6 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: colocação de Harsh V. Pant do King’s College de Londres, exageros na importância dos BRICS, falta de uniformidade
Num artigo publicado no The Japan Times, o professor Harsh V. Pant, do prestigioso King’s College de Londres, chama a atenção sobre o exagero na importância atribuído ao grupo que foi denominado inicialmente como BRIC pelo economista Jim O’Neil, do Goldman Sachs. Teria o sentido de tijolo, no desejo de expressar a sua solidez em inglês, formado pelas iniciais do Brasil, Rússia, Índia e China ao qual se acrescentou depois a África do Sul, passando a ser BRICS. São arbitrariamente considerados países emergentes de grandes dimensões geográficas e populacionais, com elevado potencial de aumento de sua importância econômica e política, ainda que as populações se destaquem na China e na Índia.
O artigo, com acerto, coloca que não existem uniformidades de interesses entre estes países para uma ação conjunta, ainda que tenham algumas características comuns. O crescimento econômico também parece ser considerado exagerado, ainda que a China tenha ultrapassado o Japão em termos de PIB, e o Brasil tenha ultrapassado o Reino Unido como a sexta economia no mundo (posição que deve perder com a atual desvalorização do câmbio, que mostra a fragilidade da forma de sua avaliação). Muitas reuniões do grupo têm sido realizadas, inclusive de cúpulas, como o último em Nova Delhi, no dia 29 de março deste ano, sem que se chegue a formas de atuação conjunta.
Presidentes dos BRICS em Nova Delhi
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5 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: liderança da Odebrecht, participação das brasileiras OAS e UTC, tecnologia da Kawasaki Heavy
Simultaneamente no Brasil e no Japão foram confirmadas as participações de três grupos brasileiros, liderados pela Odebrecht e compostas pelo grupo de engenharia pesada OAS e pela UTC especializada em montagens industriais, junto com a Kawasaki Heavy do Japão na formação da EEP – Estaleiro Enseada do Paraguaçu S.A. O objetivo será a construção e integração de unidades offshore, como plataformas, navios especializados e unidades de perfuração, voltados prioritariamente para as necessidades do pré-sal. Atenderão as encomendas da Sete Brasil, empresa brasileira que já possui encomendas da Petrobras, para a construção de um mínimo de seis sondas de perfuração.
As notícias foram divulgadas pelo jornal econômico japonês Nikkei e também pelo Portal Naval brasileiro especializado neste setor. Os japoneses confirmam que a Kawasaki Heavy participará com 30% da nova empresa, constituída pelas três brasileiras. A Odebrecht é o maior grupo brasileiro atual com atuações na construção pesada, petroquímica (junto com a Petrobras), petróleo e gás, tendo cerca da metade do seu faturamento no exterior. Tem experiências no Brasil, no Mar do Norte e no offshore africano, entre outros locais.
Segundo a notícia publicada no Japão, a Kawasaki Heavy que já participa sem grandes resultados da Embraer, ajudará na construção do estaleiro na Bahia, providenciando a tecnologia indispensável, bem como auxiliando nas pesquisas necessárias. Investirá cerca de US$ 40 milhões no empreendimento. Os japoneses informam que são os terceiros produtores mundiais, depois dos coreanos e chineses, principalmente por causa da valorização exagerada do iene que não permite a sua competitividade, mas dispõe de tecnologias, inclusive para explorações em águas profundas que podem chegar a 5.000 metros de profundidade.
As duas demais participantes brasileiras são de construção pesada e de montagens industriais e o empreendimento será construído em Maragojipe, no recôncavo baiano, a cerca de 42 quilômetros de Salvador, devendo ocupar uma área total de cerca de 1,6 milhões de metros quadrados.
Sem dúvida, trata-se de um empreendimento vital para o Brasil, com empresas de alto nível com larga experiência internacional. Até o momento o que foi firmado é ainda um entendimento básico sobre o projeto, mas que certamente se confirmará, pois são empresas de alta confiabilidade.
4 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: necessidade de mudanças nas cadernetas de poupanças, operação delicada, reduções dos juros no Brasil
O governo Dilma Rousseff vem desenvolvendo uma verdadeira campanha para reduzir os custos dos financiamentos no Brasil, que estavam entre os mais altos do mundo e não tinha correspondência com a solidez conquistada pela sua economia. Todos entendem que os juros altos reduzem as possibilidades de expansão das atividades das empresas, inibem os consumidores a utilizarem o financiamento para adquirir bens de valor mais alto e deveriam estimular as poupanças. Mas, no Brasil, pela sua longa histórica de inflações elevadas e um oligopólio de instituições bancárias, ao que se somam outros fatores, os juros sempre foram elevados, não se conseguindo os efeitos desejados.
Atualmente, com a inflação razoavelmente comportada em todo o mundo e no Brasil, e a necessidade de estimular o crescimento econômico diante de um desaquecimento generalizado das economias, as autoridades optaram por uma redução substantiva dos juros de todos os tipos. Dentro deste esforço, a tradicional caderneta de poupança teria que ser também alterada na sua remuneração, uma operação delicada que poderia provocar uma reação adversa dos que a utilizam para manter as suas economias, de forma popular.
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2 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: assuntos vitais para a economia brasileira, novo suplemento do Valor Econômico, outras considerações
“É esse o caminho?”, é o artigo introdutório da Claudia Safatle, diretora-adjunta de redação do Valor Econômico, ela que está sediada em Brasília, para o interessante suplemento com que pretendem marcar os doze anos do jornal. Foram formuladas doze perguntas a analistas, muitos acadêmicos, sobre os “Rumos da Economia”, que, apesar das discordâncias que possam ser colocadas, procuram cobrir as questões que atormentam os seus leitores. Muitas outras poderiam ser formuladas, e sempre haverá polêmicas sobre as questões fundamentais da atual economia brasileira.
Segundo Claudia Safatle, a questão que sintetiza uma das maiores preocupações da indústria e do governo é como conviver com a valorização do real que se apresenta como tendência de longo prazo, o que também pode ser questionado, mas não deixa de ser um ponto de vista respeitável. Isto só ocorreria com o sucesso do desenvolvimento brasileiro, onde a sua produtividade na exploração dos recursos naturais em geral fossem superior ao do resto da economia mundial. Na capa do suplemento, foram colocadas as tendências do câmbio real, com relação ao dólar e uma cesta de moeda, as metas e comportamento da inflação e a evolução do peso da indústria na economia brasileira, comparada com a de alguns países em 2010.
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1 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: abundância de recursos minerais, informações sobre a Mongólia, interesses chineses
O The Wall Street Journal publica um artigo sobre o receio mongol dos pesados investimentos chineses na sua mineração. A Mongólia, com pouco mais de 2,5 milhões de habitantes, é pouco conhecida na América do Sul, salvo pela atuação de Gengis Khan e seus descendentes que acabaram dominando praticamente toda a Ásia no passado histórico, chegando com sua ocupação até a proximidade da Europa. Os japoneses, nos primeiros anos da década dos trinta do século passado, chegaram a mandar mais de 300 mil colonos agrícolas, e operavam uma grande ferrovia que os ligava à Costa Leste, chegando ao Pacífico, visando o seu abastecimento. Foram evacuados dramaticamente com a derrota na Segunda Guerra Mundial. A empresa brasileira Vale está presente naquele país interessada no seu carvão mineral, visando carga de retorno para os minérios exportados para a Ásia, bem como utilizar a sua experiência de mineração em outras atividades.
Hoje, a Mongólia passa por um impressionante “boom”, com o FMI estimando que a sua economia crescerá 17,1% neste ano, mas parte destes interesses estão se transferindo para Myanmar que está se tornando a preferida na Ásia com a ampliação de sua democracia. A China pretende ampliar as suas importações de minérios daquele país, que faz fronteira com a região de Inner Mongólia, a principal produtora de carvão mineral dos chineses. Uma expansão muito acelerada ocorre nesta região central da Ásia, que fica entre a Rússia e a China, cujas cidades passam por um acelerado processo de modernização, como o que ocorre no interior chinês.
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1 de maio de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: entendimentos do Japão com a Índia, infraestrutura, outras atividades
O jornal econômico Nikkei informa que uma equipe de ministros japoneses formado pelo de Negócios Estrangeiros, Koichiro Gemba, de Indústria, Yukio Edano, e de Serviços Financeiros, Shozaburo Jimi, mantiveram entendimentos na Índia com o de Assuntos Externos, S.M.Krishna, e de Comércio e Indústria, Anand Sharma. Eles deram prosseguimento ao acordo firmado pelo premiê Yoshihiko Noda com o premiê Manmohan Singh envolvendo US$ 9 bilhões para o projeto do Corredor Industrial Delhi-Mumbai, para construir a ferrovia de transportes de cargas e outras infraestruturas na Índia.
Segundo a notícia, eles também acertaram o início das exportações de terras raras para o Japão, decorrentes da exploração conjunta na Índia, no segundo semestre deste ano. Com a participação da empresa japonesa Toyota Tsusho e uma estatal hindu, pretendem exportar 4.000 toneladas de terras raras, representando cerca de 14% da demanda japonesa anual destes recursos.
Ede Koichiro Gemba com S.M. Krishna
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29 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: efeitos internacionais, eleições francesas, influência na Comunidade Europeia, posição do The Economist
Um substancial editorial do The Economist desta semana mostra a importância do resultado final do segundo turno das eleições presidenciais francesas entre o socialista François Hollande e o atual presidente Nicolas Sarkozy no próximo dia 6 de maio. Apesar das pesquisas de opinião indicar, até o momento, que a possível vitória seja de Hollande, a importante revista inglesa de influência internacional posiciona-se claramente contra esta candidatura, deixando explícito todos os riscos deste resultado para a Europa e para o mundo.
O editorial coloca que a metade do motor franco-germânico que orienta a União Europeia está em risco. Este motor vem superando a crise do euro, equilibrando o prudente norte e o esbanjador sul, entre os credores e devedores. Se a França for o próximo país a entrar em dificuldades na Europa, a sobrevivência do euro estará em dúvida.
Entende The Economist que François Hollande poderá receber no segundo turno o apoio de toda a esquerda, e vencer a direita e o centro. Nicolas Sarkozy tem uma montanha a superar, pois muitos franceses se posicionam radicalmente contra ele, inclusive os líderes da direita e do centro. Assim, salvo um grande choque no debate que se travará entre os dois, a vitória de Hollande poderá se confirmar, estendendo os seus efeitos nas eleições legislativas de junho próximo.
The Economist explicita que Nicolas Sarkozy recebeu o apoio da revista na sua primeira eleição, quando prometia que não tinha alternativa a efetuar as reformas que não aconteceram. Recentemente, adotou discursos protecionistas e contra os imigrantes, mas são difíceis de serem confiáveis. Então, o apoio da revista a ele não decorre dos seus méritos, mas para manter fora o François Hollande que considera mais arriscado.
Ele não é um radical de esquerda, fez parte de diversos governos moderados. Mas se posiciona contra o aperto fiscal proposto pelos alemães que dão uma oportunidade de recuperação da zona do euro. Não tem condições de proporcionar prosperidade à França e a zona do euro, colocando-os em risco segundo a revista. Seu programa é pobre, não se dispõe a efetuar as reformas necessárias.
Posiciona-se a favor da elevação da tributação e não pela contenção das despesas. Coloca-se contra a elevação da aposentadoria de 60 para 62 anos, que foi aprovada recentemente. Posiciona-se contra os negócios privados. E não apoia a austeridade no resto da Europa. Coloca-se contra a posição alemã.
A versão integral em inglês, deste editorial do The Economist pode ser acessada pelo: www.economist.com/node/21553446/
29 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: crítica de Jagdishi Bhagwati no Project Syndicate, falta de um consenso razoável
Ainda que a escolha de Jim Yong Kim, indicado pelos Estados Unidos para a presidência do Banco Mundial seja um fato já consumado, uma posição divulgada pelo Project Syndicate em 27 de abril último por uma experiente personalidade internacional como Jagdish Bhagwati deixa claro que não existe um mínimo de consenso que facilite o trabalho do novo dirigente. O autor é professor de Direito e Economia da Universidade de Columbia, senior fellow do Conselho de Relações Externas, renomado especialista em comércio internacional, trabalhou em posições de destaque em organizações mundiais como a Organização Mundial de Comércio, nas Nações Unidas, no GATT, sendo personalidade internacionalmente respeitada.
Ele deixa claro que o escolhido não tem a experiência necessária nem no setor de sua especialização que é o de saúde pública, não se aproximando da que possui a vencida Ngozi Okonjo-Iweala, ministra de finanças da Nigéria, que já foi também vice-presidente do Banco Mundial. Segundo o autor, não houve a transparência necessária na escolha norte-americana, sendo que Kim viajou por muitas capitais mundiais por conta do Tesouro dos Estados Unidos, e os votos foram dos beneficiários de empréstimos do Banco, como a Índia e o México, sem considerar as qualificações pessoais.
Jagdishi Bhagwati
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29 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: detalhes dos interesses, dificuldades, esclarecimentos do China Daily
Já publicamos sobre o interesse revelado pelo secretário de defesa norte-americano, Leon Panetta, na sua primeira visita ao Brasil, em contrapartida à visita de Celso Amorim. Mas o inusitado está no destaque dado pelo China Daily, na sua versão para os Estados Unidos, ao publicar um artigo sobre o assunto. Já foram divulgadas amplamente as disputas dos norte-americanos, franceses e suecos no fornecimento de novos aviões de caças para a Força Aérea Brasileira que, depois de muito tempo, está para ser decidido.
Leon Panetta fez a sua exposição na Escola Superior de Guerra mostrando o seu forte empenho para que a Boing forneça o seu F-18 Super Hornet que representaria um valor estimado em US$ 4 bilhões, que seria um trunfo para as próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos. O Brasil solicitou a experiência da Índia com os recentes fornecimentos franceses. A França não conseguiu confirmar ainda o fornecimento dos seus Rafales da Dassoult, apesar das muitas notícias que as autoridades brasileiras tivessem interesse em fortalecer os intercâmbios tecnológicos com aquele país. A Suécia teria a preferência da Aeronáutica com os seus Gripen, mais baratos e que permitiriam maior transferência de tecnologia.
Leon Panetta, secretário de defesa dos EUA
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27 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo do Project Syndicate, desafios dos próximos lideres eleitos, publicado no O Estado de S.Paulo
Um artigo do Richard N. Hass, presidente do Conselho de Relações Exteriores, foi distribuído pelo Project Syndicate e publicado em português no O Estado de S.Paulo dando conta dos desafios que deverão ser enfrentados pelos próximos líderes a serem eleitos. Nos próximos meses, devem ocorrer eleições com muitas mudanças de comando na Rússia, China, França, Estados Unidos, Egito, México e Coreia, entre outros países. Quem for reeleito ou assumir o poder deve enfrentar grandes desafios decorrentes das limitações a que está sujeito, segundo o autor.
Apesar da discrepância das situações políticas nestes países, os desafios decorrentes das limitações econômicas apresentam situações semelhantes. Todos os países são dependentes do resto do mundo, tanto para suas exportações como para serem supridos em suas necessidades. Todos dependem de energia e o seu mercado apresenta vulnerabilidades. Todos enfrentam situações de terrorismo, dos armamentos, das doenças e das mudanças climáticas. As suas fronteiras não garantem o seu isolamento.
Richard N. Haass
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