Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Perplexidade Com o Que Está Acontecendo Não é só no Brasil

21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: avaliações internacionais, muitos países ainda não entendem, paralelos com outros movimentos

Partilho da opinião de que se não temos parâmetros para comparar o que está acontecendo no Brasil com as manifestações de rua, ficamos sempre que somos muito diferenciados. Um importante artigo publicado hoje no The New York Times, elaborado por Simon Romero e Willian Neuman, ajudados por Taylor Barnes e Lucy Jordan, traz informações atualizadas até ontem à noite. Informam que até mesmo os dirigentes do Movimento Passe Livre estão perplexos com as repercussões, que já provocou o cancelamento da viagem de Dilma Rousseff ao Japão, convocando uma reunião de emergência do seu governo. O artigo faz alguns paralelos com o Occupy Wall Street que ocorreu nos Estados Unidos e pouco mudou aquele país no que há de fundamental. Tanto como outros que ocorreram na Índia, em Israel, nos países europeus como a Grécia e eles parecem alimentados por enfrentar estruturas políticas consideradas tradicionais, desafiando o partido do governo e até das oposições da mesma forma. As demandas são difusas deixando todos perplexos.

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Entrevistaram Mayara Vivian que tentava desde 2005 por os brasileiros na rua com apenas 15 anos, e que confessa que também desta vez esperava algumas centenas de pessoas nas manifestações convocadas, visando ridicularizar o aumento das tarifas dos transportes coletivos, que agora se transformou na total isenção de pagamento, com as catracas livres. Ela estava aturdida quando dezenas de milhares de manifestantes lotaram as ruas, sacudindo cidades de todo o País. Afirma que é como a tomada da Bastilha, devendo lembrar-se de que os primeiros líderes acabaram sendo atropelados pelos acontecimentos que se seguiram. O fato concreto é que encontraram um clima geral de insatisfações.

O artigo ressalta que os protestos das massas que foram acordadas têm se alastrado por outros temas – estádios caros, políticos corruptos, altos impostos e escolas de má qualidade – e se espalhou por centenas de cidades ontem à noite, com o aumento da sua ferocidade.

Segundo o artigo, um país que foi visto como uma potência em ascensão e democrático encontra-se abalado por uma revolta popular sem lideranças com um tema unificador: uma brava rejeição à política e aos costumes, às vezes de forma violenta.

A força e a intensidade das ruas surpreendem alguns entrevistados, admitindo que não seja um movimento que podem controlar, ou até um que desejem controlar. A violência pode representar um ponto de virada nos protestos, pois muitos acabarão se afastando.

O artigo relata a violência do que ocorreu em Brasília, chegando ao Congresso, atingindo o Itamaraty. Em Ribeirão Preto, um manifestante de 18 anos acabou morto, atingido por um carro que estava parado com as manifestações, o primeiro cadáver desde estes movimentos de massa, que só registravam prejuízos nos patrimônios públicos e privados.

No Rio de Janeiro, centenas de milhares de pessoas manifestavam dirigindo-se à Prefeitura até tomando cervejas. A reação policial foi utilizar gás lacrimogêneo e obrigando muitos a se refugiarem nos canais. Alguns afirmavam que a cidade estava sendo maquiada para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, havendo os que pedem os seus cancelamentos, para atender as necessidades populares com os mesmos recursos. Alguns ajustamentos acabarão sendo efetuados.

Muitas manifestações estão ocorrendo em cidades que sediam a atual Copa das Confederações, com críticas aos altos custos dos estádios, afirmando-se até que os impostos estão beneficiando astros como Neymar e Ronaldinho. Um manifestante segurava um cartaz afirmando que não teremos a Copa do Mundo, pois o gigante despertou.

Até a mídia tem sido atingida, com carros queimados e jornalistas atingidos. Uma imprensa alternativa está sendo alimentada pelo grupo chamado NINJA – um jornalismo independente e de ação narrativa, que filmam cenas dos movimentos com meios improvisados, divulgando pelas redes sociais. O artigo afirma que o termo Occupy é utilizado por alguns, rejeitados por outros para não confundir com as ocupações policiais das favelas dominadas pelos traficantes de drogas.

Os gastos com as competições internacionais, segundo os manifestantes, são sinais da existência de recursos para o atendimento de suas reivindicações, o que deixam as autoridades sem uma resposta adequada.

Mesmo as reduções das tarifas dos transportes já efetuadas não aplacam os manifestantes. Um professor da USP afirma que o movimento é extremamente difuso e não canalizada pelas instituições tradicionais. Todd Gitlin, professor de jornalismo da Universidade de Columbia, que estudou movimentos sociais, inclusive o Occupy e a Primavera Árabe, afirmou que é difícil saber exatamente o que detona o movimento mais amplo. Não existe ainda uma teoria para tanto.

Os ativistas brasileiros que estão no centro do movimento insistem que o que está acontecendo no Brasil não explodiu do nada. Ele teria sido decorrente de um duro trabalho como o Movimento do Passe Livre que começou em 2005, que atraiu cerca de 200 ativistas de todo o país. Mas, sem dúvida, contaram com o clima de insatisfação de parte importante da sociedade brasileira, principalmente da classe média alta.

Mayara Vivian afirma que foram aprendendo como organizar estas manifestações desde 2005, e sem a experiência acumulada não saberiam como definir o palco dos protestos, que conta com uma organização. Mas não podem explicar como um movimento modesto acabou provocando o fenômeno atual. “As pessoas finalmente acordaram”.

Ainda que este quadro ainda não seja completo, ajuda a compreender parte do que está acontecendo. Espera-se que as autoridades e os políticos brasileiros aprendam com as duras lições que estão sendo dadas pelas ruas.


Índia Comparada com a China por um Prêmio Nobel

21 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigo do Prêmio Nobel Amartya Sen, comparações da Índia com a China, o problema da educação

Quando um Prêmio Nobel como Amartya Sen, ele que é professor de economia e filosofia de Harvard, falando do seu país, a Índia, escreve um artigo publicado pelo The New York Times, é preciso prestar a devida atenção, pois a compara com a China, quando o Brasil pretende ser um país emergente que fique no mesmo grupo daqueles dois países. Principalmente quando ele trata de assuntos como os que as manifestações populares dos jovens brasileiros hoje estão procurando evidenciar. Ele afirma que a Índia moderna é, em muitos aspectos, um sucesso, e sua pretensão de ser a maior democracia do mundo não é algo irresponsável. A comunicação social na Índia é livre e vibrante e os hindus são os que mais leem jornais no mundo.

Em 1947, a expectativa de vida ao nascer na Índia era de 32 anos e passou para 66 anos, e sua renda per capita cresceu cinco vezes, cerca de 8 por cento ao ano, ficando somente abaixo da China. Sofreu uma desaceleração recente como todos os países. Mas ele indica que a prestação de serviços públicos essenciais no seu país deprime os padrões de vida e é limitante do seu desenvolvimento.

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Amartya Sen, que faz uma comparação da Índia com a China

A desigualdade nos dois países é elevada, mas a China vem fazendo muito mais que a Índia para aumentar a expectativa de vida, expandir a educação geral e de saúde. Segundo ele, a Índia dispõe de escolas de elite de diversos graus de excelência para os privilegiados, mas entre os hindus de 7 anos ou mais, quase um de cada cinco homens e uma em cada três mulheres são analfabetos. A maioria das escolas é de baixa qualidade e menos da metade das crianças sabem o mínimo de aritmética.

A Índia é o maior produtor de remédicos genéricos no mundo, mas o seu sistema de saúde é confuso. Os pobres precisam confiar na baixa qualidade da assistência medica privada, não havendo atendimento público para todos. Enquanto a China dedica 2,7% do seu PIB para os gastos do governo em saúde, a Índia somente 1,2%. Qualquer semelhança com o Brasil não pode ser considerada mera coincidência.

Segundo o autor, o fraco desempenho da Índia pode ser atribuído a sua incapacidade de aprender com os exemplos do chamado desenvolvimento econômico da Ásia, em que a rápida expansão da capacidade humana é tanto um objetivo em si mesmo e um elemento do crescimento rápido. Onde o Japão é um exemplo desde a Revolução Meiji em 1868, quando se objetivou extinguir o analfabetismo em poucas décadas. Certamente no Japão, os ensinamentos de Confúcio foram importantes.

Segundo o autor, apesar dos problemas de Segunda Guerra Mundial, o Japão deu exemplos de desenvolvimento que depois foram reproduzidos pela Coreia do Sul, por Taiwan, por Cingapura e outros países asiáticos. Mesmo no período de Mao, a China avançou a reforma agrária, educação básica e saúde, o que permitiu depois de 1980 uma enorme melhoria na sua posição na economia mundial.

Nesta comparação, a Índia, segundo o autor, tem se destacado na participação democrática, na liberdade de expressão e o Estado de direito, que ainda são aspirações dos chineses. A Índia não sofreu a fome desde a sua independência, mas a China sofreu a maior fome que matou cerca de 30 milhões de pessoas durante o desastroso Grande Salto de Mao, entre 1958-1961.

Segundo ele, os problemas das carências da Índia devem ser resolvidos com mais democracia, pois os sistemas não democráticos apresentam fragilidades inevitáveis, cujos erros são difíceis de serem corrigidos. O combate à desigualdade debilitante na Índia não se trata somente de uma questão de justiça social, mas dos retornos proporcionados pelos recursos humanos que vêm da melhoria das camadas inferiores da pirâmide socioeconômicas. As exportações da Índia de produtos de alguns setores dependem de recursos humanos bem preparados, em todas as classes.

Como os assuntos abordados são relevantes para as reflexões sobre o Brasil, a íntegra desse artigo do Prêmio Nobel Amartya Sen que é muito mais rico que este resumo pode ser acessado no: http://www.nytimes.com/2013/06/20/opinion/why-india-trails-china.html


Os Movimentos com Manifestações Sociais no Brasil

20 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Política | Tags: amplas manifestações populares, necessidades de organização de caráter político, o Movimento Passe Livre, outros exemplos

Os analistas mais experientes veem com alguma apreensão o futuro das manifestações que começaram a ser realizadas no Brasil a partir do Movimento Passe Livre surgido em São Paulo. Aproveitando o aumento das tarifas de ônibus, provocou-se uma explosão de entusiasmos envolvendo a participação de grupos heterogêneos insatisfeitos com a situação presente.

Lamentavelmente, como pode se ver nas manchetes dos principais jornais e televisões, os fatos mais dramáticos provocados pelos segmentos radicais ganharam destaque, apesar dos esforços para a sua contenção pelos mais moderados. Parece haver uma tendência para divisão entre moderados e radicais nas diversas manifestações que possam surgir, pois os temas já abordados são demasiadamente amplos.

Estes tipos de manifestações e entusiasmos já foram observados anteriormente, por exemplo, na Polônia com o chamado Solidariedad, que despertou a admiração mundial e esperança de grandes mudanças não só naquele país. Lech Walesa era o seu líder e começou a atuar a partir dos Estaleiros de Gdansk, tendo chegado à Presidência da Polônia com elevadas expectativas nacionais e internacionais. Mas ele não conseguiu consolidar o seu prestígio por muito tempo.

Algo parecido ocorreu com o movimento “Diretas Já”, que pretensamente diz ter provocado a derrubada do regime autoritário e o retorno da democracia no Brasil. Depois de diversas tentativas de conquistar o poder, os operários brasileiros a partir do ABC chegaram com Lula da Silva até a Presidência da República, apesar da oposição da classe média alta brasileira, de alguns segmentos empresariais, e dos receios do sistema financeiro. O PT – Partido dos Trabalhadores e os sindicalistas são considerados por muitos os responsáveis pela precária situação atual.

O fato marcante e incontestável é que na base do sucesso eleitoral de Lula está a forte redistribuição de renda. Utilizaram-se mecanismos de elevação dos salários a partir do mínimo e medidas assistenciais, que resultaram numa nova classe média. O sucesso permitiu até a eleição de Dilma Rousseff, ainda que ela fosse considerada uma tecnocrata. Portanto, parece necessário respeitar-se a democracia e os resultados eleitorais, utilizando-se do sistema político para a conquista do poder.

O Brasil não é o único país onde está ocorrendo manifestações populares. Hoje, em decorrência da crise mundial desencadeada a partir dos problemas do sistema bancário nos Estados Unidos a partir de 2007/2008, multiplicam-se as insatisfações e as manifestações populares em muitos países. Os movimentos populares se confundem com as dificuldades políticas, começando pela primavera árabe, e chegando até a Turquia, passando por crises repetidas no Egito.

No Brasil, os jovens, entre eles universitários e de famílias da elite, não vinham participando de forma marcante de qualquer atividade política por décadas. Agora, com o uso das redes sociais, conseguiu-se uma mobilização ampla, a partir do gatilho provocado pelo aumento das tarifas dos transportes coletivos. Conseguiram também o envolvimento e a simpatia de variados segmentos da sociedade gerando elevadas expectativas.

Para que o movimento aplaudido pela imprensa, por diversas classes da sociedade brasileira, e até por alguns setores do governo não se perca parece necessário que algumas medidas sejam tomadas para aproveitar o seu sucesso inicial.

Anuncia-se que muitas cidades estão provocando pequenas reduções das tarifas de transporte de massa, e outros se mostram dispostos a fazer esforços para tanto. Mas as reivindicações já se ampliaram para outros setores. Deve-se estabelecer mecanismos políticos para aproveitamento das aberturas conseguidas para as negociações. Primeiro, com os Poderes Executivos Federais, Estaduais e Municipais, através da consolidação de alguns diálogos iniciais. É necessário ter consciência que o atendimento de algumas demandas implicará na redução de recursos para outras. Existem as lamentáveis limitações econômicas insuperáveis, mas parece que existem alguns espaços para mudanças de participações nos recursos.

Em segundo lugar, parece recomendável que os políticos mais simpáticos a estas reivindicações sociais sejam contatados para a formação de um bloco como os já existentes na saúde, entre os evangélicos, os ruralistas e outros. Estes blocos, que são suprapartidários, possuem elevada eficácia, mais do que os partidos políticos tradicionais, que são exagerados em número e sem definições programáticas ou disciplinas internas.

Terceiro, apesar de as redes sociais (Facebook, Twiter etc.) serem relevantes, os meios de comunicação tradicionais como os jornais, as televisões, as rádios e as revistas devem ser incorporados no movimento. Deve-se aproveitar alguns participantes que estão se destacando pela sua elevada capacidade comunicativa.

Ninguém tem a capacidade de prever como tudo evoluirá no futuro, mas sem que as forças desencadeadas sejam canalizadas em sistemas politicamente organizados, as dificuldades serão maiores, pois nunca se conseguirá um consenso razoável entre todos os atuais participantes destas manifestações.

Existem riscos previsíveis para algumas tendências anárquicas que acabarão sendo esvaziadas com o tempo, pois qualquer sociedade necessita de organização. Os que provocam danos materiais, públicos ou privados, necessitam ser punidos. As manifestações parecem ser contra as impunidades, corrupções e gastos exagerados em investimentos que não são considerados prioritários.

As autoridades parecem atônitas. Nota-se pelas mudanças diárias de posição, como no uso das forças policiais necessárias, e na intensidade adequada. Elas não parecem treinadas para eventos amplos desta natureza. É preciso ser realista e pragmático, ainda que os sonhos sejam necessários. Vamos continuar acompanhando com elevado interesse a evolução destes acontecimentos que já contam com repercussões externas, que ampliam as cautelas com o Brasil, incluindo no radar os riscos políticos, lamentavelmente.


O Duro Aprendizado e Conservação da Democracia

17 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: a conservação dos seus fundamentos, aprendizado da democracia, esperanças no Irã, os problemas brasileiros, problemas nos Estados Unidos

Sempre é bom falar sobre as esperanças, ainda que tenhamos que enfrentar também as duras realidades. A secular Pérsia, atual Irã, passa por mais uma esperançosa transformação utilizando os sistemas democráticos, ainda que muitos entendam que ainda é prematuro falar na sua consolidação. O fato concreto é que o moderado Hassan Rohani, utilizando a televisão para apresentar suas ideias claras e seus programas sobre o que o seu país está necessitando, conseguiu ganhar as eleições no primeiro turno, obtendo a maioria de forma surpreendente para muitos. Seu corajoso comportamento criticou antes até o governo que está saindo, considerado autoritário, mostra que existem esperanças fundadas. Levando em conta a os acontecimentos recentes de algumas décadas, muitos se esquecem da longa cultura persa que possui uma invejável história de muitos milênios. Quando minha filha disse que viajaria sozinha pelo interior do Irã, recentemente, confesso que fiquei com alguma apreensão, mas seus relatos são de um povo de grande hospitalidade, que acolhe até os desconhecidos em suas modestas casas dividindo seus alimentos e, ainda na partida para outras jornadas, oferecem o necessário para estas viagens, sem nada pedir em retorno. Com isto, quero tentar ressaltar que as imagens que muitos fazem sem conhecer a realidade, ainda que parcialmente captada, pode se enganosa.

Todos estão expressando suas esperanças, inclusive revistas internacionais críticas como The Economist. Os profissionais que acompanham o que acontece no Irã, onde o seu petróleo é relevante no mundo, também revelam grandes esperanças, inclusive com diálogos com os Estados Unidos e seus aliados. Os que convivem com iranianos refugiados em Paris, por exemplo, aguardam que dias melhores chegarão à pátria dos seus amigos. Neste site, procuramos divulgar a gigantesca Ásia que poucos conhecem, a não ser pelos seus aspectos exóticos. Assim como o Brasil é só conhecido por alguns aspectos que chamam a atenção, como sua Amazônia, o carnaval, o futebol que todos esperam que melhore tornando-se competitivo com os mais respeitados no mundo. Apesar de todos os pessimistas que existem em todos os lugares, os brasileiros são reconhecidos como duros trabalhadores que sabem também viver com alegria.

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O Problema do Estádio do Pacaembu

15 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: assunto mereceu um editorial do Estadão, evolução inevitável, o sistemático descumprimento, os problemas das áreas tombadas, situações de fato

O prefeito Fernando Haddad anunciou que frente aos investimentos que seriam necessários para a preservação e o bom aproveitamento do Estádio Municipal do Pacaembu, hoje denominado Paulo Machado de Carvalho, optaria pela sua concessão ao setor privado por um longo prazo. Mas observam-se reações como a que está expressa no editorial do Estadão do dia 14 de junho, cujos controladores residem no bairro, que lutam pela sua manutenção como no passado. Na realidade, quando ele foi construído como parte do projeto urbanístico da região, São Paulo era bem diferente do que é atualmente. O tombamento de todo o bairro não está sendo obedecido, e praças como Charles Miller sofreram profundas modificações nos seus imóveis, com muitas agências bancárias operando no que antes eram residências. A FAAP – Fundação Armando Penteado também fez alterações e pretendia estender suas construções por toda uma quadra de forma organizada, no que foi impedida por movimentos que pretendem ser conservacionistas do antigo bairro, na forma que foi projetada pela Companhia City.

Isto não acontece somente no Pacaembu, mas em muitas outras áreas que foram construídas por empresários brasileiros com a ativa colaboração inglesa. Os famosos Jardins, onde São Paulo conta com boas áreas verdes e residências que não deram espaço para um exagero de edificações de prédios, deveriam ser preservados. Mas os tombamentos foram efetuados, em grande parte, somente por alguns, sem uma ampla consulta à comunidade, que não se sente solidária com algumas preservações que nem fazem sentido, diante da dura realidade que já se impôs à cidade por muito tempo.

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Estádio Municipal do Pacaembu em 1939 e em foto recente

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Confirmação da Visita de Dilma Rousseff ao Japão

15 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: encontros com o imperador e imperatriz, mudanças nos protocolos do Itamaraty, nota oficial do Ministério de Negócios Estrangeiros do Japão, reuniões com o premiê Shinzo Abe, visita de trabalho entre 26 a 28 de junho próximo

Uma nota oficial do Ministério de Negócios Estrangeiros do Japão divulgada no dia 14 de junho informa que Dilma Vana Rousseff, Presidente da República Federativa do Brasil, irá ao Japão numa visita de trabalho, entre os dias 26 de junho, quarta-feira, e o dia 28 de junho, sexta-feira. Durante a visita, ela efetuará uma entrevista de Estado a suas majestades imperiais, ao imperador e a imperatriz que oferecerão um almoço oficial em honra à presidente. O preimeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, também terá um encontro com ela, e oferecerá um jantar à presidente.

Este tipo de nota costuma ser anunciado reciprocamente pelo Itamaraty, mas tudo indica que a atual orientação do Gabinete da Presidência da República evita divulgar suas viagens, inclusive externas, ainda que seja de conhecimento de muitos em Brasília. Outro aspecto que altera os hábitos diplomáticos é que seria a vez do primeiro-ministro japonês visitar o Brasil, depois da última visita do presidente Lula da Silva.

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Presidente Dilma Rousseff e primeiro-ministro Shinzo Abe

Tudo indica que a visita de trabalho procurará estimular a participação japonesa no projeto de trem rápido no Brasil, que vai de Campinas, passa por São Paulo e terminará no Rio de Janeiro, que deverá ser licitado ainda nos próximos meses, inicialmente com o fornecimento da tecnologia e execução de sua operação. Numa segunda fase, seria licitada a construtora pesada que cuide da elaboração da infraestrutura física de engenharia pesada.

Outro assunto em pauta é o fornecimento de uma grande plataforma dos japoneses de apoio às atividades da Petrobras no pré-sal. Os japoneses vêm acelerando o fornecimento de tecnologia de construção naval para o atendimento local dos fornecimentos indispensáveis para as atividades offshore, tanto envolvendo o petróleo como o gás.

Existem outros interesses comerciais que estão sendo ativados entre os dois países, em que pesem as dificuldades enfrentadas pela economia mundial. O Japão procura ativar a sua economia, o mesmo acontecendo com o Brasil, e esta colaboração bilateral é de grande importância.

Tudo indica que Shinzo Abe deverá visitar o Brasil nos próximos meses, pois ele está agendado para estar presente em Buenos Aires quando se decidirá o local das Olimpíadas de 2020, onde Tóquio é uma forte candidata.


Manifestações de Insatisfações Sem Organização Política

12 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: acontecimentos na Turquia, fracasso dos partidos políticos, manifestações em São Paulo e Rio de Janeiro, primavera árabe, regimes com poucos diálogos | 4 Comentários »

Qualquer motivo, como a elevação das tarifas de transportes, acaba desencadeando manifestações populares violentas, como está se observando em São Paulo e no Rio de Janeiro, que começam a se organizar na forma de Passe Livre. As insatisfações populares generalizadas não conseguem ser captadas pelas organizações políticas que gozam hoje de baixa credibilidade, tendendo a tornar estas manifestações anárquicas. Aproveitam as situações onde as autoridades contam com menos disposição de diálogos com as massas, com reações policiais também violentas, como também se observa na Turquia, onde Taksin virou um campo de batalha. Imita-se o que ocorreu na chamada primavera árabe em vários países. E a mídia, principalmente eletrônica, espalha as imagens que proporcionam oportunidades para uma evidência imediata, mesmo momentânea daqueles que desejam aparecer.

Não parece ser preciso ser especialista em ciências políticas, sociólogos ou antropologistas para diagnosticar esta situação que ainda não é clara. A credibilidade das autoridades, quer seja do Executivo, do Legislativo e até do Judiciário, parece baixa. Os jovens que não se manifestavam por muito tempo acabam encontrando espaços para expressarem seus desejos de participação, ainda que inicialmente de forma quase anárquica, aproveitando a ampla gama de insatisfações, sem que haja propostas organizadas. A classe política está evidenciando o seu fracasso, sendo incapaz de organizar um sistema onde estas massas de insatisfeitos tenham uma forma de se expressar de forma democrática.

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Manifestações em São Paulo e  Rio de Janeiro contra aumento das passagens, e Taksin, na Turquia

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Ajustando Comportamentos Brasileiros

12 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: ajustamentos brasileiros, comportamentos nas economias desenvolvidas, o problema dos empregados domésticos

Diante da história brasileira que remonta aos períodos coloniais e da escravidão, as mudanças que estão ocorrendo recentemente no problema dos empregados ou empregadas domésticos mostram que há necessidades de mudanças radicais nesta cultura. Herdamos uma cultura consolidada ao longo de séculos que abusava do uso de empregados ou empregadas domésticos com baixos custos, fazendo com que os chamados patrões deixassem a maioria dos encargos domésticos com eles ou elas, quer seja com base num acerto mensal, semanal ou diário. Observando o que predomina nos países desenvolvidos da Europa, nos Estados Unidos ou países asiáticos como o Japão, onde tais empregados não estão disponíveis, nota-se que muitos destes encargos eram divididos pelos membros da família, pois o custo de contar com auxiliares era extremamente elevado, havendo facilidades para a execução de parte destas tarefas. É evidente que famílias muito ricas contam com empregados domésticos, mas em número hoje restritos.

Por exemplo, em muitos países os serviços de lavagens das roupas são executados em máquinas de lavar coletivas de um condomínio, ou em empresas de terceiros, inclusive com a sua secagem elétrica. Cada membro da família cuida da limpeza do seu quarto, e os serviços relacionados com as refeições domésticas costumam ser partilhados, sendo natural que crianças ou homens cuidem da preparação da mesa, ou da limpeza posterior às refeições. Há muitos casos de arranjos diferenciados, onde os homens cuidam até dos cuidados relacionados com os bebês, quando as mães necessitam de tempo, inclusive para trabalhos externos, principalmente entre os mais jovens. No Brasil, parece que se consolidou a cultura que estes trabalhos braçais deveriam ser inicialmente dos escravos, depois dos empregados, enquanto os patrões deveriam cuidar dos relacionamentos com seus amigos, do ócio e da cultura.

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Comportamento do The Economist Com o Brasil

10 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: imprensa livre, insistências críticas sobre o governo Dilma Rousseff, mas engajada, os mais capacitados para análises internacionais

Os democratas de todo o mundo aceitam que um dos sustentáculos deste sistema político é a imprensa livre, ainda que algumas críticas de seus órgãos sejam sistemáticas em decorrência de suas posições ideológicas. Os assinantes do The Economist ficam capacitados a terem acesso pela internet dias antes de sua distribuição, e estando no exterior, diante de dois artigos críticos com relação ao Brasil, um exame mais cuidadoso do texto publicado foi considerado conveniente para a formação de um conceito mais justo sobre elas. Depois de suas leituras, parece que existem espaços para apontar algumas distorções que muitos admitem nesta importante revista de repercussão mundial. Acaba-se reconhecendo que pretende que suas recomendações deveriam ser aceitas por todos, com o espírito do humor inglês característico.

Sente-se um rancor injustificado da revista com relação aos que não partilham de suas posições ideológicas, como muitos dos leitores do The Economist admitem. Mas, parece que contemplar com dois artigos o atual comportamento do governo brasileiro, parece um exagero, ainda que algumas das suas críticas sejam aceitáveis. É notória a admiração da revista ao elegante governo de Fernando Henrique Cardoso, contrastando com as críticas ao Luiz Inácio Lula da Silva, de humilde origem operária católica, e as à Dilma Rousseff que participou de ações guerrilheiras contra o regime autoritário, uma tecnocrata que conta com uma equipe modesta e numerosa de ministros. As capas da revistam mostram suas contrariedades, que não se resumem somente ao Brasil como as que já postamos relacionadas com a eliminação da pobreza absoluta, e também a atual que mostra o encontro de Barack Obama e Xi Jinping. Elas necessitam ser encaradas com humor, que não corresponde à elegância inglesa.

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Esforços na Redução das Tensões Internacionais

8 de junho de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: artigos sobre o assunto em muitos jornais, iniciativas da Coreia do Sul e do Norte, o encontro de Barack Obama com Xi Jinping, os esforços conjunto, outras aproximações dos japoneses com os chineses e coreanos

O mundo já está com muitos problemas e muitas iniciativas procuram reduzir as tensões que existem, por exemplo, no Extremo Oriente. A ascensão chinesa, do ponto de vista econômico, político e militar, geram tensões que necessitam ser controladas, e o encontro do presidente da China Xi Jinping com o presidente Barack Obama na Califórnia tem como objetivo principal encontrar formas de convivência. Os Estados Unidos continuam sendo o país mais importante, mas nas próximas décadas há possibilidades que seja ultrapassado pela China, que vem acelerando o seu desenvolvimento. E tudo isto gera tensões em todo o Pacífico, principalmente com os aliados dos norte-americanos. Mesmo que nem tudo seja possível, há que se encontrar novas formas de convivência diante desta dura realidade, sabendo que não existe mágica, mas as alternativas podem ser terríveis.

Da mesma forma, como sempre existem países que acabam radicalizando suas posições para enfrentar suas dificuldades internas, há que se encontrar formas para reduzir as tensões entre as Coreias do Sul e do Norte. No mundo, trata-se de um país que acabou sendo dividido pela guerra, cujo término não se consumou. Como a Alemanha conseguiu a unificação com a sua parte leste, muitos aspiram que um dia as Coreias sejam novamente unificadas, e todos os esforços teriam que ser feitos, ainda que dependam de muitos recursos e uma forte determinação política. Mas, é sempre bom ouvir que tentativas continuam sendo feitas.

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Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, e Xi Jinping, presidente da China

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Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, e o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un

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