16 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: a volta da seleção alemã de futebol, além da unificação do leste e oeste alemão, descendentes de diversas etnias
Simbolicamente, as comemorações da volta da seleção alemã de futebol com o seu tetracampeonato mundial foram realizadas no Portão de Brandemburgo que separava a Alemanha Ocidental da Oriental com o muro de Berlim. Ainda que os níveis de renda das duas Alemanhas tenham diferenças acentuadas, elas estão tendendo a reduzir-se. Mais do que isto, a seleção inclui alemães de diversas origens como turcos, nigerianos e albaneses, mostrando o quando aquele país mudou desde o período do nazismo. Sendo uma vitória esperada por 25 anos, com esforços concentrados em todo o país para a renovação do seu futebol, acaba servindo de exemplo para muitos outros. O lema adotado pela FIFA de condenação veemente da discriminação racial acaba se ajustando a estas comemorações.
Não se pode dizer que o processo de aperfeiçoamento constante deste esporte tenha se esgotado. Todos admitiam que os alemães sempre fossem disciplinados, empenhando-se quase militarmente nos seus exercícios, mas há que se admitir que as mudanças observadas se refletissem nas suas atitudes no Brasil. A seleção alemã destacou-se, não somente no futebol, mas na simpatia nos seus relacionamentos com a população brasileira, que tem uma marca forte de hospitalidade que foi reconhecida por todos. O Brasil perdeu no futebol, mas ganhou a admiração de todos pela hospitalidade do seu povo, que volta a ter a marca da cordialidade.
Alemães comemoram título no Portão de Brandemburgo
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15 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: cobertura inadequada da imprensa brasileira, entendimentos paralelos entre a China e a Índia, reunião do BRICS em Fortaleza
Como não encontrei na imprensa brasileira, mesmo a eletrônica, a confirmação da presença de Narendra Modi, da Índia, na reunião do BRICS que se realiza em Fortaleza, procurei informações no The Times of India, que já tinha postado uma reunião realizada entre os dirigentes indianos com os chineses, comandados pelo primeiro-ministro da Índia e o presidente chinês Xi Jinping, que durou 80 minutos na Capital do Estado do Ceará, com base nas informações da agência Reuters. Ainda que esteja se estabelecendo algumas decisões sobre o New Development Bank, estes entendimentos paralelos são de grande importância, onde o Brasil não tem participação. Os russos como os chineses aproveitam esta reunião de cúpula para procurar consolidar suas posições de independência dos Estados Unidos, e tratando também dos seus interesses comerciais.
Evidentemente, todos os países do BRICS possuem interesse em aumentar suas exportações como os diversos acordos que envolvem tecnologias. A pauta brasileira, tanto com os russos como com os chineses, é ampla envolvendo diversos projetos bilaterais, enquanto os relacionamentos com a Índia e a África do Sul ainda são limitadas, mesmo que apresentem potencialidades para o futuro. Mesmo que não existam interesses comuns entre os diversos países considerados do BRICS, existem outros que podem ser explorados quando dirigentes máximos destes países contam com oportunidades para conversações, ficando as gerais somente para declarações mais amplas ou fotos que são espalhadas pelo mundo.
Jacob Zuma, Dilma Rousseff, Naredra Modi, Xi Jinping e Valdimir Putin
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9 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: expectativas com o novo governo na Índia, orçamento para estabelecer as finanças públicas, reformas esperadas
Com o novo governo Narendra Modi na Índia, o mercado de capitais já subiu um quinto neste ano, a moeda local estabilizou-se, os consumidores estão comprando mais automóveis, mas o novo ministro da Fazenda, Arun Jaitley, deve anunciar ainda o novo orçamento e seus planos. Mas já anunciou que deve moderar os gastos, sem nenhum populismo, devendo conter o déficit em 4,1% do PIB, o que parece impossível. Nos dois primeiros meses deste ano, ele já foi de US$ 40 bilhões, quase o que deve ser o anual, e vai ser necessário mais recursos para fornecer alimentos baratos para dois terços dos indianos de 1,25 bilhão.
Com as fracas monções deste ano, milhões de agricultores devem necessitar de ajuda, os preços dos combustíveis devem elevar os gastos e os custos dos subsídios. Também existem as aspirações de gastos em infraestrutura, pois Modi prometeu milhões de empregos em estradas, fábricas, transmissões, trens rápidos e 100 novas cidades a serem construídas como está no artigo publicado pelo The Economist. O ministro da Fazenda, que parece bem identificado com Modi, está com uma grande tarefa, efetuando reformas liberalizantes para conseguir um desenvolvimento sustentável na Índia.
Narendra Modi com o seu ministro da Fazenda Arun Jaitley
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6 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no The Wall Street Journal e no âmbito da OECD, discussões na Europa e no Japão, ênfases atuais diferentes | 1 Comentário »
No passado, havia uma forte discussão sobre a ênfase no desenvolvimento que tendia a provocar um aumento da desigualdade entre as pessoas em muitos países. Agora, até nos países industrializados, membros da OECD – Organização Econômica de Cooperação e Desenvolvimento, trava-se uma discussão que está ligada à ênfase na recuperação do crescimento ou na melhoria da distribuição de renda. Um artigo publicado por Mitsuru Obe no The Wall Street Journal apresenta a questão tomando o caso observado por Rintaro Tamaki, hoje secretário geral adjunto da OECD, que já foi ministro da Fazenda do Japão, e discute a política que está sendo adotada pelo governo Shinzo Abe naquele país para ativação do seu crescimento, quando na Europa a discussão da desigualdade merece maior importância.
A atual política japonesa, que ficou conhecida como Abeconomics, visando tirar o Japão do longo período de deflação e estagnação da economia, tende a acentuar a disparidade de renda entre as pessoas. Estão sendo sacrificados os pequenos produtores agrícolas e os empregados das pequenas e médias empresas, com a meta de uma inflação de 2% ao ano e aumento de salários das grandes empresas acima da inflação. Os impostos sobre as vendas estão sendo elevados e procura-se condições para estimular a expansão das grandes empresas, inclusive na exportação para o resto do mundo. Os acordos comerciais que estão sendo perseguidos trocam as possibilidades de exportações de produtos industrializados, concedendo margens para a importação de produtos agropecuários e alimentícios, onde se concentram pequenas atividades. Esta orientação difere do que acontece na Europa.
Rintaro Tamaki
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29 de junho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: opiniões variadas, suplemento Eu & Fim de Semana, um plano de estabilização incompleto
Um dos planos de estabilização monetária brasileira, considerado dos melhores do ponto de vista econômico, o Plano Real não conseguiu eliminar totalmente a inflação, como continua limitando as possibilidades de crescimento econômico. O suplemento Eu & Fim de Semana do jornal Valor Econômico traz diversos pontos de vista, onde acaba prevalecendo a ideia que não foram executadas todas as decisões necessárias, não permitindo que a inflação brasileira se mantivesse no patamar considerado razoável do ponto de vista internacional, ao mesmo tempo em que apresenta dificuldades para a manutenção de um crescimento econômico de um país emergente como o Brasil.
Um artigo elaborado pela competente jornalista Claudia Safatle, diretora-adjunta da redação do Valor Econômico, faz um apanhado geral que merece ser examinado com profundidade por todos que se interessam pela economia brasileira e seus problemas. Além de preservar ainda uma inflação que gira atualmente em torno de 6% ao ano, não se conseguiu proporcionar condições para o controle fiscal do país, nem uma situação de suas contas externas que permita um crescimento razoável de uma economia emergente. Levou o artigo a ter o título “Um plano inacabado”. Dois dos que colaboraram para a sua elaboração, Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, expressa a preocupação da volta da inflação, e Pérsio Arida, um dos principais elaboradores do Plano Real, também registra seu ponto de vista sobre a necessidade de uma moeda para a modernização da economia brasileira. E o professor Delfim Netto mostra que ainda o problema reside na questão fiscal, ao mesmo tempo em que o setor exportador foi sucessivamente sacrificado.
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28 de junho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: diálogos estratégicos e econômicos, dificuldades nos Estados Unidos e na China, esforços dos dois lados
Muitos artigos estão sendo escritos com frequência em diversos meios de comunicação internacionais sobre os esforços efetuados tanto pelos Estados Unidos como pela China para acomodarem suas diferenças. Stephen S. Roach, um conhecido estudioso do assunto da Universidade de Yale, publica no Project Syndicate um artigo que se refere ao atual Sexto Diálogo Estratégico e Econômico entre as duas maiores potências mundiais, cujas consequências acabam por repercutir por todo o globo. Estas reuniões de alto nível se repetem nos dois países, em locais reciprocamente escolhidos, e este artigo permite compreender parcialmente as principais questões existentes e suas complexidades. Os dois países estão amarrados em um abraço desconfortável numa codependência, como chamam os psicólogos, tendo começado em 1970.
Os atritos bilaterais atuais se espalham em diversas frentes: a segurança cibernética, disputas territoriais no leste e sul do Mar da China e a política cambial, que são as principais. Apesar das diferenças, o flerte começou quando a China estava balançando com os rescaldos da Revolução Cultural e os Estados Unidos atolados na estagflação. Desesperados para retomar os seus desenvolvimentos, os dois países celebraram um casamento de conveniência. A China foi competente em elevar suas exportações tendo os Estados Unidos como o maior importador. Os consumidores norte-americanos se beneficiaram dos produtos chineses de baixo custo, além de completarem suas baixas poupanças com os recursos provenientes da China.
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7 de junho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no China Daily, estratégia mundial chinesa, lembrando a Rota da Seda, reunião como os árabes em Beijing
Há que se respeitar a grande capacidade chinesa de formular novas concepções estratégias internacionais com uma visão de longo prazo. Na sexta reunião de nível ministerial do Fórum Para a Cooperação Sino-Arábe realizada em Beijing, o presidente Xi Jinging expressou que a Rota da Seda deveria ser a referência para esta colaboração. Todos devem ter em mente que a Rota da Seda foi o mais expressivo intercâmbio da história da Ásia, contando com a ativa participação do Oriente Médio na sua ligação com a Europa. A mesma concepção volta a ser colocada num momento crucial, quando os árabes estão deixando de merecer a devida atenção do Ocidente. A China está colocando explicitamente a sua intenção de se estabelecer uma nova aliança com os árabes, baseada nos pilares na colaboração na construção de uma infraestrutura para tanto, tendo como foto a cooperação na área energética de alta tecnologia, envolvendo a nuclear, aeroespacial e novas energias.
O assunto consta de um artigo publicado no China Daily com a participação do Xinhua, a agência oficial da China. A infraestrutura e a energia, com os investimentos e comércio, seriam os esteios das ligações deste amplo entendimento. Xi Jinping expressou que a próxima década será crítica para a China como para os países árabes, devendo expandir o volume de comércio dos atuais US$ 240 bilhões para US$ 600 bilhões. As empresas chinesas estão sendo encorajadas a investir em energia, petroquímica, agricultura, indústrias e serviços nos países árabes, dentro de um esquema que permita a transferência de tecnologias.
President Xi Jinping and other leaders attend the opening of the Sixth Ministerial Conference of the China-Arab States Cooperation Forum in the Great Hall of the People in Beijing on Thursday. [Photo / China Daily]
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5 de junho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: caso excepcional, desafios à frente, formações de Narendra Modi e Raghuram Rajan, não se conheciam
Todos sabem que a Índia é um país emergente pobre, com uma população perto de 1,3 bilhão, com grandes diferenças regionais e desafios imensos para acelerar o seu desenvolvimento ao mesmo tempo em que mantém uma inflação sob controle num nível razoável. Com a esmagadora vitória eleitoral do nacionalista Bharatiya Janata Party, o seu líder Narendra Modi, que tinha obtido sucesso no Estado de Gujarat, tornou-se o seu presidente. Ele tem uma formação na Índia com um curso de política obtido a distância na Universidade de Delhi e obteve o mestrado na Universidade de Gujarat, sem ter a oportunidade de cursos no exterior como muitos líderes hindus.
Escolheu para primeiro-ministro Raghuram Rajan, que exerceu por pouco tempo a presidência do Banco Central da Índia, procurando manter uma política monetária contracionista visando a redução da inflação que apresentava uma tendência de elevação, para voltar ao seu patamar normal. Ele estudou na prestigiosa MIT – Massachusetts Institute of Technology, ensino na igualmente cotada Chicago University e trabalhou como chefe de pesquisa no Fundo Monetário Internacional. Portanto, tem uma formação internacional como dos melhores profissionais da Índia. O seu ministro da Fazenda é Arun Jaitley, diplomado na Universidade de Delhi e foi um líder sindical.
Indian Prime Minister-designate and Hindu nationalist Bharatiya Janata Party leader Narendra Modi pays his respects at Rajghat, the memorial of Mahatma Gandhi, in New Delhi on May 26. © AP
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2 de junho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: diversas fontes, iniciativas nos Estados Unidos, o caso da China, soluções particulares em cada país
Ainda que continuem haver resistências, mesmo os grandes países poluidores, como os Estados Unidos e a China, acabam sendo obrigados a tomar iniciativas para medidas locais visando a redução do lançamento de poluentes no ar. No Estados Unidos, artigos como os divulgados no site da Bloomberg informam que, mesmo tardiamente, o governo Barack Obama procura aprovar no Congresso daquele país medidas que visem a redução do lançamento de poluentes, ainda que conte com as resistências que estão concentradas entre os Republicanos. Na China, informações da revista Science informam que o primeiro-ministro Li Keqiang se interessa pelo assunto, havendo autoridades regionais procurando tomar medidas concretas, diante dos insuportáveis níveis de poluição em diversas frentes, ainda que existam dificuldades para acordos globais como os propostos no âmbito das Nações Unidas.
Barack Obama, que teria prometido na campanha eleitoral iniciativas para a redução da emissão de gases estufa, esboça propostas concentradas nas usinas que ainda utilizam o carvão mineral para a geração da energia elétrica. Sua proposta parece propor um corte de 30% sobre os níveis de 2005 no país, até 2030, que é um prazo bastante longo. Até Michael R. Bloomberg, que foi o prefeito de Nova Iorque, escreveu um editorial sobre o assunto, pois ele já estava contrariado com a demora de uma ação do governo, principalmente quando a região daquela metrópole foi atingida pelo furacão Sandy.
Barack Obama Li Kequiang e Marcia McNutt, editora chefe do Science
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26 de maio de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Política | Tags: administração mais difícil, as manifestações de protesto, momento de perplexidade, numa das regiões politicamente mais desenvolvidas
Nos 28 países da UE – União Europeia houve eleições para a escolha dos seus representantes no Parlamento Europeu e o seu resultado foi chamado pelo Financial Times como uma Torre de Babel. Os partidos de protesto tiveram resultados mais contundentes na França, na Grécia e no Reino Unido, o que torna a administração da UE mais complexa. No Reino Unido, o UKIP – UK Independence Party que deseja retirar a Grã-Bretanha da UE venceu as eleições ficando com 27,5% dos votos, os conservadores do atual primeiro-ministro David Cameron em terceiro lugar com 24%, depois dos trabalhistas com 25%. Os partidos de protesto ficaram com 30% dos votos, quando tinham 20% até o presente.
Na França, a Frente Nacional, da Marina Pen, fez a campanha contra os imigrantes e ficou com 25% dos votos, quanto só tinha 3 dos 577 deputados no país, provocando uma humilhação ao presidente François Hollande, e na Grécia o Syriza, de Alexis Tsipras, posicionou-se contra a austeridade alemã e ficou em primeiro lugar com seis deputados. Os alemães acabaram como vilões da Europa, quando desejam a racionalidade.
Sede da União Europeia em Bruxelas
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