Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Bancos Postais e o Banco do Brasil

2 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: atuação das subsidiárias do Banco do Brasil, bancos postais, na França, no Japão | 2 Comentários »

Muitas pessoas ficam impressionadas sobre a disputa do Banco Postal, quando o Banco do Brasil superou o Bradesco, fazendo uma oferta de R$ 2,3 bilhões. O Bradesco operou este Banco Postal por nove anos, contando com cinco milhões de contas, em 6.195 agências postais por todo o Brasil. Na realidade, observando-se a experiência do Japão e da França, somente para citar alguns exemplos, nota-se a importância estratégica de uma instituição desta natureza. O Correio do Japão é a maior instituição financeira do mundo, gerando recursos estáveis que permitem financiar o Banco do Desenvolvimento do Japão, que provem todas as obras de infraestrutura daquele país, como o JBIC – Japan Bank for International Cooperation, que banca todas as exportações japonesas, tendo somente com a Petrobras um saldo aplicado que gira em torno de US$ 8 bilhões. Algo semelhante acontece com o Correio na França que seguramente é a mais importante instituição financeira daquele país.

Os depósitos mantidos pelas populações como a japonesa são de custos baixos e estáveis, ou seja, atendem as necessidades cotidianas dos japoneses, tanto das grandes cidades como de todo o país, até os pequenos vilarejos espalhados pelos confins do arquipélago. Isto permite que eles sejam aplicados, também com custos baixos e por prazos longos, atendendo as necessidades do Japão, tanto em infraestrutura como nas operações internacionais.

ImagemBancoPostalpostaleimagesCAVMQDW7

Leia o restante desse texto »


Tentando Compreender os Problemas da Cana e da Laranja

2 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: as produções relacionadas com a cana de açúcar, dificuldades, os problemas da laranja, perplexidade da opinião pública

A opinião pública brasileira fica perplexa com a inundação de notícias sobre as ampliações da produção de cana e da laranja no Brasil, ao mesmo tempo em que é informada das dificuldades enfrentadas por estes setores da agroindústria nacional para o abastecimento adequado do mercado. Para uma tentativa da compreensão destas dificuldades, vamos tecer considerações para uma avaliação mais isenta numa terminologia acessível aos leigos. São corretas as informações que muitos grupos internacionais passaram a participar da agroindústria da cana, visando a produção de etanol, considerado um combustível não poluente, produzido com eficiência neste país. No entanto, muitos destes investimentos ocorreram com a aquisição do controle de empresas já existentes, e a ampliação de sua produção só poderá ocorrer com o correr do tempo.

De outro lado, da produção de cana, parte pode ser destinada à produção de açúcar, e quando os seus preços internacionais estão favoráveis, como atualmente, restringe-se a produção de etanol, que é basicamente de dois tipos: o misturado na gasolina e o que é consumido isoladamente. Como a safra brasileira concentra-se num período do ano, existe uma grande dificuldade que exige a sua estocagem para o período de entressafra, o que implica em custos financeiros, que tanto os produtores como os misturadores de combustíveis e seus distribuidores não desejam arcar. Como ainda não se trata de um produto amplamente comercializado no mercado mundial, com muitos produtores e consumidores, existem dificuldades para a sua exportação no período de safra, como a sua importação nos períodos de relativa carência.

imagesCAC4EHQ2imagesCARGSVMB

Plantações de laranjas e cana de açúcar no Brasil

Leia o restante desse texto »


Indicadores Antecedentes na Economia

2 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: antecipando o que pode aconteceu, defasagem dos dados utilizados, indicadores antecedentes

O jornal Valor Econômico destaca hoje que a economia mundial está se desacelerando deste o final do ano passado, de forma mais rápida do que esperado, com base nos dados chamados PMI –Índice de Gerente de Compras (Purchasing Manager’s Indices) levantados em conjunto pela JP Morgan/Markit, que certamente contém muitos indicadores antecedentes de todo o mundo. Isto mostra que o governo brasileiro e o Banco Central estavam corretos ao adotarem uma postura mais conservadora, defendida por este site, do que a pretendida por um grande número de economistas brasileiros ligados ao sistema financeiro. Aumentar mais os juros básicos aprofundariam, sem necessidade, tendências recessivas da economia quando a inflação já teria passado pelo ponto de pico, apresentando alguns preços já em desaceleração.

Segundo o artigo, isto já estaria ocorrendo nos Estados Unidos, na Zona do Euro e na China, encontrando-se o PMI do mês de maio último abaixo do mesmo período do ano passado, depois de ter subido durante 2010. Mesmo que os mercados financeiros mundiais tenham apresentado um quadro otimista dois dias atrás, o de Nova Iorque já acusou um decréscimo de 2,28% ontem, e o barril de petróleo está com a perspectiva de baixar para US$ 90 até o final do ano, quando ainda estava acima de US$ 100 no último dia primeiro.

untitledimagesCAYAP2X1

Leia o restante desse texto »


O Novo Centro do Universo Segundo Robert Kaplan

1 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Política | Tags: Monsoon, o Oceano Índico, Robert Kaplan fotógrafo de 11 livros, seus depoimentos

A importante revista Foreign Policy publica um ensaio sobre “Monsoon” (Monções), o novo livro de Robert Kaplan, um consagrado profissional, fotógrafo e analista, e uma entrevista sua concedida a Benjamin Pauker. Segundo Kaplan, o Oceano Índico será em breve o novo centro do comércio, da energia e da política mundial. A região estratégica não seria mais nem o Atlântico nem o Pacífico, mas a Eurásia, que tem como grande desafio a ascensão da China.

Kaplan registra o lento declínio da influência Ocidental na região, e explora as ambições e rivalidades dos países do Oceano Índico, principalmente da China e da Índia, nesta área que envolve da África à Austrália. Ele aborda como a guerra no Afeganistão ajuda a China, a doutrina do caminho asiático da Índia e as alternâncias civis e militares do Paquistão. Segundo ele, os conceitos que foram elaborados durante a Guerra Fria ficaram ultrapassados, havendo uma nova realidade que vai do Cabo Horn na África, passando pelo Estreito de Málaga e Indonésia, até chegar ao Mar do Japão. O Oceano Índico liga o Oriente Médio com a ascendente China, abrangendo todo o arco da energia mundial. O artigo é uma coincidência com o assunto abordado neste site sobre a “Preocupante Evolução das Tensões Asiáticas”, ainda ontem.

imagesimagesCA450CTZ

USS Carl Vinson, porta aviões dos USA que fica no Oceano Índico

Leia o restante desse texto »


Entidades Para Fomentar o Intercâmbio com a China

29 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: Câmara de Comércio em Xangai, país de dimensões continentais, variados mecanismos

O jornal Folha de S.Paulo divulgou hoje uma matéria do jornalista Fabiano Maisonnave, enviado especial a Xangai, informando que se prepara uma câmara de comércio do Brasil na China, estimulado pelo cônsul geral em Xangai, Marcos Caramurú. A entidade reuniria muitas empresas brasileiras que atuam na China como a Vale, Embraer, Brasil Foods e escritórios de advocacia, somando cerca de 60 empresas. Esta providência estaria atrasada, quando comparada a Alemanha e Espanha que já contam com o mesmo tipo de entidade formal para representar os interesses coletivos no país.

Isto seria decorrente do Fórum Brasil, que foi criado em 2004, cujo coordenador atual é o Sérgio de Quadros, representante do Banco do Brasil no país. A decisão ainda não foi tomada, pois as matrizes no Brasil ainda não foram consultadas. Além da atuação governamental, haveria uma pauta de assuntos típicos do setor privado.

021908_twilight imagesCAX0N1MY

Leia o restante desse texto »


Quem Tudo Quer Nada Tem

28 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: discussões dos acordos do livre comércio, impressões para analistas externos, Japão está com três frentes

O título deste artigo é um ditado conhecido. As necessidades da administração da economia de um país envolvem tantas considerações que as tornam difíceis de serem avaliadas por quem está fora do governo, sem o quadro mais completo das informações disponíveis. Um artigo publicado no jornal econômico Nikkei com informações distribuídas pela agência Kyodo deixam muitos analistas perplexos sobre a prioridade com que o governo japonês está trabalhando nas tentativas de conseguir acordos de livre comércio. Noticiam que o Japão e a União Europeia esperam deslanchar as negociações preliminares para restaurar a economia asiática, depois dos desastres de março último.

Existem muitas informações que o Japão vinha se empenhando no estabelecimento de um mecanismo da mesma natureza com os países da Bacia do Pacífico, envolvendo até os Estados Unidos. E na semana passada houve uma reunião no Japão, onde o presidente da Coreia e os primeiros-ministros da China e do Japão decidiram acelerar os mesmos entendimentos relacionados com o Extremo Oriente, permitindo entender que a da Bacia do Pacífico ficava para um segundo plano. Afinal, qual é a ordem de prioridade do atual governo Naoto Kan, que parece estar sendo submetido no Japão a um voto de desconfiança na Dieta?

imagesCAXWZ1SN

Presidente da França,Nicolas Sarkozy e Naoto Kan

Leia o restante desse texto »


Demanda de Produtos Nacionais na China

27 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: demanda de TV LCD chineses, estímulos do governo, mudanças no mercado | 2 Comentários »

Como os norte-americanos lançaram a campanha “Buy Americans” (compre produtos americanos), as autoridades chinesas desenvolveram uma promoção para que o mercado local comprasse mais TV de telas planas produzidas pelas indústrias do país. Isto está fazendo com que produtores japoneses e coreanos percam parte do maior mercado mundial destes aparelhos. As coisas, segundo artigo do jornal japonês Nikkei, estão mudando rapidamente de modo que as entregas destas empresas chinesas superem os norte-americanos e dos europeus, tornando-se o maior mercado do mundo.

A dura política das autoridades chinesas para a compra de imóveis (estão exigindo uma entrada de 50 a 60% na compra do segundo apartamento) ajudou a reduzir, temporariamente, a demanda de televisões no começo deste mês de maio, mas está estimulando a demanda no setor rural, para compensá-la, com subsídios. Muitos chineses adquirem televisores de grande dimensão para usarem coletivamente nos seus edifícios. Eles estão proporcionando descontos significativos, de forma que os de 32 polegadas sejam vendidos por cerca de 300 dólares norte-americanos, quando no Brasil custa cerca mais de 800.

Nni20110527D27HH957105303

Leia o restante desse texto »


Desenvolvimento do Seguro no Brasil

27 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: estudos atuariais, operações internacionais, publicação do Valor Econômico

Uma interessante e oportuna publicação do Valor Econômico aborda os problemas brasileiros relacionados aos seguros, previdência e capitalização, com o título “Tempo de mudanças – novo cenário exige ajustes e inovações”. Apesar da agilidade do setor financeiro brasileiro, nota-se que o segmento de seguros sofre alguns constrangimentos que não o permite que tenha a importância que seria de se esperar, com a adequada inserção no mercado internacional, notadamente no aspecto relacionado com o resseguro.

Poucos são os cursos especializados com os estudos atuariais no Brasil, fazendo com que profissionais de outras áreas ocupem muitas posições na área de seguros, sem uma formação adequada. Apesar de sua importância, nem sempre se contou com o status adequado para a atividade, apesar de alguns pioneiros trabalhos das áreas dos cálculos atuariais e estatísticas especializadas como a demográfica no Brasil. São as únicas realmente confiáveis e que apresentam uma estabilidade no longo prazo.

py01

Leia o restante desse texto »


Novo Embate Entre Emergentes e Desenvolvidos

27 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: candidatura europeia, emergentes dispersos, sucessão no FMI

Quando tudo indicava que havia um processo de crescente aumento da influência dos países emergentes no mundo, pois suas economias estão crescendo mais rapidamente, nota-se na discussão da sucessão do FMI um sentimento de retrocesso. A reunião do G-8 mostra que o defasado mundo desenvolvido volta a demonstrar ao seu apego ao status anterior, até porque as reuniões do G-20 vêm se mostrando dispersivos, com belos discursos, mas sem conquistas reais que tenham efeitos operacionais.

A aparente consolidação da candidatura da ministra da Economia da França, Christine Lagarde, mostra que o atual poder econômico continua sendo o único e realístico critério das decisões relevantes, ajudando a preservar um mundo decadente. Todos sabem que os Estados Unidos e a Europa vivem hoje dos recursos provenientes do mundo emergente, como na época colonial, deixando as migalhas para o resto do mundo, que não consegue ter uma posição uniforme. Ainda que as declarações dos emergentes sejam para o consumo interno, na hora das decisões cada pais procura agradar os mais poderosos, como sempre foi nas diversas reuniões preparatórias do FMI, lamentavelmente.

imagesCAZBIDUKchristine_lagarde

Líderes em reunião do G-8 e ministra da Economia da França Christine Lagarde

Leia o restante desse texto »


Interdependência do Brasil com a China

26 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: artigo do Valor Econômico, exportações brasileiras para a China, redução do crescimento chinês

Um artigo da Marta Watanabe acaba de ser publicado no Valor Econômico chamando a atenção sobre o aumento da dependência do Brasil com relação à China. Aquela economia comprou mais de 29% das exportações brasileiras de produtos básicos no primeiro quadrimestre deste ano, mais 26% do que no ano passado. O artigo mostra que esta tendência de aumento vem se verificando ao longo dos últimos 10 anos, e que a China importa cerca de 50% do minério exportado pelo Brasil, mais de 60% da soja e cerca de 25% do petróleo.

Não há dúvida que a China necessita destas matérias-primas e vê o Brasil como um fornecedor organizado e confiável, estando disposto a aumentar seus investimentos para continuar contando com um suprimento confiável. No entanto, para nenhuma economia parece interessante exagerar na sua dependência de um só mercado, principalmente quando há possibilidade concreta de que ela terá que reduzir o seu ritmo de desenvolvimento, mesmo se mantendo num patamar elevado.

Bandeira do Brasilbandeira_china

Leia o restante desse texto »