5 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais | Tags: dificuldade da data, o uso da imprensa, seminário com a ajuda do Valor Econômico e Nikkei
Se existe uma mudança significativa no comportamento do Japão com o Brasil, que se explicitou formalmente na visita do Primeiro Ministro Shinzo Abe ao país, foi o reconhecimento da importância do uso da imprensa brasileira. Vem se notando há meses que empresas japonesas de grande porte estão publicando anúncios em jornais especializados em economia como o Valor Econômico. Agora a Jetro – Japan External Trade Organization organizou o Fórum Econômico Brasil – Japão, com a participação do jornal japonês Nikkei e o Valor Econômico, que conta com um setor especializado na promoção deste tipo de evento, que apresenta a possibilidade de cobertura jornalística de importância. Reuniu os empresários japoneses que acompanham o Primeiro Ministro, com alguns convidados brasileiros, dispondo-se somente de um sábado na apertada agenda.
Segundo matérias publicadas no Valor Econômico, com a participação dos jornalistas Humberto Saccomandi, Tatiane Bortolozi, Eduardo Laguna, Rodrigo Pedroso e Luciano Máximo, além da presença do Primeiro Ministro Shinzo Abe, alguns empresários japoneses de peso puderam colocar suas orientações com relação ao Brasil, expondo também os problemas que enfrentam. A tônica parece a consideração de um relacionamento de longo prazo, confiabilidade das ações japonesas e a intenção de aumentar o intercâmbio com o Brasil, mesmo com os problemas que existem que comprometem a competitividade brasileira.
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, defendeu que a América Latina é fundamental
na estratégia japonesa
A maioria dos artigos publicados no Brasil como no Japão encara a visita como um contraponto as efetuadas por Xi Jinping, Presidente da China, que vem se empenhando em ampliar também para a América Latina as cooperações dos chineses. No entanto, no discurso oficial do Japão, anuncia-se que se pretende uma reavaliação da importância da região para aquele país, tentando entendimentos mais profundos de longo prazo, dentro da política japonesa de reativar a sua economia, o que pode ser entendido também somente como uma colocação diplomática.
Que existe potencialidade para a elevação do nível de cooperação do Japão com a América Latina, notadamente o Brasil, ninguém pode negar. No entanto, até o momento parece que o Japão está colocando o Sudeste Asiático como a mais alta prioridade, diante do crescimento econômico e político da China. Também a difícil convivência com os países do Extremo Oriente aparece necessária de ser acomodada, para não agravar as dificuldades mundiais.
Os pronunciamentos nacionalistas de Shinzo Abe não estão facilitando os entendimentos, e mesmo no Brasil, houve uma acentuada lembrança dos problemas étnicos, reportando-se as raízes da imigração como base de um dos motivos históricos de relacionamento com o Japão.
Que existem setores onde os japoneses podem auxiliar o Brasil na solução de alguns dos seus graves problemas, não há dúvidas. Eles dispõem de tecnologias que podem suplementar os que os brasileiros necessitam. Os problemas existentes todos também estão conscientes, mas as difíceis situações em que se encontram os japoneses como os brasileiros podem acabar acelerando o prosseguimento de alguns projetos de interesse mútuo.
Ainda que persistam dificuldades, também se reativam as esperanças que novas fases do intercâmbio bilateral entre o Brasil e o Japão estejam sendo colocados com maior realismo.
4 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais | Tags: acordos plurilaterais e bilaterais, as providências internas, o bloqueio da Índia na OMC, o problema do Mercosul
O Brasil vinha insistindo em acordos comerciais mundiais no âmbito da OMC – Organização Mundial do Comércio, hoje presidida pelo brasileiro Roberto Azevêdo, apesar do pessimismo de muitos. Com a oposição da Índia ao que se vinha tentando no chamado Tratado de Bali ficam sepultadas as remotas esperanças para avanços multilaterais dentro da chamada Rodada de Doha. Não restará senão as tentativas de acordos plurilaterais, entre os países que aderirem a eles ou bilaterais entre dois países. Estes tipos de acordos já estão disseminados em muitas partes do mundo, e o Brasil só conta com o problemático Mercosul, onde os países membros aumentam mais as dificuldades econômicas, do que ajudam no sentido de aumento do comércio exterior.
Todos concordam que os avanços multilaterais seriam os ideais, mas deve se aceitar que sempre houve grandes dificuldades para se obter um consenso mínimo. Os países industrializados procuram facilidades para colocarem seus produtos no mundo, mas não se dispõem a aceitarem que os produtos agropecuários ou matérias primas minerais tenham as mesmas vantagens de acesso nos seus mercados. Com atitudes pragmáticas foram sendo efetuados acordos mais restritos, que já representam um conjunto apreciável, além dos avanços em outros envolvendo muitos países, que estão sendo chamados plurilaterais.
Desânimo do Presidente da OMC, afirmando que o futuro da organização dependente
das decisões dos seus países membros
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30 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a profundidade da campanha contra a corrupção na China, comando direto de Xi Jiping, envolvimentos políticos, indústria petrolífera e as estatais, órgãos de segurança, um plano arquitetado com cuidado
Todos os dados referentes à China são astronômicos. No último dia 29, dia Internacional do Tigre, anunciou-se que Zhou Yongkang o “tigre” de mais elevado escalão naquele país, assim chamados os grandes corruptos, foi oficialmente anunciado como investigado por graves violações disciplinares, ele que já deve estar detido desde 1º de outubro último, quando foi visto pela última vez em público. O peso da campanha anticorrupção iniciado pelo Presidente Xi Jinping abateu-se pelo ex-chefe da segurança mais elevada na China, que também era membro do Comite Permanente do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, a entidade máxima do comando daquele país. O China Daily, órgão oficial daquele país anunciou que nada menos do que 38 “tigres” já foram indicados para investigações desde a última mudança do governo da China, em novembro de 2012. Os corruptos de menor escalão são chamados “moscas” e estes atingem centenas, mais de 480.
Zhou Yongkang, China’s former security chief, is under investigation for suspected "serious disciplinary violations". Jason Lee / Reuters
Afirma-se que Xi Jinping chegou à conclusão que ou a China elimina a corrupção ou a ela acaba com o país e começou a desencadear esta campanha recomendando as punições mais severas, mesmo atingindo os escalões mais elevados. Uma longa matéria publicada no site da Bloomberg, escrita por Ting Shi, Shai Oster e Aibing Guo informa com detalhes toda a campanha, considerada a mais importante deste a morte de Mao Zedong.
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30 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: envolvimento do setor privado, o setor de etanol, pesquisas da Embrapa com outros centros
O Valor Econômico apresenta dois artigos importantes relacionados com os agronegócios, um de Fabiana Batista, relatando a presença de Roberto Rodrigues na presidência do conselho da ÚNICA – União da Indústria de Cana de Açúcar, procurando estabelecer um novo canal de comunicação das usinas com o governo. Outro de Mariana Caetano relatando os esforços da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária com a Unicamp bem como aberturas para pesquisas com entidades privadas sobre o desenvolvimento da biotecnologia. Todos sabem que o setor agrícola brasileiro conquistou um importante espaço e vinha sustentando parte relevante da economia brasileira, mas as limitações atuais estão provocando dificuldades para a continuidade deste papel importante para o futuro.
Ainda que a presidente executiva da ÚNICA, professora Elizabeth Farina viesse estabelecendo entendimentos importantes com o governo federal deve-se reconhecer que Roberto Rodrigues que foi Ministro da Agricultura no governo Lula da Silva possui acesso a autoridades relevantes como o atual Chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Evidentemente no governo Dilma Rousseff tanto a Petrobrás como as usinas de etanol acabaram sendo prejudicadas, diante da opção para manter limitados os reajustes dos combustíveis, visando manter a inflação sob controle. A correção necessária deste rumo não é uma operação simples, podendo ocorrer ao longo do tempo.
Ex-Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
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29 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais | Tags: artigo no Bloomberg, dificuldades para recursos humanos femininos, mudanças que não acompanham as de outros países
Um artigo publicado por Chris Cooper e Yuki Hagiwara no site da Bloomberg informa sobre as dificuldades das mulheres no Japão aumentarem a sua contribuição nos trabalhos formais de período integral, como ocorre em outros países da OCED – que reúne os desenvolvidos. Objetivo que está sendo almejado pelo governo, diante da redução de sua população na faixa do período ativo, com o aumento dos idosos e redução das crianças. Como continua vigorando naquele país a cultura dos assalariados da maioria das empresas que atingiram o nível de gerência, homens como mulheres, executarem o chamado “horas extras” que costumam ir até altas horas da noite, muitas mulheres que possuem família recusam estas promoções. Desejam contar com o período regular de trabalho nos escritórios, para jantarem em casa com seus filhos como o esposo, além de atenderem outros afazeres domésticos, como complementar a educação dos seus filhos, onde os homens continuam com poucos encargos.
De acordo com um relatório do governo japonês naquele país, somente 11,2% das mulheres ocupam cargos de gestão, enquanto no Reino Unido é de 34,2% e nos Estados Unidos chegam a 43,7%. Tendem a frustrar a intenção governamental de aumentar a sua participação, ainda que algumas facilidades estejam sendo oferecidas para elas. Na realidade, as chamadas “horas extras” não são exatamente executadas nos escritórios, mas muitas vezes em jantares com seus colegas como os clientes, que podem ser estender até os bares para bate-papos informais, onde informações vitais são intercambiadas, tentando formar os consensos sem os quais os japoneses têm dificuldades para decidirem. Muitas mulheres japonesas também se dispõem a trabalharem em casa utilizando a internet, mas as empresas japonesas ainda que utilizem muitos destes meios eletrônicos, ainda prezam as trocas de ideias em reuniões de grupos.
Mulheres japonesas, mesmo capacitadas, preferem funções subalternas, para poderem exercer também funções domésticas.
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28 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigos sobre a construção naval no Brasil, carteiras expressivas de encomendas, dificuldades e incertezas
Um conjunto de artigos foi publicado no Valor Econômico por Francisco Góes e Claudia Schüffer sobre a atual situação da construção naval no Brasil, que apesar das empresas contarem com carteiras recheadas de pedidos da Petrobrás que chegam a US$ 100 bilhões continuam enfrentando incertezas. Como todos sabem a construção naval brasileira chegou a ser a maior lançadora anual de navios no mundo, no interregno em que a japonesa estava se tornando pouco competitiva, passando o bastão da liderança para a coreana e agora para a chinesa. Havia demanda de navios do tipo ore/oil para a exportação de minérios e importação brasileira de petróleo. Mas sofreu as fortes flutuações que ocorreram, sem que estivessem assegurados os pesados financiamentos de longo prazo e os desenvolvimentos tecnológicos que se tornavam necessários.
Agora, a exploração do pré-sal determina uma expressiva demanda de plataformas bem como todas as embarcações que lhes dão suportes, exigindo tecnologias avançadas que todos desejariam que fossem produzidos no Brasil. Este é um segmento industrial que não pode se capacitar em pouco tempo, não só dependente de tecnologias, como de recursos humanos em variados setores, além dos componentes de elevada qualidade, que dependem de maciças importações, pois não existem condições no país. Exigiria, no mínimo, uma política industrial de prazo longo, onde as diversas partes teriam que ser adequadamente preparada, sempre dependendo de uma parcela importante de importação, onde os componentes locais não são competitivos no mercado internacional. Metas exageradas foram estabelecidas, fora da realidade, e todos os especialistas admitiram que elas não fossem cumpridas, até porque o prazo para as explorações deveriam ser abreviadas.
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28 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: abandonando as tendências à depressão, artigo no site do Web Town, originário do Nipônica com a devida autorização, reações criativas
Um artigo publicado no site Web Town, muito bem dirigido por Roberto Tongu, reproduz com a devida autorização um artigo elaborado por Terri Lloyd do site Nipônica, sobre os esforços de invenções criativas para superarem certo espírito depressivo no Japão, diante da perda de competitividade do setor industrial naquele país, com relação à China. Com a população japonesa declinante e cada vez mais idosa fica difícil aos japoneses concorrerem com muitas de suas atividades manufatureiras tradicionais tanto com os chineses como muitos países vizinhos da Ásia, que contam com expressivas populações mais jovens em idade de trabalho ativo, com remunerações ainda relativamente baixas. No entanto, desenvolvem-se esforços no chamado Cool Japan, tentando superar os conflitos de interesse de diversos grupos japoneses para as mudanças que ocorrem naquela economia por iniciativa governamental.
Além da tentativa de melhor utilizar as patentes já existentes, continuam havendo inovações, que envolvem tanto as grandes empresas como as médias, que parecem mais dinâmicas e rápidas neste processo de assegurar suas sobrevivências, mantendo-se competitivas pelo aumento de suas eficiências. Uma linha, segundo o autor, é de humanizar produtos para atender as necessidades dos consumidores, o que parece se observar no mercado interno japonês, mas ainda não ocorre na intensidade desejada quando atuam no exterior. Ainda existem marcas profundas de uma cultura que foi se acumulando ao longo do tempo num arquipélago, que mostram suas dificuldades na atuação no atual mundo globalizado.
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28 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: evitando a depressão, gerais do Wall Street Journal sobre as metas da ONU, notícias alvissareiras raras
Procuro na imprensa internacional e em alguns sites informações que se contraponham as muitas deprimentes que povoam, lamentavelmente, o momento atual no Brasil como no mundo. Como a disseminação dos drones que causam estragos sem riscos para os seus responsáveis, mísseis que atingem inocentes civis, idosos, mulheres e crianças sem que seus lançadores nem avaliem as mortes que estejam provocando, as corrupções por toda a parte que parece que seus responsáveis tenham a mínima consideração moral, as indiferenças das autoridades com os muitos desastres climáticos que aumentam com as ações humanas e desgraças como a que disseminam a terrível ébola pelos povos mais pobres da África. Acredito que esta seja um esforço para manter o mínimo de sanidade, no mínimo mental.
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23 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: mudança de polarização da URSS com a ascensão chinesa, o complexo quadro geopolítico atual, posicionamentos e evoluções futuras, redução da hegemonia dos Estados Unidos
Todos estão observando que se registram importantes mudanças recentes no quadro geopolítico mundial, com a redução da hegemonia dos Estados Unidos, até sobre os seus aliados. Tinha como polo dialético a antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas comandadas pela Rússia, que sofreu uma desagregação. Mas aquele país procura recuperar a sua ascendência sobre a Criméia como outros países que participavam do seu bloco, como a Ucrânia e outros vizinhos, mesmo com a contrariedade da maioria dos países ocidentais. A recente derrubada de um avião civil na região, possivelmente atingido por um míssil, complica mais a situação mundial.
United States of America
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21 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Política | Tags: necessidade premente de decisões mundiais, suicídio diante das catástrofes, Tags: dados alarmantes recentes
O site da Bloomberg publica num artigo escrito por Tom Randall um resumo dos dados que estão sendo divulgados pelo US National Oceanic and Atmospheric Association, que anualmente informa os coletados em diversas partes do mundo sobre os assuntos relacionados com o clima. O deste ano está com 275 páginas, tendo o título “Spoiler Alert: o planeta está ficando mais quente ainda”, com dados coletados com rigor científico, que confirmam o que todos estão sentindo na pele e se tornam visíveis pelas indicações mais evidentes. Em que pesem indicações claras desta natureza, as autoridades dos diversos países não conseguem chegar a uma orientação mundial no sentido de decidir pelas medidas práticas para evitar a continuidade deste processo suicida que chega a beirar a insanidade coletiva, apesar dos esforços desenvolvidos pelos conservacionistas.
Os dados foram agrupados por temas e mostram que as superfícies dos oceanos continuam a aquecer; os níveis dos mares atingem recordes; as geleiras recuam pelo 24º ano consecutivo; os gases que provocam o efeito estufa continuam subindo; as superfícies do planeta mantêm-se perto de seu nível mais quente; e os dias quentes estão aumentando e as noites frescas diminuindo. Ainda que as evidências científicas não consigam determinar que tudo isto decorre da ação humana ou faz parte de uma tendência do planeta de longuíssimo prazo, os dados são convincentes para muitos que medidas urgentes precisam ser tomadas, mesmo preventivamente e por precaução, visando que os grandes acidentes climáticos não continuem a aumentar. Com terríveis secas de um lado e inundações que acompanham os violentos tufões do outro, como está se observando nos últimos dias em variados lugares do mundo, e vem sendo informado pela mídia internacional.
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