23 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Política | Tags: ampliação do papel do yuan chinês no mundo, notícia no BLOOMBERG, operações de swap.
Ye Xie publica no site do Bloomberg o aumento das operações de swap pelo qual a China aumenta a assistência a muitos países, procurando ampliar o papel de sua moeda no mercado internacional.
Primeiro-ministro chinês Xi Jinping
Leia o restante desse texto »
22 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no China Daily, avaliação dos chineses sobre o intercâmbio, relação entre emergentes, visita de Xi Jinping
Um artigo publicado por Yang Yao no China Daily apresenta a avaliação chinesa do intercâmbio com o Brasil em 2014. Segundo ela, o ponto alto foi a visita de Xi Jiping ao Brasil em julho, quando os dois países emergentes estabeleceram mais de 50 acordos em diversos setores mostrando que países emergentes podem contribuir para o relacionamento Sul-Sul. Destacam a cooperação na elaboração da infraestrutura, onde a ferrovia no Brasil merece registro. O intercâmbio comercial atingiu a US$ 83,3 bilhões quando era de somente US$ 3,2 bilhões em 2002, com a participação do minério de ferro, soja e óleo do Brasil e produtos manufaturados chineses. O que não foi mencionado é que no final do ano este intercâmbio mostra que está declinando, tanto pela desaceleração do crescimento chinês como pela queda de preços das exportações brasileiras.
Xi Jinping com Dilma Rousseff
A China se mostra satisfeita, pois com os países da América do Sul, não somente com o Brasil como o Chile e o Peru, já está superando até a União Europeia, ocupando o segundo lugar. Os bancos chineses estão se estabelecendo na região, enquanto o Banco do Brasil se instalou em Xangai, quando deveria ser mais agressivo.
Do ponto de vista brasileiro, ainda que seja verdade que o intercâmbio com a China veio crescendo substancialmente nos últimos anos, chegando até os projetos de alta tecnologia como o lançamento de um satélite para observação do desmatamento que ocorre na Amazônia, bem como entendimentos nos mais variados setores. A presença brasileira na China ainda não é de grande importância, diante da concorrência de muitos outros países.
As perspectivas futuras chegam a ser preocupantes, pois existe uma redução de exportação de minérios brasileiros como produtos agropecuários, sendo que os de maior valor tecnológico, como na aviação ou em atividades industriais, não apresentam o dinamismo desejado.
A China vem investindo pesado na formação de melhores recursos humanos, como os estudantes enviados para os Estados Unidos. É claro que a dimensão populacional da China é muito maior, o que lhe confere um potencial de crescimento econômico, ainda que sua renda per capita ainda seja modesta. O mesmo dinamismo não se constata no Brasil, mostrando que a distância entre os dois países, em muitos setores tende a se agravar.
O que parece é que o Brasil, se deseja ocupar um destaque no conjunto dos países no futuro, necessita ter a mesma orientação tanto econômica como política, traçando objetivos de longo prazo. O que parece é que o Brasil está mais avançado na disseminação do poder político, sem mais o autoritarismo que ainda impera em alguns setores da sociedade chinesa.
Há sinais que existem muitos aspectos onde o Brasil deve se sentir estimulado com o que um país gigantesco como a China, com todos os seus problemas, vem lutando para superar. São demonstrações que muitos avanços podem ser obtidos, diante dos desafios existentes.
22 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: as pesquisas realizadas desde 1978, dura realidade difícil no mundo globalizado, sentimentos dos japoneses com relação aos vizinhos chineses e coreanos
Uma pesquisa anual de opinião da população japonesa sobre outros povos, como os seus vizinhos chineses e coreanos bem como os norte-americanos é feita anualmente desde 1978 por solicitação do Escritório do Gabinete do Governo. A notícia baseada numa matéria distribuída pela agência Kyodo foi publicada pelo jornal The Japan Times. Ainda que seus resultados possam ser chocantes para muitos analistas, trata-se de uma dura realidade que se reflete num quadro preocupante que vem piorando, segundo os dados.
A proporção de japoneses que informa que se sentem hostis com relação à China vem aumentando para preocupantes (a expressão é da notícia) 83,1%, 2,4% acima do levantamento do ano passado. Com relação à Coreia do Sul, subiu de 8,4% para chegar a 66,4%. O artigo atribui estes resultados à continuidade dos confrontos territoriais e divisões profundas sobre as histórias da Segunda Guerra Mundial entre estes países.
Foto da população japonesa na região de Shibuya, Tóquio
Outras informações foram fornecidas pelo artigo publicado. Os que se sentem amigáveis com relação à China teria baixado para 14,8%, e com relação à Coreia do Sul para 31,5%. Ainda 84,5% sentem que o relacionamento sino-japonês não é bom, e 77,2 disseram o mesmo com relação à Coreia do Sul.
A pesquisa indicou que 81,6% dos japoneses se sentem amistosos com relação aos Estados Unidos. Com relação à Coreia do Norte, 88,3% dos japoneses se mostraram interessados nos sequestros de japoneses promovidos por eles.
O levantamento abrangeu 3 mil adultos japoneses, dos quais 60% forneceram respostas válidas, o que mostra que os dados se referem aos interessados nestes assuntos. Mesmo que não se trate de pesquisa com o rigor desejável, tudo indica que são informações que podem ser consideradas relevantes.
Pode-se desconfiar que algumas atitudes tomadas pelo governo japonês se baseiam em informações desta natureza, pois refletem posições tendentes ao nacionalismo, acima do que seria desejável para o incremento de relações com parceiros internacionais, num mundo globalizado.
22 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no site da Bloomberg, dilema russo, oferecimento de Li Keqiang do respaldo do Shanghai Cooperation Organization
O site da Bloomberg divulga um artigo informando que Li Keqiang, o premiê chinês, apresentou na reunião realizada em Astana, Cazaquistão, na semana passada, a possibilidade da China fornecer o respaldo para assistir à Rússia nas suas atuais dificuldades. Seria mobilizado o SCO – Shanghai Cooperation Organization, fortalecendo a posição chinesa como uma potência mundial, papel que vinha sendo exercido pelos Estados Unidos até agora. Como todos sabem, a violenta queda do preço do petróleo, e consequentemente de todas as energias, está provocando grandes problemas, inclusive para a Rússia, cuja moeda está sendo motivo de especulações, sofrendo uma significativa desvalorização, que está se procurando evitar com a brutal elevação dos juros internos russos.
Ainda que esta aliança sino-russa esteja se esboçando há tempos com o fornecimento de gás da Rússia para a China, na falta de alternativa de demanda na Europa, deve-se recordar que Vladimir Putin apresentou-se à imprensa informando que o crescimento naquele país ficará prejudicado nos próximos anos. É claro que esta rede de proteção que os chineses estão estendendo podem reduzir as especulações, mas vai depender se os russos desejam aumentar a sua dependência à ajuda da China. Apesar do volume das reservas internacionais chinesas próximo de US$ 4 trilhões permitir estes oferecimentos, deve-se recordar que também a economia da China passa por uma redução do seu crescimento, necessitando efetuar reformas que não são fáceis.
Estão sendo frequentes os encontros de Xi Jinping com Vladimir Putin
É evidente que a Rússia está sentindo as pressões dos Estados Unidos e da Europa às suas tentativas de aumento da influência na Ucrânia, inclusive a absorção da Crimeia, inaceitáveis para o Ocidente.
Todos estes movimentos são de grande importância mundial. Opiniões de acadêmicos chineses como Cheng Yijun, pesquisador sênior da Academia Chinesa de Ciências Sociais, atuando no Instituto Russo, Leste Europeu e Ásia Central, estão sendo apresentadas para enfatizar esta relevância. Mas todos admitem também que a decisão russa de depender fortemente da China é uma decisão difícil.
Mas também existem opiniões recomendando cautela da parte da China para o risco de ser arrastada para uma crise envolvendo-se tão fortemente no relacionamento com os russos. De outro lado, com o mundo tão atribulado, não se espera que o agravamento da situação russa seja algo que possa ser ignorado. Espera-se que o bom senso volte a reinar na Rússia, admitindo-se que o papel que tinham na antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas já é coisa do passado.
21 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: falta de colaboração externa, resistências internas, restabelecimento diplomático com Cuba, tentando corrigir Guantánamo
Existem graves erros cometidos pelos Estados Unidos nos momentos de grande emoção coletiva que aos poucos vão sendo corrigidos, exigindo tempo e trabalho, nem sempre contando com apoio interno ou de seus aliados estrangeiros. Todos sabem que os lamentáveis ataques terroristas às torres gêmeas de Nova Iorque, em 11 de setembro, simultaneamente aos ataques ao Pentágono, em Washington, provocaram fortes comoções coletivas entre os norte-americanos, ao mesmo tempo em que no mundo havia um espanto com estes acontecimentos. Os Estados Unidos nunca tinham sido atacados no seu território, e principalmente nas áreas mais cruciais que deveriam merecer a mais elevada atenção do seu serviço de informações e defesa militar. As ações visando o combate ao terrorismo acabaram autorizadas, até com o emprego de meios condenáveis na comunidade mundial, como o emprego da tortura bem como prisão de suspeitos sem a formalização de processos de suas acusações. Os presos foram encaminhados para a absurda prisão de Guantánamo, onde os Estados Unidos mantêm um absurdo enquistamento em Cuba, que agora Barack Obama pretende encerrar, como prometido em campanha eleitoral. Alguns prisioneiros foram encaminhados para países que os aceitaram em número limitado, mas ainda restam algumas centenas deles. Os preceitos mais consagrados no direito internacional foram violados, e ninguém foi responsabilizado até hoje pelos absurdos.
Prisioneiros em Guantánamo sem processos de acusação e barbaramente torturados
Outro absurdo que começa a ser corrigido é o isolamento diplomático e o embargo econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos. Todos sabem que há décadas Fidel Castro derrubou o ditador Fulgencio Batista, e Cuba recebia muitos turistas norte-americanos que frequentavam inclusive seus famosos cassinos. Para receber o suporte da Rússia, Fidel Castro entendeu-se com os russos para instalar mísseis em Cuba, que fica a pouco mais de 100 quilômetros da Flórida, nos Estados Unidos. O incidente, parte da Guerra Fria, acabou sendo acomodado, pois o custo da Rússia manter a situação em Cuba era elevado do ponto de vista militar.
Cuba muito próxima da Flórida, Estados Unidos
Mas os Estados Unidos fracassaram na tentativa de invasão de Cuba, pela Bacia dos Porcos. Como muitos cubanos não aceitam o regime socialista e ditatorial de Fidel Castro que já passou o poder para o seu irmão Raul Castro, existem muitos refugiados cubanos na Flórida.
Ainda que Barack Obama tenha poderes para restabelecer as relações diplomáticas, o fim do embargo depende do congresso norte-americano, que recebe pressões de republicanos ligados aos refugiados cubanos e que não concordam com a continuidade do regime ditatorial em Cuba. Tudo indica que os avanços dos entendimentos acabarão numa evolução como a que ocorre até na China, ainda que as diferenças ideológicas continuem existindo.
Todos podem concordar que o discurso democrático dos Estados Unidos acaba se enfraquecendo quando problemas como Guantánamo continuam existindo, mostrando que o país que deveria ser o líder mundial para a disseminação de regimes democráticos também adotam medidas que são chocantes para muitos que são a favor das liberdades, com o devido respeito aos preceitos jurídicos.
A esperança é que neste final de 2014 haja condições de avanços nestas questões que incomodam a muitos para a convivência pacífica num mundo cada vez mais globalizado.
19 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: dificuldades de adaptação, experiência da nossa visita àquele país, restabelecimento das relações diplomáticas dos Estados Unidos com Cuba
Acredito que o restabelecimento das relações diplomáticas dos Estados Unidos com Cuba seja um avanço significativo para a eliminação de um absurdo que não se justificava mais no mundo. O Brasil já vem mantendo estas relações, ainda que do ponto de vista econômico aquele país apresente uma dimensão modesta. A nossa experiência pessoal de uma visita feita àquele país há alguns anos, na tentativa de examinar algum investimento brasileiro na área em que já foram importantes, mostraram que nestes anos todos de relativo isolamento com o embargo que sofreram provocaram uma forte deterioração na sua capacidade empresarial, que necessitará ser recuperada, mesmo que continue se adotando um sistema socialista que mesmo na China já sofreu radicais mudanças. Os brasileiros sempre adotaram uma política diplomática de relacionamento até com aqueles que nem sempre concordamos diante de algumas práticas que ainda utilizam e que poderiam ser consideradas ditatoriais. Espera-se que em alguns anos todos elas sejam eliminadas.
O governo brasileiro foi muito criticado por ter concedido o financiamento do BNDES para que uma empreiteira brasileira construísse um porto de importância em Cuba, que agora poderá ser amplamente utilizado. Neste sentido, o Brasil pode figurar entre os pioneiros nas intensas relações com os cubanos, ainda que existam os que são contrários pelas posições ideológicas que adotam. Quando até os Estados Unidos eliminam as barreiras diplomáticas e se esforçam para extinguir o absurdo da existência da prisão de Guantánamo, onde não se obedece nem sequer os mais rudimentares princípios de respeito aos direitos humanos. Existem muitas providências a serem ainda adotadas, mas espera-se que o embargo que os cubanos estão sofrendo seja totalmente eliminado, pois não podem ser mais considerados como exportadores de terrorismo que estão restritos a alguns grupos radicais ainda existentes no mundo.
Os que imaginam que Cuba só conta com partes deterioradas podem estar enganados. Elas existem, mas também as regiões voltadas ao turismo internacional já estão em melhores condições, como também existem partes das cidades que podem surpreender os estrangeiros visitantes.
Aspecto deteriorado de Havana, capital de Cuba
Praias cubanas que recebem os turistas internacionais
Parte da cidade de Havana
Mas o que parece mais complicado são aspectos da administração pública, que passou por décadas de um socialismo pouco eficiente, que acabam por desestimular atividades produtivas como as antigas usinas de cana destinadas às produções de bebidas alcoólicas que eram famosas na época em que Cuba recebia muitos turistas estrangeiros, notadamente de norte-americanos, dada a proximidade daquele país com a Flórida.
Recuperar sua produção agrícola ou agroindustrial de forma eficiente e competitiva parece uma tarefa que vai exigir um grande esforço ao longo de muito tempo. No entanto, em muitos aspectos, apesar de sua pobreza impressionar os observadores, Cuba deve ser respeitada, como na educação básica, atendimentos de saúde para a população ou algumas especialidades esportivas.
Um médico brasileiro amigo meu já falecido, consagrado no Incor – Instituto de Cardiologia da Universidade de São Paulo, doutor Siguemituzo Arie, considerado como o profissional que mais efetuou cateterismo no mundo, que sofria de outra moléstia, dedicou-se alguns anos de trabalho em Cuba que considerava avançado em alguns aspectos.
18 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: aspectos positivos e preocupantes, comparação com 1990, no site do The Economist
A respeitada revista de circulação internacional The Economist publica uma matéria, como muitos veículos de comunicação social estão fazendo no mundo, efetuando uma comparação com o que ocorria em 1990, que lhes afigura mais semelhante com a situação atual, ainda que se possa preferir outras datas como base para comparações. Em alguns casos, talvez, o recomendável seria com comparação com 1986, logo depois do chamado Acordo de Plaza que estabelecia uma nova paridade cambiais com a participação dos países chamados desenvolvidoscomo os Estados Unidos, Alemanha, Japão, França e Reino Unido, quando o dólar foi desvalorizado, em alguns casos de forma exagerada como com relação ao yen japonês. O que parece destacável é que nestas últimas décadas, o setor financeiro ganhou maior importância no mundo com fluxos exagerados de recursos, do que com o desenvolvimento tecnológico como o provocado pela computação e uso da internet, que parece mais relevante na contribuição para a melhoria do bem-estar em todo o mundo.
O que a revista menciona é um estado de relativa fraqueza atual de economias desenvolvidas, mesmo com a recuperação da norte-americana, com a da Alemanha e do Japão, quadro que parece generalizado na Europa. Haveria problemas em países emergentes como a Rússia e Brasil, enquanto a China ganhou uma importância destacada nas últimas décadas, mas sofre também uma desaceleração no seu ritmo de crescimento como aumento da sua poluição. Parece haver um exagero, provocado pelas autoridades monetárias na tentativa de recuperar o crescimento de algumas economias, com as ampliações da disponibilidade de créditos provocadas pelo chamado “quantitative easing monetary policy”. Mais recentemente, observa-se um excesso de produção de matérias-primas, inclusive do petróleo e outras fontes de energia, mas também de minérios e produtos semielaborados como os metais que estão com seus preços em queda. Problemas políticos estão sendo enfrentados com o aumento das manifestações populares de insatisfação devido a variados problemas. A produtividade agropecuária parece generalizar-se e os problemas de fome ficaram restritos a alguns países.
Mesmo nas economias como a norte-americana, que mostra uma recuperação respeitável, com redução dos seus problemas de emprego, um mercado de capitais com exageros de ganhos em algumas empresas, os problemas políticos se aprofundam com as divergências internas existentes. O que ainda predomina é um cenário mundial decorrente da crise de 2007-2008 que não foi totalmente superada, aumentando as diferenças nas distribuições do bem-estar no mundo.
As previsões de um painel de analistas é que, para 2015, os Estados Unidos devem continuar com um crescimento de 3%, segundo a revista, enquanto com 1,1% no Japão e na área do Euro, como um primeiro grupo de problemas. Mas a queda do preço da energia, se de um lado ajuda a maioria da economia mundial, provoca problemas até nos Estados Unidos, com as explorações de xisto, e nas empresas menos eficientes que contribuíram para este crescimento.
O segundo grupo de problemas decorreriam do baixo crescimento tanto da Alemanha como do Japão, em decorrência de problemas que não são comuns. E o terceiro seriam o que está ocorrendo com os países emergentes, onde Rússia se encontra já em forte crise, mas que também se estende a outros países como o Brasil, e alguns países do Sudeste Asiático. Também os que se sustentavam com suas receitas decorrentes da exportação de petróleo passam agora por dificuldades.
Como o mundo está globalizado, parece evidente que os problemas existentes acabarão afetando também os Estados Unidos, talvez com algumas defasagens. Segundo a revista, ainda que o setor financeiro esteja menos alavancado, as manipulações que estão sendo identificadas como nas cotações dos títulos do Tesouro Norte-Americano, das taxas de câmbio e da taxa de juros tipo Libor, mostram que regulamentações necessitam ser introduzidas, mesmo com a resistência dos bancos.
Os problemas existentes, notadamente nos países mais pobres, acirram as dificuldades como de absorção dos imigrantes, diante das dificuldades com os desempregados locais para onde se dirigem. As manifestações políticas acabam ficando agudas, e as tendências nacionalistas se manifestam em diversos países.
Nem sempre os diagnósticos do que precisa ser feito, inclusive com reformas, não acabam recebendo o respaldo político, sendo difíceis de serem colocados em prática. Mas é preciso constatar que a Humanidade veio superando os seus problemas, e, mesmo que de forma menos brilhante, os problemas serão atacados também em 2015 e nos anos seguintes. Se não existe espaço para muito otimismo, também não se pode considerar este quadro mundial como dos mais calamitosos.
17 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: notícia no The Japan News do Yomiuri Shimbun, reunião com empresários, sindicatos e governo, vitória eleitoral expressiva
Depois da expressiva vitória eleitoral do partido do primeiro-ministro Shinzo Abe nas eleições do último fim de semana, o The Yomiuri Shimbun, num artigo elaborado por Takeshi Kurihara e Ryosuke Yamaguchi, informa sobre a reunião realizada por ele no seu gabinete com representantes dos empresários na sua principal organização – Keidanren, os sindicalistas representados pelo Rengo – Trade Union Confederation e os participantes do governo. Shinzo Abe teria expressado o seu desejo que os setores beneficiados pela sua Abeconomics, com a desvalorização do yen, proporcionando altos lucros para as empresas exportadoras, deveriam ajudar a expansão da demanda local, mediante a transferência de parte dos seus resultados para os consumidores com aumento dos salários, bem como ajudando as pequenas e médias empresas que estão sendo prejudicadas pelos aumentos dos produtos importados.
Para analistas que observam o Japão do exterior, estes fatos são surpreendentes numa economia de mercado. Parece que os resultados eleitorais não expressam tanto a aprovação da política implementada, mas a falta de alternativas que fossem apresentadas por uma oposição desarticulada. Numa economia como a japonesa, que tem uma longa tradição de orientação sutil da economia pelo governo, os níveis salariais costumam ser estabelecidos pelo mercado. Sabe-se que afetam as grandes empresas quando os recursos humanos disponíveis estão escassos, o que não parece o caso no momento, e que funciona mais junto às grandes empresas. As pequenas e médias empresas que são importantes no Japão não guardam uma relação tão simples e estas orientações não costumam ser fáceis de ser comandadas, mesmo com o entendimento do governo, empresários e sindicatos. As milhares de relações existentes na economia dificilmente podem ser comandadas por poucos dirigentes, e o seu funcionamento é mais complexo na realidade, não podendo ser tão simplificado, pois estas entidades não possuem um poder de comando tão amplo em todo o país.
Surpreendente reunião de Shinzo Abe com empresários e sindicatos no seu gabinete depois da vitória eleitoral, foto publicado no The Yomiuri Shimbun
Como uma tentativa de informar sobre a política que está sendo perseguida, uma reunião desta natureza pode ser relevante. Mas, observando-se que nos principais meios de comunicação social não se verificam muitas notícias a respeito, o que pode ser um indício de que consideram de pouco efeito prático para gerar um ciclo virtuoso na economia daquele país.
Existem vozes que, mesmo na próxima temporada de negociações salariais as pretensões dos empregados não podem ser totalmente aprovadas, pois as empresas ainda não estão seguras quanto a evolução da economia japonesa, num contexto mundial que não aparenta ser tão favorável. Mesmo com a redução atual do custo da energia. Ainda não existem indícios que as empresas japonesas se tornaram competitivas, pois somente o câmbio não provoca tantas mudanças.
O que vem ocorrendo é uma exagerada valorização da Bolsa com o excesso de liquidez, além do aumento das atividades financeiras em todo o mundo com fluxos de recursos astronômicos, com manipulações das mais variadas formas, tanto nas taxas de juros, câmbios como até as cotações dos bônus do Tesouro Norte-Americano, sem que se consiga uma regulamentação adequada.
Num cenário mundial desta natureza, ainda que a recuperação da economia japonesa seja desejável, não se pode esperar um comportamento mecânico e muito simplificado.
16 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigos no Valor Econômico sobre os problemas de mobilidade dos recursos humanos, caso dos trabalhadores brasileiros no Japão, novas adaptações, voltas dos Estados Unidos e da Europa
Muitos brasileiros migraram para os Estados Unidos, Europa e Japão nos períodos em que as remunerações naqueles países apresentavam sensíveis vantagens sobre os pagas no Brasil. Nem todos estavam em condições regulares, sendo que no Japão foram concedidos vistos para trabalhos temporários. Eles tiveram dificuldades para se ajustar às condições no exterior, onde os idiomas utilizados, os hábitos de vida e do emprego e muitas outras condições eram diferentes das brasileiras. Nem sempre se prepararam adequadamente para enfrentar estas situações, concentrados que estavam nos seus trabalhos, visando remunerações que não conseguiam no Brasil. Mas, infelizmente, estes diferenciais foram reduzidos, ou os empregos se tornaram difíceis naquelas regiões, e muitos são obrigados a voltar, estando despreparados para novas adaptações, pois as condições no Brasil também se alteraram nestes longos períodos.
Dos cerca de 320 mil brasileiros que foram para o Japão restam somente cerca de 120 mil naquele país, segundo estatísticas oficiais
Estes dados não são totalmente seguros, pois entre eles existiam os que possuíam dupla nacionalidade ou passaportes japoneses, que também foram para o Japão para trabalhos temporários. Para os que dominam o idioma japonês ainda existem oportunidades, como ajudar a cuidados dos idosos e enfermos, mas a mão de obra nas indústrias ficou reduzida, restando ainda os trabalhos em condições duras como na manutenção das rodovias, onde ainda existem explorações de intermediários.
Não existem dados seguros dos Estados Unidos e da Europa, pois muitos eram trabalhadores ilegais, que para lá foram como se fossem turistas. Existem ainda os que foram para países vizinhos como o Paraguai, notadamente como agricultores.
Estes patrícios passam por períodos difíceis novamente, pois, na longa ausência do Brasil, as condições mudaram por aqui. Os salários locais chegam a ser considerados irrisórios com os que obtinham no exterior, ainda que não totalmente qualificados. Esforços estão sendo feitos para as suas adaptações, mas são limitados.
Os que mais acabam sofrendo são as crianças envolvidas nestes processos, pois muitas foram obrigadas a frequentar escolas no exterior, e hoje não possuem conhecimentos como os precários proporcionados no Brasil. Mas suas capacidades de adaptações acabam sendo mais rápidas que dos adultos.
Parece que todos os que optam por estes processos migratórios necessitam estar conscientes de todas as dificuldades, quer seja quando vão para o exterior como quando são obrigados a retornarem. Há que se admitir que estes recursos humanos, como de todos os migrantes, são de elevada coragem e capacidade para enfrentar situações novas, e mesmo com sacrifícios acabarão encontrando os seus caminhos, que podem ser mais fáceis se contarem com a ajuda de todos.
15 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: a coligação governista retém a maioria absoluta, baixo comparecimento, falta de uma oposição organizada, mandato para a Abeconomics | 2 Comentários »
O primeiro-ministro Shinzo Abe obteve para a coligação governista LDP-Komeito 326 cadeiras na Câmara Baixa da Dieta japonesa, superando os 317 indispensáveis para a maioria absoluta. Conseguiu a prorrogação do seu mandato bem como o suporte para o prosseguimento de sua política chamada Abeconomics, que eram seus objetivos principais. No entanto, há que se registrar que no Japão o voto não é obrigatório, sendo que menos de 40% dos eleitores compareceram ao pleito, mostrando certo desinteresse diante do resultado esperado, sendo que o principal partido de oposição aumentou a sua bancada em 11 cadeiras, chegando a 73. Mesmo assim, diante do quadro em que se encontra a economia japonesa, o resultado deve ser interpretado como um suporte moderado para a inevitável política denominada Abeconomics, que precisará elevar o seu imposto de vendas do atual 8% para 10%, sem saber quando.
Todos sabem que, mesmo com a injeção astronômica de recursos creditícios por intermédio do Bank of Japan, o máximo que se conseguiu é uma melhoria na Bolsa de Valores, e uma desvalorização moderada do yen, para tornar as exportações japonesas mais competitivas. A recuperação da economia japonesa, que é o grande objetivo, veio sendo prejudicada pela retração dos consumidores quando o imposto de vendas subiu dos 5% anterior para 8%. As empresas ainda não se sentem estimuladas para ampliar as suas atividades, mesmo com a abundância de recursos creditícios e a desvalorização do yen, que o torna um pouco mais competitivo no mercado internacional. O resultado desta eleição não pode ser considerado estimulante para a nova etapa de elevação dos impostos, diante da dívida pública japonesa que é das mais elevadas do mundo, ainda que financiadas pelas poupanças internas.
Primeiro-ministro Shinzo Abe comemora a vitória eleitoral da coligação governista. As rosas vermelhas são colocadas junto aos nomes dos deputados eleitos, na tradição eleitoral japonesa
A imprensa japonesa avalia que o novo gabinete deve ser anunciado no próximo dia 24 de dezembro, mas não se aguarda grandes surpresas, ainda que seja desejável novas figuras que dessem um ânimo para o programa que deverá ser executado. Deve-se lembrar de que o Abeconoics prevê agora uma etapa de decisivo estímulo ao crescimento da economia japonesa, que ainda não consegue uma inflação de 2% ao ano como anunciado, e uma volta aos padrões mais razoáveis de crescimento.
Deve-se observar que o cenário internacional não se apresenta fortemente estimulante, ainda que o preço do petróleo totalmente importado pelo Japão esteja em queda significativa. O governo japonês vem acreditando muito no TPP – TransPacific Partnership, facilitando o comércio internacional. Efetua esforços para a retomada dos entendimentos com a China, que ainda caminha de forma tímida, bem como ampliação da colaboração com a Coreia do Sul. Também o Sudeste Asiático encontra-se entre suas prioridades, notadamente na implantação de projetos de infraestrutura.
Este site vem insistindo que o Japão precisa enfrentar o problema da redução de sua população, ao mesmo tempo em que se observa o seu envelhecimento. Necessita que muitos dos seus jovens se motivem para novos empreendimentos, superando o seu desânimo. Para uma economia de elevado padrão de desenvolvimento, precisa colaborar com o seu dinamismo para estimular o resto do mundo, o que nem sempre vem acontecendo. Espera-se que o resultado destas eleições ajudem a superar o atual marasmo.