Administração da Casa Imperial do Japão divulgou os anais do Imperador Hirohito que detalham os 87 anos de sua longa vida, que começou no dia 29 de abril de 1901 e terminou com o seu falecimento no dia 7 de janeiro de 1989. Inclui o período em que ele ascendeu ao Trono do Crisântemo em 25 de dezembro de 1926, o seu pronunciamento pelo rádio de 15 de agosto de 1945 declarando a rendição japonesa, até o seu falecimento no pós-guerra, já como Imperador constitucional. São 61 volumes que compreendem 12.137 páginas, com 3.152 conjuntos de materiais, sendo 40 não conhecidos até hoje. Estão publicados em todos os jornais japoneses.
Entre os fatos destacados no The New York Times pelo jornalista Martin Fackler está sua oposição à aliança na Segunda Guerra Mundial com a Alemanha nazista que levou a formação do Eixo junto com a Itália, e sua advertência antes do ataque a Perl Harbor que uma guerra com os Estados Unidos como autodestrutivo para o Japão.
Sua Majestade Imperial Hirohito
Atribui-se a demora na divulgação destes anais, dado que muitos dos assuntos abordados são sensíveis para a opinião pública japonesa e mundial, podendo ser atribuída a sua responsabilidade na Segunda Guerra Mundial por não ter assumido uma posição mais atuante ao período nacionalista e militarista que levou ao conflito mundial.
Os analistas norte-americanos também informam que os contatos do Imperador Hirohito com o general Douglas MacArthur, que comandou a ocupação dos aliados no Japão não estão apresentados em todos os seus detalhes.
Os documentos divulgados incluem o diário de Saburo Hyakutake, o grande camareiro do Imperador Hirohito, que compreende o período crítico do regime militar em 1936. Estes documentos japoneses do passado costumam ser muito detalhados, como os que foram divulgados, compreendendo o período deste a Restauração Meiji até a Segunda Guerra Mundial, e devem servir para muitos estudos dos historiadores.
10 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: debate entre José Roberto Mendonça de Barros e Delfim Netto no Estadão, diagnósticos e opções de política econômica, entrevista de Eduardo Gianetti no Valor Econômico
Foi publicado no jornal O Estado de S.Paulo um debate entre os economistas Antonio Delfim Netto e José Roberto Mendonça de Barros sobre os problemas atuais de política econômica procurando estabelecer parâmetros para o julgamento das propostas dos candidatos à Presidência da República. Também foi publicado no Valor Econômico uma entrevista com Eduardo Gianetti da Fonseca, um dos principais assessores da candidata Marina Silva, que aparece atualmente nas pesquisas como a favorita para a vitória num eventual segundo turno. Todos se mostram conscientes que os problemas econômicos atuais exigirão fortes ajustes no começo da próxima administração, quem quer que seja eleito, que poderá provocar uma desaceleração adicional da economia brasileira por um período, que poderá ser mais longo ou mais curto. Os diagnósticos não diferem muito.
Delfim Netto acredita que se houver um choque de credibilidade com o novo governo, o ajustamento acabará sendo mais rápido, pois os agentes econômicos costumam se antecipar ao que vai ocorrer no futuro. Mas, como parece haver um consenso que o ajuste necessário será bastante profundo, sempre se admite que nem tudo pode ser feito rapidamente, como expressa Eduardo Gianetti da Fonseca, havendo necessidade de tempo para que seus efeitos se apresentem para a população.
Professor Antonio Delfim Netto
Economista Jose Roberto Mendonça de Barros
Economista Eduardo Gianetti da Fonseca
O que parece difícil é que se consiga reunir facilmente competentes economistas de diversas origens para compor uma equipe no novo governo. Ainda que existam muito habilitados, nem sempre é fácil compor uma equipe que tenha um comando claro e uma estratégia consensual, pois os ajustamentos de diferentes personalidades costumam ser de grande complexidade.
Parece que, além de contar com muitos que possam colaborar em diversos setores, existem as necessidades de atendimento das reivindicações regionais e componentes de diversas facções políticas, quanto mais de diferentes partidos políticos e profissionais oriundos de instituições diferentes. Seria quase um milagre que houvesse uma liderança política capaz de galvanizar todos numa só diretriz, quando se observam ainda mudanças em muitos objetivos programáticos, mesmo que esteja no estágio da campanha eleitoral.
Quando se tratar que colocações gerais todos podem concordar, mas as diferenças acabam ocorrendo nos detalhes das execuções. O Brasil é demasiadamente grande, com fortes diferenças regionais e variadas tendências politicas que ainda não estão suficientemente consolidadas. Não há uma forte liderança política, com as qualificações de um estadista.
É evidente que os resultados eleitorais seriam importantes, mas mesmo as minorias não podem ser facilmente atropeladas, principalmente quando as execuções demandas tempo e sacrifícios. Os recursos disponíveis não costumam ser suficientes para atender todas as aspirações, por mais legítimas que sejam.
Nunca pode se subestimar as dificuldades da formação de uma base parlamentar sólida, mesmo que num primeiro momento as contrariedades não sejam expostas. Não se pode esperar um cenário mundial que ofereça um vento de cauda, pois muitos países e regiões se esforçam ainda para se recuperarem da crise que vem desde 2007/2008.
Ainda que se respeite o poder do setor financeiro que foi capaz de reunir recursos humanos competentes, é preciso constatar que as atividades reais como do setor rural e industrial possuem reivindicações que nem sempre se ajustam aos simples interesses financeiros de curto prazo.
Todos precisam torcer para que haja um governo reazoável, principalmente do ponto de vista econômico, mas devem se reconhecer que os problemas a serem enfrentados são gigantescos e variados, num cenário em que as críticas são sempre mais fáceis do que os trabalhosos projetos e programas que exigem muita paciência na sua execução.
8 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: diferenças dos volumes de recursos, duas notícias no site da Bloomberg, um fundo europeu para pesquisas sobre o grafeno, um IPO para o comércio pela internet
Uma notícia elaborada por Leslie Picker publicada no site da Bloomberg informa que o grupo chinês Alibaba procura captar US$ 21,1 bilhões num IPO para financiar suas atividades voltadas ao comercio via internet, que seria o maior lançamento de papeis efetuado no mercado mundial. De outro lado, Oliver Stanley num outro artigo publicado no mesmo site, informa que a Europa procura criar um fundo de US$ 1,3 bilhão para um amplo programa de pesquisas europeias relacionadas ao grafeno, este novo material revolucionário que possui ricas características, como resistência, transmissão de energia, pequena dimensão, entre muitos outros que poderá ocupar no século XXI o tipo de papel que o aço desempenhou no século XX. No primeiro caso, um simples professor de inglês transformou-se num ousado empresário, Jack Ma, que teve dificuldades para lançar a operação no seu país, em Hong Kong. No segundo caso, entre muitos outros cientistas envolve o co-ganhador do Prêmio Nobel de Física de 2010, Kostantin Novoselov, e Kostas Kostarelos, ambos hoje na Universidade de Manchester que está se destacando nestes trabalhos, havendo já milhares de patentes solicitadas pelas grandes empresas que atuam com este produto nos segmentos de tecnologia de ponta nos mais variados setores e países.
A diferença de mais de 15 vezes entre as duas cifras, a menor para atividades que aparentam proporcionar benefícios apreciáveis para a humanidade ao longo de muito tempo, e a maior para atividades banais de comércio pela internet que já vem sendo efetuado por muitas outras empresas mundo afora, leva a suspeita que há alguma coisa de errado nas avaliações chamadas de mercado, que envolvem conhecidas instituições bancárias internacionais, ainda que elas pensem somente nos resultados privados. A possibilidade de uma grande especulação envolvendo a divulgação de impressionantes e ousadas informações de elevados retornos não podem ser descartadas, até porque a operação idêntica em montante muito menor foi recusada em Hong Kong.
Kostantin Novoselov, Prêmio Nobel de Física 2010, atualmente na Universidade Manchester, com destaque nos trabalhos relacionados com o grafeno.
Kostas Kostarelos da Universidade de Manchester, também acumulou experiências em outras universidades sobre o assunto.
Jack Ma, Chairman da Alibaba, que amplia suas operações nos Estados Unidos
Evidentemente as duas coisas são diferentes, sendo que a primeira é um fundo para financiar muitas atividades de pesquisa que procuram transformar em produtos comercializáveis conhecimentos que estão sendo acumulados no segmento científico. O segundo é uma inusitada operação de ampliação das atividades comerciais, principalmente nos Estados Unidos, envolvendo também empresas que seriam beneficiadas como a Google, utilizando mecanismos como os da internet.
Os trabalhos científicos exigem cuidados e longos períodos para suas maturações. As atividades comerciais costumam ser de grande rotação. Ainda assim, o grupo Alibaba que começou na China há poucos anos, onde passou a contar praticamente com um monopólio, nos Estados Unidos como em outros países, devem contar com a concorrência de outras empresas. Na realidade, parece que a operação envolve lucros nas suas associações com a Google, que parece que não eram rentáveis. Mas, sempre existe uma impressão de “mágica”, não se esperando que acabem resultando na frustração das expectativas que foram alimentadas.
8 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: dificuldades não resolvidas, estímulo para a economia europeia, seguindo o FED norte americano e os japoneses | 2 Comentários »
Ainda que muitos brasileiros continuem achando que o desaquecimento da economia é um problema nacional, tanto os norte-americanos, os japoneses e agora os europeus, tomam medidas visando a estimular suas economias que se encontram com dificuldades. O mesmo acontece na China como, na Rússia como na Índia, havendo poucos países que ainda não foram afetados, e que continuam com seus desenvolvidos abaixo do esperado. O BCE – Banco Central Europeu, por intermédio do seu competente presidente, Mario Draghi toma um conjunto de medidas, segundo artigo de Muhamed A. El-Erian no site da Bloomberg, que são ousadas e apresentam elevados riscos.
Visando uma nova rodada de estímulos para a economia europeia que continua sem recuperação, foram tomadas três mensagens fortes e inequívocas que vão muito além da Europa, e acabam afetando de forma duvidosa países emergentes como o Brasil. O primeiro não convencional estabelece uma taxa de depósito ainda mais negativa para os recursos que os bancos mantêm junto àquela autoridade monetária, visando o aumento de suas aplicações nos programas de compra de títulos, algo parecido com o que o Brasil vem adotando no Banco Central do Brasil, ainda que os bancos não estejam satisfeitos com a necessidade de aumentarem seus riscos. No segundo grupo, com uma flexibilização monetária em grande escala, maior que a norte-americana, aumentam até o uso da política fiscal, para suportar o crescimento sustentável. E finalmente, fugindo dos papeis tradicionais dos Bancos Centrais, passa a atuar de forma múltipla, afrouxando o controle monetário.
ECB – European Central Bank
Com base na experiência em outros lugares do mundo, o BCE movimenta-se de forma expressiva com a preocupação legítima para estimular a economia europeia, com quatro elementos principais:
1. Forçar para baixos os rendimentos dos títulos e as taxas de juros, na esperança do suporte para o aumento do emprego e do crescimento da economia;
2. Se as medidas não surtirem efeitos rápidos, aumentar a compra de bônus, enfraquecendo o euro e estimulando as exportações;
3. Pressionar os governos, tanto na área pública como privada, para promover o crescimento e evitar a deflação;
4. Esperar que os custos e riscos das medidas experimentais não sobrecarreguem os beneficiários.
Segundo o articulista as medidas só terão consequências positivas se forem apoiadas pelos governos da Europa. Como haverá efeitos colaterais sobre outros países como os Estados Unidos, a Suíça, China e principalmente sobre os países emergentes como o Brasil, haverá necessidade de medidas para contraporem-se as desvalorizações do euro, como com as desvalorizações das outras moedas, provocando um acirramento da guerra cambial.
Para que as medidas surtam efeitos, haverá necessidade de flexiblização fiscal (ou aumento do déficit fiscal, em outras palavras), bem como da regulamentação do emprego, alem da ampliação dos investimentos em infraestrutura.
As medidas adotadas na Europa acabam provocando sobre o Brasil e outros países emergentes efeitos mais deletérios do que quando o FED norte-americano tomou as primeiras medidas. No longo prazo a melhoria da Europa poderá beneficiar a todos, mas no primeiro momento, os mercados emergentes sofrerão com influxos de recursos financeiros que tendem a valorizar seus câmbios. A capacidade de reação brasileira e de outros países emergentes vai exigir medidas que não são populares.