Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Programa Para a Indústria Automobilística

26 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: as prioridades na economia, emprego, impacto sobre os setores fornecedores de componentes

Na política de desenvolvimento industrial de um país, os recursos sempre escassos procuram ser alocados nos segmentos onde cada economia conta com maiores possibilidades de ser competitiva. A indústria automobilística, dentro de uma perspectiva de prazo razoável, ficou com a imagem que conta com um mercado interno expressivo, e os componentes que necessita possuem um largo espectro, beneficiando muitos outros setores, ainda que não sejam mais os mais intensivos no uso de recursos humanos. No passado, eles utilizavam matérias-primas abundantes no país, como as chapas de aço e uma mão de obra de qualificação média. Hoje, utilizam mais chapas de alta tecnologia, componentes plásticos e de eletrônicas embarcadas e a produção brasileira não chega a ser competitiva internacionalmente.

Compreendem-se medidas pontuais que preservem os empregos já existentes no setor, com reduções tributárias que vão se tornando cada vez mais permanentes, até porque o Brasil enfrenta a necessidade de redução da carga tributária, que vai sendo feito paulatinamente por setores. Mas, dentro de uma política industrial, os estímulos para a sua ampliação só se justificam se forem competitivas nos mercados externos, pois sempre contam com importações de equipamentos e componentes, que precisam ser honrados com moedas estrangeiras geradas pelas exportações. O que se pode discutir é se ela produz mais vantagens vis-a-vis frente a outros setores industriais para a economia brasileira, pois a quase totalidade das montadoras são empresas estrangeiras.

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O Salão do Automóvel atrai grande público. A presidente Dilma também visitou o evento

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Grandes Confusões de Analistas do Setor Financeiro

24 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no Foreign Affairs, dificuldades com os BRICS, grandes e pequenos, mistura de alhos e bugalhos

Rucher Sharma é o chefe do setor de Mercados Emergentes e Macro Global do Morgan Stanley Investment Management e escreveu o seu artigo sobre a quebra dos BRICS no Foreign Affairs, que acaba chamando a atenção de muitos leitores dada à importância deste site. Ainda que existam informações interessantes sobre as dificuldades que vêm sendo enfrentadas por muitos países de grandes dimensões considerados emergentes e agrupados na sigla BRICS, sua análise parece englobar alhos e bugalhos, mostrando toda a frustração de analistas envolvidos com os segmentos financeiros, muitos que acreditaram que a simples inclusão nesta sigla provocaria, com um passe de mágica, o seu desenvolvimento. Muitos operadores devem ter perdido com suas aplicações financeiras nos papéis destes países.

Ele se baseia num levantamento efetuado pelo conhecido economista Dani Rodrik, de Harvand, mostrando que das 180 economias acompanhadas pelo FMI – Fundo Monetário Internacional somente 35 são de países desenvolvidos. Apesar das esperanças de muitos países emergentes, desde o final da Segunda Guerra Mundial, as diferenças das rendas per capita em 2011 voltaram ao que eram em 1950. Mas, o seu longo artigo, mistura pequenos países como Cingapura, Taiwan, Hong Kong ao lado de gigantes como a China e a Índia, acabando por dificultar a compreensão dos problemas que estão sendo enfrentados, que diferem substancialmente de um país para outro. Ele se prende somente à renda per capita, mostrando que não há diferenças entre democracias e países autoritários. A única conclusão que parece ser possível é que agrupar países tão diferentes pouco esclarece sobre a compreensão dos seus complexos problemas de desenvolvimento.

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Intercâmbio Comercial do Brasil com a China

23 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo no Valor Econômico, mudanças na estrutura da importação, problemas existentes | 2 Comentários »

Marta Watanabe, jornalista do Valor Econômico, publica um interessante artigo na edição de hoje, referindo-se, com base nos dados até agosto último, que a China ultrapassou os Estados Unidos e a Argentina como a principal fonte das importações brasileiras, utilizando dados da Funcex e do MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Utiliza informações fornecidas por Welber Barral para mostrar que os produtos importados da China não são mais quinquilharias, mas produtos intermediários, inclusive de bens de capital, como decorrência dos investimentos dos grupos chineses que estão sendo feitos no Brasil.

Segundo o artigo, os negócios intracompanhias estão aumentando, como já ocorreu em outros países, nas empresas automobilísticas que traziam alguns modelos e componentes do exterior, ao mesmo tempo em que promovia a exportação de outros. Não parece que o caso chinês se enquadra dentro deste esquema, ainda que algumas empresas como a SANI, de equipamentos pesados para a construção civil, já promovem a importação de máquinas e componentes, sendo difícil que faça o mesmo a partir do Brasil.

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Gráfico publicado no Valor Econômico

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Investimentos Estrangeiros na África

23 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: artigo do Project Syndicate, artigo do The Economist, crescimento de um estágio modesto, distribuição de renda, sustentabilidade | 2 Comentários »

O The Economist desta semana publica dois artigos importantes sobre a África. Um aponta as dificuldades que começaram a se manifestar na África do Sul, que representa 40% da economia daquele continente e outro mostra, num contraste, o boom econômico que está se observado na grande região subsaariana, com investimentos asiáticos bem como interesses brasileiros. Ao mesmo tempo, especialistas nestas regiões, como Jean-Michel Severino e Emilie Debled, publicam no Project Syndicate um artigo que indica que das dez economias mais rapidamente crescente em 2011, seis estão na África, enquanto a dívida externa do continente que era de 63% do PNB em 2000 caiu para 22,2% no ano passado e a inflação que era de 15% baixou para 8%.

Ainda que estes dados sejam impressionantes, eles, que são bem-vindos, exigem alguns cuidados nas suas apreciações. Muito deste crescimento está fortemente ligado ao petróleo e matérias-primas minerais, cujas receitas costumam estar concentradas em poucas mãos, e, na medida em que se observa o desenvolvimento, as tensões, como da África do Sul, acabam se expressando. Evidentemente, o continente pode ser considerado o último reduto onde a disponibilidade de recursos naturais, inclusive solos cultiváveis, é abundante, e muitos dos consumidores dos seus produtos estão interessados nos investimentos, com destaque para a China.

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Geograficamente, muitos países cabem no continente africano

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Dados Sobre o Atual Baixo Crescimento Brasileiro

22 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: análises mais profundas, o crescimento econômico modesto no Brasil, os dados do FMI sobre algumas economias no mundo, outros dados comparativos

Samuel Pessoa, competente economista da FGV – Fundação Getúlio Vargas, publicou neste fim de semana na Folha de S.Paulo um artigo agrupando alguns dados de crescimento econômico, dividindo por períodos entre 1994 a 2002, 2002 a 2010 e 2011 a 2012, relativos à América Latina e alguns países da região. Ele se baseia nos dados divulgados pelo FMI – Fundo Monetário Internacional e enfatiza que o Brasil está registrando um crescimento recente abaixo dos seus vizinhos, e que o assunto deverá ser analisado com profundidade no futuro próximo.

Estes dados são difíceis de serem contestados, mas parece que a ligação direta com a política econômica adotada nestes períodos parece apresentar dificuldades. Neste período, com todos os pesares, houve uma mudança significativa nos segmentos da população brasileira que ascenderam economicamente, com uma boa melhoria na distribuição de renda pessoal e regional que sempre foi precária, e continua abaixo do desejável. O Brasil consolidou a sua democracia, o que ainda apresenta dificuldades em muitos países vizinhos, que perseguem caminhos semelhantes.

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Samuel Pessoa, da FGV

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Nem Sempre o Desejo Corresponde à Realidade

22 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo de Marcos Caramuru de Paiva, desejos das grandes cidades, dificuldades, o que resta na alma do povo

Marcos Caramuru de Paiva, num brilhante artigo publicado na sua coluna na Folha de S.Paulo, expressa a sua aspiração, que é de muitos, para que os intensos interesses econômicos entre a China e o Japão levem a um entendimento na disputa de ilhas entre os dois países. O sonho que vinha se montando é o da formação de um acordo de investimentos que evoluiria para uma zona de livre comércio envolvendo também a Coreia do Sul. No entanto, parece que as disputas de ilhas entre os dois países despertaram os sentimentos nacionalistas que foram agravados durante as guerras do século XX, difíceis de serem apaziguados, notadamente na China.

Nos grandes centros metropolitanos da China ao longo da costa, estes problemas estão minorados pelos intensos interesses comerciais, notadamente entre os jovens que não viveram os dramas passados. No entanto, como já afirmava Charles De Gaulle, existe uma “France profonde” como também no “Green belt” norte-americano, muitos dos sentimentos da população restringem-se aos nacionais e locais. O mesmo parece acontecer no interior do Japão e da China, onde é possível detectar a alma de sua população. Somente admitindo estas diferenças é que se pode chegar a uma forma de convivência respeitável entre um país desenvolvido economicamente e outro emergente de todos os pontos de vista.

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Marcos Caramuru de Paiva

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The Economist Analisa a Atual Política Econômica do Brasil

19 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: análise com sua experiência internacional, artigo sobre o Brasil no The Economist, avaliação da redução da taxa de juros

A longa e ampla experiência de análises econômicas internacionais confere aos artigos publicados no The Economist uma importância ímpar, resumindo o que deveria de amplo conhecimento dos brasileiros. No número desta semana, com o título inspirado na declaração recente da presidente Dilma Rousseff, trata do assunto que “não existe mais almoço grátis”, que originalmente é de Milton Friedman. Trata do assunto da queda de juros reais, redução do spread e do lucro bancário que está sofrendo fortes pressões.

O Banco Central do Brasil reduziu a taxa Selic para 7,25% quando analistas ligados ao sistema bancário esperavam a sua manutenção em 7,50% diante do surgimento de algumas pressões inflacionárias, que a colocavam acima da meta inflacionária. O mercado entendeu que as autoridades monetárias estavam dando maior importância ao crescimento modesto da economia brasileira neste ano, ainda que tenha anunciado que deve ser a última redução por um longo período.

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Foreign Affairs Sobre o Japão e a China

18 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: apreciações isentas, dificuldades de longo prazo, os problemas existentes nas relações sino-japonesas, posições de jornalistas do Newsweek | 4 Comentários »

Takashi Yokota é editor chefe do Newsweek Japão e Kirk Spitzer é jornalista especializado em defesa, que colabora com o Newsweek e com o Time. Juntos elaboraram o artigo publicado no prestigioso Foreign Affairs, tendo perspectivas para análises fundamentadas. Eles informam que o governo japonês está procurando adotar uma posição mais dura sobre o problema das ilhas Senkaku/Diaoyu, mudando sua política externa e de defesa.

Mas, segundo os autores, este movimento não é tão agressivo como possa parecer. Todos sabem que a aquisição da ilha feita pelo governo japonês decorreu da atitude do governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, que se preparava para fazer o mesmo, criando problemas mais graves, decorrentes de sua posição política mais radical. Eles acreditam que a população japonesa está tendendo para uma posição mais à direita, diante das disputas territoriais não somente com a China, mas com a Coreia do Sul e com a Rússia.

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Takashi Yokota                                  Kirk Spitzer

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Delicadas Colocações da Imprensa Financeira Internacional

18 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: aproveitamentos legítimos das condições atuais do mercado internacional, o artigo de Boris Korby e Benson Drew postado no Bloomberg, riscos diante das flutuações que podem ocorrer

Como exemplo, o artigo publicado pelos jornalistas Boris Korby e Benson Drew no Bloomberg sobre o atual crédito ao Brasil, classificando seus bonds como os mais perigosos entre os dos BRICS, podem ser considerados no mínimo indelicado ou parcial, aparentando estar elaborado pelo fígado e não pelo cérebro. Eles afirmam que não receberam respostas dos assessores de imprensa da Vale, Odebrecht e Petrobras aos e-mails enviados para comentarem a situação. Parece natural que as empresas brasileiras aproveitem a situação presente, onde existe uma grande liquidez, e os títulos das empresas brasileiras gozem de juros baixos e proporcionem prazos longos.

As políticas adotadas pelos países desenvolvidos, na tentativa de elevar seus níveis de atividade, ampliam a disponibilidade de recursos, provocando condições favoráveis para a renovação de empréstimos, principalmente os de vencimentos próximos e juros mais baixos. Não há dúvidas que um dia estas políticas podem voltar a elevar os seus juros, mas não se sabe quando, e tudo indica que não será no futuro próximo. Evidentemente, os que efetuaram investimentos de longos prazos, com juros modestos, podem enfrentar situações diversas às atuais.

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Aços com Tecnologias Avançadas para Veículos

16 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: Nippon Steel e Sumitomo Metal com novas chapas para veículos, noticias do Nikkei, produção nos países emergentes

O jornal econômico japonês anuncia que a Nippon Steel e a Sumitomo Metal, que estão providenciando a sua fusão, irão produzir na Tailândia, no México e no Brasil chapas de aço para serem utilizados nos veículos com tecnologias avançadas, como na Usiminas – Usina Siderúrgica de Minas Gerais. A previsão para a Tailândia e o México é para 2013, e elas serão 60% mais resistentes, cumprindo as normas de segurança ao mesmo tempo em que seu peso proporcionará redução entre 10 a 20%. O peso terá redução de 5 a 10% nos novos veículos, proporcionando mais eficiência no consumo de energia.

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As indústrias japonesas de automóveis nos países emergentes, como a Nissan, a Honda e a Mazda, estão construindo fábricas no México. A Nissan está no Brasil e a Mitsubishi Motors na Tailândia, todos visando veículos mais eficientes no consumo de combustíveis. A Nippon Steel e a Sumitomo Metal produzem tais chapas de aço atualmente no Japão, nos Estados Unidos e na Europa, e ainda mantinham as tradicionais nos países emergentes.

Estas chapas eficientes para os veículos da maior siderurgia japonesa ainda são superiores às da Posco coreana e da Baosteel chinesa, mas elas também estão na corrida para aperfeiçoar seus produtos.

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Estas evoluções têm sido constantes no tempo. Os primeiros veículos utilizavam chapas de aço extremamente resistentes, mas pesadas. As atuais parecem folhas maleáveis, para evitar os impactos e danos aos passageiros, mas apresentam expressivos ganhos na eficiência energética, que está sendo perseguida pela indústria automobilística em todas as partes do mundo.