20 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: entrevista com Blanchard, reunião de muitos prêmios Nobéis de Economia, Valor Econômico noticia sobre importantes revisões
O jornal Valor Econômico de hoje inclui um importante suplemento chamado Eu & Fim de Semana, onde o jornalista Alex Ribeiro publica uma entrevista com Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI e considerado um dos pais da atual macroeconomia, e uma matéria sobre as reuniões que estão ocorrendo para uma profunda revisão dos conhecimentos teóricos em que se baseiam as atuais políticas econômicas, que entre outros reúnem prêmios Nobéis como Robert Solow, George Akerlof e Joseph Stigltz, como já noticiado neste site em 11 de abril último.
A importância destas revisões é que reconhecem que as atuais críticas que vem sendo formuladas pelos economistas ligados ao sistema financeiro ao atual governo brasileiro e ao Banco Central carecem de fundamentos. Não se pode utilizar somente a elevação de juros para manter a inflação sob controle, mas muitos objetivos são perseguidos simultaneamente, fazendo com que um conjunto de medidas deva ser utilizado, como já foi feito no passado. O mercado ajuda em muito, mas o governo precisa agir como na estabilidade cambial, evitando valorizações exageradas que acabam prejudicando as exportações, facilitando as importações e cortando empregos.
Somente especialistas em economia podem avaliar profundamente as consequências destas revisões, mas quando o mundo está passando por turbulências econômicas, mesmo os leigos podem sentir que algo está errado. Os títulos públicos dos Estados Unidos estão sendo colocados em dúvidas, países europeus necessitam de assistência financeira internacional, o mundo sofre pressões inflacionárias, a reconstrução japonesa exige volumosos recursos, o mundo árabe enfrenta dificuldades. São as economias emergentes como a China, a Índia, o Brasil, a Rússia e até a África do Sul que ganham importância no cenário internacional, ainda que mal compreendidos pelos economistas que estão se defasando da realidade em defesa de um sistema financeiro que só visa o seu lucro, a custa dos problemas da população mundial.
Quem foge dos preceitos defeituosos pregados como religiões por estes economistas acabam sendo criticados. O Brasil vem sendo destacado por estes renomados economistas, pois está na vanguarda da renovação da política econômica, que incomoda os bancos, infelizmente. O poderoso lobby internacional montado pelo sistema financeiro envolvendo televisões, jornais, revistas e rádios só pregam a elevação dos juros, como um santo remédio, ainda que isto arrase as economias que tentam crescer, melhorando o padrão de bem-estar de suas populações, voltando à recessão que foi provocada por eles em 2008.
É importante que todos saibam que estes economistas vieram efetuando análises viesadas, e que no passado, quando não havia uma sofisticação tão grande no sistema financeiro, muitas das medidas hoje aceitas já eram aplicadas, e que a intervenção do governo justifica-se em muitos casos, para defesa da produção e do emprego. Os que vinham sendo atacados porque se posicionavam a favor do desenvolvimento, do aumento da oferta e melhoria da distribuição de renda sentem-se com a “alma lavada”, por este reconhecimento. O mercado pode ajudar, mas precisa ser controlado em seus excessos pelas autoridades ou regulações adequadas, que os bancos ainda não aceitam.
Só eles desejavam ficar com os lucros, mesmo nas recessões, e os prejuízos socializados pela população.
18 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: brasileiros residentes no exterior retornam ao Brasil, comparações de salários influenciados pelos câmbios, preocupações com os empregos | 2 Comentários »
É inegável que muitos brasileiros que residiam e trabalhavam no exterior, formal ou informalmente, estão retornando ao Brasil pelas razões mais variadas. Tanto nos Estados Unidos como na Europa, a recuperação da crise de 2008 se dá num ritmo lento, e o mercado de trabalho ainda apresenta um elevado nível de desemprego, afetando até os que trabalham informalmente. No Japão, a reconstrução iniciada ainda vai demorar meses, ao mesmo tempo em que os consumidores japoneses estão reduzindo suas compras, fazendo com que muitos tenham dificuldades de emprego, além de sofrerem o impacto emocional provocado pelos constantes abalos, racionamento de energia e notícias sobre as radiações.
No Brasil, o nível de emprego se manteve alto mesmo neste começo de 2011, havendo certa transferência da indústria para os serviços, inclusive atividades relacionadas com o agrobusiness. Existe uma perspectiva de aumento do emprego na construção civil, ainda que o pico de demanda dos imóveis residenciais e para escritórios já tenha passado. As obras para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas devem estimular o emprego, não só direto, como os indiretos criados pelos materiais que vão ser utilizados. A deteriorada infraestrutura brasileira está programada para sofrer reconstruções dentro do chamado PAC – Plano de Aceleração do Desenvolvimento. Os setores públicos, nos níveis estaduais e municipais, continuam aumentando o emprego.
Ex-dekassegui de volta. Foto: Roberto Setton / Veja. Construção civil ainda em alta. Mecanização na agricultura exige mão de obra qualificada
Leia o restante desse texto »
18 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Política | Tags: análise do Foreign Affairs sobre o Japão, outras mudanças, visita da Hillary Clinton | 8 Comentários »
Todos concordam que o desastre natural do último dia 11 de março no Japão deve provocar significativas mudanças naquele país, assuntos que estão sendo estudados por importantes analistas políticos. A revista Foreign Affairs é considerada das mais prestigiosas no mundo no campo da geopolítica, e um artigo de Michael J. Green, com o título “Tokyo’s Turning Point” (Ponto de inflexão de Tóquio), expressa alguns pontos de vista que devem ser considerados. O primeiro que já vem sendo expresso por este site reconhece a fragilidade humana diante da força da natureza, mesmo num país considerado dos mais preparados para os desastres naturais.
O artigo reconhece a população japonesa é relativamente idosa, que foi mais vitimada, e a política japonesa está instável com seis primeiros-ministros nos últimos cinco anos, que o Japão depende da energia nuclear não contando com outras fontes e o débito publico japonês é elevado. Mas o desastre revelou o vigor da economia japonesa e o caráter nacional como o seu estoicismo, levando muitos a reconhecerem que o país reconstruído voltará a dar a sua contribuição internacional, fortalecendo algumas de suas relações externas, como a aliança com os Estados Unidos.
Takeaki Matsumoto e Hilary Clinton
Leia o restante desse texto »
16 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Intercâmbios | Tags: comunidade dos brasileiros, condolências, restabelecimento das importações | 6 Comentários »
Depois de participar a comitiva da presidente Dilma Rousseff na sua visita à China e participação na reunião de cúpula dos BRICS, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, visita o Japão. O jornal Nikkei noticiou o seu encontro com seu colega ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Takeaki Matsumoto, quando apresentou as condolências oficiais do Brasil às vítimas dos terremotos e tsunami no Japão, depois de participar dos entendimentos bilaterais. O Itamaraty informa que ele deve se encontrar também com representantes da comunidade dos brasileiros residentes naquele país, que estão preocupados com a sequência dos terremotos e engajados nos trabalhos voluntários às vítimas.
O chanceler brasileiro prometeu eliminar as restrições à importação de produtos alimentícios japoneses logo que se consiga o controle das radiações da usina nuclear de Fukushima, e contribuir nos trabalhos de reconstrução do Japão. Deve-se lembrar que o Brasil foi dos primeiros que ajudaram aquele país depois do término da Segunda Guerra Mundial, encomendando navios para os estaleiros japoneses que estavam sendo convertido da construção de equipamentos militares para os de uso civil.
Antonio Patriota cumprimenta Takeaki Matsumoto
15 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: mudanças de hábitos, novas roupas, outras medidas de redução do consumo de energia
Diante do desafio para a redução do consumo de energia elétrica por que passa a economia japonesa, diversas medidas inusitadas estão sendo adotadas, mostrando a capacidade da tecnologia nestas adaptações. Dado o elevado custo da energia, os equipamentos domésticos, industriais e os utilizados nos escritórios e loja já demandavam menos energia, principalmente quando comparados com os brasileiros. Lâmpadas elétricas, refrigeradores, ares-condicionados, televisões e tudo o mais chegaram a poucas dezenas de percentuais quando comparados com os ocidentais. Os consumidores estão lotando, também, as lojas que vendem ventiladores, que utilizam 10 a 20% da energia do ar-condicionado.
O ex-premiê Junichiro Koizumi já tinha introduzido a abolição do paletó e gravata até no seu gabinete, mesmo nas cerimônias oficiais, reduzindo o uso do ar-condicionado, que somente era utilizado para atenuar um pouco a temperatura e a elevada umidade de Tóquio. Era o chamado “Cool Biz” nos Estados Unidos. Agora o jornal Nikkei noticia outras surpreendentes inovações.
A cadeia de roupas masculinas Aoki lançou o chamado “the Premium air cool suit”, um terno em torno de 600 dólares norte-americanos, havendo uma versão feminina em torno de 350 dólares. Eles mantêm uma temperatura de 10 graus centígrados mais baixos que os convencionais. Eles desenvolveram um tecido com o departamento de Ciência e Tecnologia Têxtil da Universidade de Shinshu usando um solvente que bloqueia os raios infravermelhos e ultravioletas, não deixando o calor penetrar no tecido.
Além destes produtos, cerca de l,7 milhões de outros produtos estão sendo oferecidos, para atender todas as exigências desta campanha pela generalização do “Cool Biz”.
Informam que o terno como as demais roupas possuem elásticos que dão um grande conforto e mobilidade. Esta empresa prepara-se para lançar camisas que chamam de Deodorant Dry, que são camisetas que combatem os odores do suor.
Como sempre os desafios estão acelerando as inovações tecnológicas que permitem novos produtos, que poderão ser utilizados também nas regiões tropicais.
15 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: a cadeia industrial globalizada, artigo do Wall Street Journal, expansões industriais nos outros países | 2 Comentários »
Um interessante artigo de Chester Dawson do The Wall Street Journal foi publicado no jornal Valor Econômico de ontem, inspirando esta nota, com os dados que foram possíveis de serem coletados nas fontes disponíveis internacionalmente. Ao mesmo tempo em que o artigo informa que o desastre japonês vai acelerar a reforma do seu setor industrial e sua modernização, mostra-se que a redução da importância de sua indústria foi sendo compensada, ao longo das últimas décadas pela sua expansão em outros países. As economias de alto nível de renda per capita foram ampliando o seu setor de serviços ou indústrias sofisticadas tecnologicamente, e as atividades manufatureiras mais simples foram transferidas para países como a China que apresentavam custo mais baixo da mão-de-obra.
O gráfico abaixo mostra a situação em 2008 de algumas economias.
…………….
No caso japonês, no gráfico abaixo, verifica-se que desde 1980 vem ocorrendo uma redução da importância do seu setor industrial no PIB do Japão.
Mas este outro gráfico abaixo mostra que as empresas japonesas estão realizando crescentemente suas produções no exterior, chegando próximo de 20%.
Este tipo de dados mostra que, no atual mundo globalizado, não faz muito sentido utilizar somente os dados do PIB para dizer que uma economia está estagnada ou em expansão. Uma parte substancial do crescimento da economia chinesa recebeu a contribuição de investimentos industriais provenientes do exterior, onde a indústria japonesa tem uma participação elevada.
Mas muitas empresas procuraram se aproximar dos mercados consumidores, e os Estados Unidos atraíram muitas japonesas. Agora, a expansão está ocorrendo nas economias chamadas emergentes, e a própria China que já atingiu um estágio razoável no seu setor industrial, passa a fazer investimentos como no Brasil. Não se trata somente de assegurar matérias-primas minerais ou produtos agropecuários, mas utilizar componentes, produtos semielaborados e até alguns de tecnologia avançada para suprir as suas necessidades, que estão se sofisticando também nos consumidores finais.
Tudo isto vem aumentando a interdependência das diversas economias, fazendo com que desastres como os que ocorreram no Japão acabem afetando muitos países no mundo.
12 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: encontro da presidente do Brasil com o presidente da China, principais itens do comunicado conjunto das reuniões de representantes dos dois países | 6 Comentários »
Como esperado, o contato direto entre a presidente Dilma Rousseff com o presidente Hu Jintao consolidou os entendimentos de um intercâmbio de longo prazo entre os dois países emergentes de grande importância no cenário internacional. O comunicado conjunto distribuído pelo Itamaraty confirma que, diplomaticamente, assuntos delicados também foram tratados, como o dos direitos humanos e o reconhecimento da China como economia de mercado, dando sinalizações positivas e relevantes.
O ponto central acertado foi o intercâmbio tecnológico visando o desenvolvimento futuro, mas resultados imediatos também foram alcançados, como as compras de aeronaves da Embraer e a construção na China do modelo Legacy. Na realidade, procurou-se consolidar mecanismos que permitam um intercâmbio mais intenso entre os dois países, evitando-se a propagação de problemas que possam ofuscar esta colaboração, que se dá de igual para igual. Tudo indica que está se realizando um ponto de inflexão, que permitirá acelerar o intercâmbio que já vinha se acelerando.
Os chineses são hábeis negociantes, inclusive na área diplomática, e a leitura completa do comunicado conjunto dá uma nítida impressão que as demandas dos dois países foram acomodadas adequadamente pelos diplomatas, que se comprometem a estudar assuntos mais sensíveis, prometendo empenho nestes trabalhos. A leitura do texto em português mostra que o comunicado conjunto está redigido de forma clara, mais que os usuais deste tipo de encontro. Espera-se que o mesmo esteja acontecendo no elaborado em chinês, que por utilizar ideogramas possui uma capacidade de traduzir o conteúdo de forma precisa, mais que nos idiomas ocidentais.
Muitos acordos foram estabelecidos e seus conteúdos devem ser examinados com atenção, pois o comunicado conjunto costuma ser somente um resumo dos tópicos principais que foram firmados. Existem mecanismos para acompanhar a sua execução. Há uma grande amplitude nas questões tratadas, abrangendo os principais pontos da agenda entre os dois países, não se referindo diretamente ao problema do câmbio. O que se questiona é o que acabando ficando de fora destes entendimentos.
O comunicado conjunto tem 29 itens, destacando-se os relacionados à política e mecanismos de fomento do intercâmbio, inclusive mundial, cooperação dos bancos centrais, investimentos recíprocos, defesa fomentando o já existente de cooperação espacial, ciência e tecnologia procurando inovações nas tecnologias de informação, recursos hídricos e outros renováveis, inspeção de produtos e quarentena, esportes e eventos mundiais citando a Copa do Mundo e as Olimpíadas, educação e intercâmbio de estudantes, professores e pesquisadores, intercâmbio cultural, fomento do turismo recíproco, agricultura com referência direta à Embrapa, energias em geral e elétrica especificamente, telecomunicações, aeronáutica citando especificamente a Embraer, e outros como os relacionados com as atuações nos organismos internacionais.
Pode-se afirmar, portanto, que as bases para um intenso intercâmbio bilateral foram estabelecidas.
12 de abril de 2011
Por: Samuel Kinoshita | Seção: Economia | Tags: CED, exportação, FED, importação, taxas de juros
Nos últimos dias, diversos representantes do Banco Central americano revelaram-se contrários a uma rodada adicional de compra de títulos. Destarte, o chamado QE2 deve finalizar a alocação programada de 600 bilhões de dólares em junho próximo. Alguns membros do FED vão além e sugerem a necessidade de imediata reversão da política laxista adotada atualmente. Um aperto súbito da política monetária nos países mais importantes representará uma mudança radical de paradigma, com consequências potencialmente graves para o Brasil.
O presidente do FED, Ben Bernanke
Leia o restante desse texto »
11 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: abastecedora mundial, agroindústria no Piauí e Maranhão, mudanças nas economias emergentes
Um dos grandes problemas mundiais continua sendo o seu abastecimento com alimentos e o Brasil se mostra como um dos países onde a expansão da produção agroindustrial apresenta as melhores perspectivas. Até o passado recente, o Piauí era considerado o maior exemplo de uma região problemática, com baixo nível de renda. Mesmo os brasileiros que conhecem o meio rural brasileiro se impressionam com a rapidez do seu atual desenvolvimento. O jornal Valor Econômico traz hoje um importante artigo do jornalista Fernando Lopes com o título “Produção de grãos avança nas chapadas do ‘Mapito’” (Maranhão, Piauí e Tocantins), que pode ser acessado pelo: http://www.valoronline.com.br/impresso/agronegocios/105/410921/producao-de-graos-avanca-nas-chapadas-do-mapito
A matéria traz para os incrédulos fotos de uma fazenda de 24.000 hectares de área plantada no Estado do Piauí, bem como os equipamentos que estão sendo utilizados, que pode ser verificado parcialmente no site acima indicado. Em função dos cargos que exerci no governo federal brasileiro, tive a oportunidade de visitar cuidadosamente muitas destas áreas, que apresentavam condições semelhantes aos melhores do sudeste brasileiro, conhecido pelo seu desenvolvimento rural. A fronteira agrícola chegou lá, que apresenta uma topografia conveniente para grandes e racionais explorações rurais, das melhores do país.
Leia o restante desse texto »
11 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: artigo de Joseph Stiglitz, avaliações erradas dos riscos, perspectivas, revisões nas teorias econômicas
Temos insistindo, como economista, que muitos colegas apresentam análises que refletem mais os seus interesses, muitos ligados ao sistema financeiro do que aos da sociedade. Surge agora uma onda entre os mais credenciados acadêmicos mundiais mostrando que muitos dos supostos conhecimentos de macroeconomia e instrumentos estatísticos possuem limitações que não são devidamente alertados para os jornalistas e seus leitores leigos. Um crítico que vem insistindo nesta linha é o prêmio Nobel Joseph Stiglitz, que pelo site de uma organização chamada Project Syndicate publica um importante artigo reproduzido no O Estado de S.Paulo de hoje.
Joseph Stiglitz em foto de Antonio Milena/Agência Estado
Utilizando o lamentável exemplo de Fukushima, Joseph Stiglitz informa que os cientistas divulgaram que os riscos de derretimento nuclear, provocando catástrofes na usinas, haviam sido praticamente eliminados. De forma similar, que na crise financeira internacional de 2008, com inovações dos instrumentos estatísticos e financeiros, os riscos poderiam ser reduzidos ao mínimo.
Tecnicamente, os cientistas e os financistas subestimaram e iludiram não só a sociedade como a eles próprios, sem compreender a complexidade dos riscos. Em termos estatísticos, os eventos raros (chamados de black swan ou cisnes negros) têm uma distribuição estatística que originam de causas grossas (fat-tail) diferindo das chamadas normais, ou seja, podem ocorrer mais nos extremos da distribuição. Numa explicação mais clara para os leigos, são eventos que se imaginavam poder ocorrer a cada 100 anos, e que estão ocorrendo a cada 10 anos.
Lamentavelmente, isto elevou os lucros dos bancos e das empresas de energia elétrica, com consequências catastróficas. Os alemães suspenderam o funcionamento das usinas similares, o que não vem ocorrendo nos Estados Unidos, como informa Joseph Stiglitz.
No caso do sistema bancário, inventaram que alguns bancos eram tão grandes que não poderiam quebrar, pois as autoridades monetárias seriam obrigadas a intervirem, ajudando-os. Os lucros foram privados, enriquecendo-os, mas os prejuízos foram socializados, sendo pago por todos. E continua havendo uma resistência política para o controle dos fluxos financeiros internacionais, que podem complicar inclusive a situação brasileira, cujas autoridades estão atentas, contrariando os interesses das instituições financeiras, seus economistas e jornalistas lobistas.
Haveria outros cisnes negros à espreita? Stiglitz informa que sim, o aquecimento global e as mudanças climáticas.